O Sport extrapolou todos os prazos concedidos pela Fifa em relação à dívida pela compra do atacante André junto ao Sporting-POR em 2017. Assim, está impossibilitado de registrar jogadores por três janelas de transferências europeias (ou um ano e meio) enquanto não efetuar o pagamento de 907 mil euros (R$ 6,2 milhões de acordo com a cotação da última quinta-feira). Por isso, o clube segue em busca de um empréstimo para quitar o débito - algo que estava perto de ocorrer até a pandemia do coronavírus.
Por conta do imediatismo atual do Leão em saldar a dívida com os portugueses e, enfim, tirar o nome do clube dos tribunais da federação internacional, o Sport, atualmente, não tem o receio de perder pontos na Série A - competição que ainda não tem data para ser iniciada - por conta desta inadimplência. Quem garantiu tudo isso foi o vice-presidente jurídico rubro-negro, Manoel Veloso, em entrevista ao Diario de Pernambuco.
“Quando o futebol voltar, iremos para o mercado novamente tentar formalizar o empréstimo que estava encaminhado e pagaremos o Sporting-POR. Pagar. Não tem acordo com o Sporting-POR”, iniciou, traçando um paralelo com o caso vivido no Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) no começo do ano.
“Perdemos todos os prazos. Uns sete. Essa dívida está vencida. Tanto com a Fifa como com o Sporting-POR. O Sport não tem (mais) prazo. É a mesma coisa da CNRD de Mark González: enquanto eu não pagar, não registro”. Como a dívida é em euro, aliás, a cotação da moeda será a registrada no dia da eventual quitação por parte do Sport.
Perda de pontos?
Um dos fatores que o clube se apega, atualmente, para não correr risco de perder pontos é o fato de ter evitado entrar com outro recurso na entidade máxima do futebol, uma vez que, assim, poderia haver a chance de a sanção do Sport ser aumentada além da impossibilidade de inscrever jogadores.
“Por que não recorremos de novo para ganhar alguns meses? Porque se fizéssemos isso correríamos risco de sofrer uma punição mais severa como a do Cruzeiro. Já pensou começarmos a Série A como menos seis pontos?”, indagou Manoel Veloso. A possibilidade de a Fifa ampliar a pena não diz respeito apenas a uma releitura do caso, mas também a uma análise que a entidade pode fazer sobre a postura dos clubes em questão.
É isso o que afirma as diretrizes do órgão. “O Comitê de Status dos Jogadores, a RDC, o Juiz Único ou o juiz da RDC (conforme o caso) decidirá também sobre as consequências da falta de pagamento dos valores relevantes em devido tempo”, diz um trecho. “Uma dedução de pontos ou rebaixamento a uma divisão inferior também pode ser ordenada, além de uma proibição de transferências em caso de falha persistente, ofensas repetidas ou infrações sérias”, complementa outro trecho.
Ou seja, a Fifa pode avaliar que, com o recurso, houve apenas uma tentativa de adiar o pagamento e, assim, postergar gratuitamente o imbróglio judicial. Algo que ocorreu com o clube mineiro - que deve mais de R$ 80 milhões a quatro clubes na entidade internacional desde 2014 - e que não é o caso do Sport, segundo o vice-presidente jurídico, voltando a bater na tecla que o Leão deseja quitar este débito muito brevemente.
Ou seja, a Fifa pode avaliar que, com o recurso, houve apenas uma tentativa de adiar o pagamento e, assim, postergar gratuitamente o imbróglio judicial. Algo que ocorreu com o clube mineiro - que deve mais de R$ 80 milhões a quatro clubes na entidade internacional desde 2014 - e que não é o caso do Sport, segundo o vice-presidente jurídico, voltando a bater na tecla que o Leão deseja quitar este débito muito brevemente.
“O Cruzeiro tem sido um não pagador contumaz. A Fifa entendeu que essa inadimplência não é só questão financeira, enfim, eles que analisam a situação. Precisamos pagar tanto para que não precisemos recorrer e a penalidade exceda, como para que o Sporting-POR pare de discutir isso na Fifa”, explicou Manoel Veloso.
“Não tememos essa penalidade de perda de pontos hoje porque queremos pagar o mais rápido possível. Mas caso demoremos e finjamos que ela não exista, não sei o que pode ocorrer amanhã. Hoje o Sport não teme essa punição porque iremos pagar o valor. Precisamos pagar para que essa matéria não fique nos corredores da Fifa e o clube de Portugal siga reclamando”, finalizou.
O caso
O Sport adquiriu 50% dos direitos econômicos de André junto ao Sporting-POR em fevereiro de 2017, por 1,2 milhão de euros (R$ 4 milhões de reais na cotação da época). No entanto, não efetuou o pagamento, nem quando vendeu por R$ 10 milhões ao Grêmio um ano depois - por isso a chateação dos portugueses, enfáticos em não conversar com o Leão. Desde 2019, entretanto, o rubro-negro vem tentando chegar a um acordo.
Envolto em crise financeira, a direção rubro-negra viajou para Lisboa no ano passado, mas sem sucesso. O clube ofereceu também direitos econômicos dos pratas da casa Adryelson e Juninho, novamente sem êxito. Até via CBF o Leão costurou chegar a um denominador, mas o Sporting-POR seguiu mostrando-se relutante.
Em janeiro deste ano, o Sport foi acionado pelo clube português na Fifa. Mais tarde, no início de março, o Leão foi oficialmente notificado com 45 dias para pagar. Ao fim deste prazo, no dia 18 de abril, o Leão havia ganho mais um mês, mas seguiu sem levantar recurtos para pagar.
Atualmente, André segue no clube gaúcho, mas está encostado do elenco e inutilizado pelo técnico Renato Gaúcho, figurando na lista de negociáveis da equipe.
Atualmente, André segue no clube gaúcho, mas está encostado do elenco e inutilizado pelo técnico Renato Gaúcho, figurando na lista de negociáveis da equipe.