Formado por mais de 30 surfistas, o projeto social Todas Para o Mar (TPM) reúne mulheres apaixonadas pelo esporte há quatro anos em Maracaípe, berço do surfe pernambucano. Idealizado pela surfista profissional Nuala Costa, o TPM atua em diversas áreas para a melhoria da qualidade de vida na região, localizada no município de Ipojuca, a 50 quilômetros da capital pernambucana.
A TPM teve sua origem em 2015 com a idealização da primeira edição do Maraca Surf Festival Feminino Open - ou simplesmente Maraca Surf Festival -, que é um evento dedicado à prática da modalidade por mulheres. A primeira edição do evento aconteceu em agosto de 2016. A partir de sua segunda edição, em 2017, o evento passou a ocorrer sempre no final de semana mais próximo ao Dia Internacional da Mulher (8 de março). A marca do evento e do projeto como um todo é a promoção do empoderamento feminino.
“O evento já é tradicional. As pessoas já ficam na expectativa de que ele ocorra por ser um evento único no Brasil, que abrange todas as categorias para o feminino. Não apenas surfe, mas long board, body board e stand up também”, como descreve Nuala Costa.
Com o crescimento do evento, a TPM conseguiu extrapolar os limites do estado. O projeto já conta com colaboradores de vários estados do Nordeste. “Atualmente temos meninas em Alagoas, Ceará e Bahia, pois como é um movimento, nossas ações permitem que nos alinhemos a vários outros projetos sociais com o intuito de abraçar o maior número de mulheres possível”, conta Nuala.
Diversas integrantes do grupo atuam como surfistas profissionais, com títulos e números expressivos em competições regionais e nacionais. “Na verdade, o projeto TPM tem as melhores surfistas competidoras de Pernambuco. Estão conosco a Gabi Cavalcanti (atual líder do circuito pernambucano), Nicole Santos (campeã pernambucana mirim em 2017), Monique Santos (vencedora de uma etapa da WQS - etapa do circuito mundial de surf), Paulinha Mourão (bicampeã pernambucana), Ramayana Silveira (tricampeã pernambucana), então, quase todas as competidoras de Pernambuco estão com a gente”, esclarece a idealizadora do projeto TPM.
Obstáculos
Mas como nem tudo são flores, o projeto também encontra dificuldades em arrecadar patrocínios, tanto para a participação das suas competidoras nos torneios como para a realização do Maraca Surf Festival, competição encabeçada pela TPM. O que está viabilizando financeiramente ações desenvolvidas são as parcerias feitas com as artesãs locais, que fazem parte da rede empoderadora proposta pela Todas para o Mar.
“As marcas de patrocínio não olham para nós (mulheres) com tanta seriedade, principalmente no Nordeste, mas como somos muitas e entre as nossas parceiras têm ‘minas’ que fazem biquínis e bolsas, temos artesãs, então nos juntantos e fazemos um grande evento apenas contando com a nossa mão de obra, pelo menos, até que chegue a hora de conseguirmos um bom patrocínio para fortalecermos o evento como um todo”, coloca Nuala.
“Já temos alguns apoios conosco, a nível local, mas continuamos buscando grandes patrocínios, pois temos como objetivo o crescimento do evento (Maraca Surf Festival) e abranger atletas do Brasil inteiro. Outra grande dificuldade é a falta de apoio, especialmente das secretarias, especialmente o financeiro”, completa Paula Mourão, integrante do projeto TPM”.
Pensando no futuro
Visando a manutenção da tradição esportiva na região, bem como a melhoria da qualidade de vida das crianças de Maracaípe, a Todas Pelo Mar promove uma escolinha de surf para meninas entre 8 e 16 anos. As aulas acontecem segunda, quartas e sextas pela manhã, para meninas que estudam à tarde. Para quem estuda à tarde, as aulas são aos sábados e domingos pela manhã, no Pontal de Maracaípe. O espaço e o material são cedidos pela Pontal Water Sports, escola de surf da região que é parceira do projeto.