A análise desta quinta-feira fecha uma espécie de trilogia em torno do último movimento do Sport para tentar evitar o rebaixamento. Na terça-feira, o texto “Cacos” apresentava o colapso administrativo, financeiro e político do clube - agravado com a intervenção da presidência para forçar o pedido de demissão do técnico Eduardo Baptista e do vice-presidente de futebol, Guilherme Beltrão com toda sua direção. Era o primeiro ato de um roteiro que levaria à contratação do treinador Milton Mendes e a reintegração dos afastados (ou, pelo menos, isolados) Fellipe e Michel Bastos. Na quarta-feira, o texto “Último tiro” analisava as razões para apostar em um técnico controverso e fora do mercado há um ano, além de apontar as prováveis mudanças na equipe. Hoje a série termina com o foco saindo do Sport e indo para os adversários diretos na luta pela permanência. Afinal, eles são parte fundamental do planejamento de sobrevivência rubro-negra.
Os piores recortes
Na frieza matemática, a chance de permanência do Sport parte de um aproveitamento acima de 50% nas últimas 12 rodadas. Um desempenho semelhante ao do Atlético/MG, sexto colocado. Esta é a forma mais dura de encarar a realidade e o tamanho da dificuldade. Outro recorte extremamente crítico é perceber que a campanha da fase pré-Copa do Mundo (18 pontos em 12 partidas) não é suficiente para garantir a permanência. De acordo com as projeções do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais, o time que terminar com 42 pontos terá 43% de risco de rebaixamento. Ou seja, para atingir uma margem mais segura de pontuação, o Sport de Milton Mendes precisa ter um desempenho superior ao de antes da paralisação que comprometeu o trabalho de Claudinei Oliveira. Por erros de planejamento e leitura da realidade do próprio técnico - e pela falta de ação da diretoria no mercado diante da limitação de investimento. Como restam apenas seis jogos na Ilha do Retiro, o Leão teria que ser perfeito em casa e ainda somar alguns pontos fora para aumentar sua margem de segurança.
O mapa dos pontos
Antes da partida contra o Palmeiras, cheguei a traçar aqui um planejamento de pontuação dividido em quatro blocos de jogos. Com a derrota de domingo, a conta para chegar aos 44 pontos (95% de chance de permanência, de acordo com a UFMG) ficou da seguinte forma:
Bloco 1: Atlético/MG (fora), Inter (casa) e Atlético/PR (fora): 4 pontos
Depois da derrota para o Palmeiras, esse recorte ficou complicadíssimo e agora depende de um efeito imediato do trabalho de Milton Mendes.
Bloco 2: Vasco (casa), Ceará (casa) e Vitória (casa): 9 pontos
Esta é a sequência da sobrevivência. Três adversários diretos em casa. Qualquer tropeço nestes jogos praticamente sela o rebaixamento.
Bloco 3: Flamengo (casa), Santos (casa), Chape (fora) e Fluminense (fora): 7 pontos
Os jogos em casa são difíceis, mas caso já tenha passado com sucesso pelas etapas anteriores, o nível de desempenho e o grau de confiança serão outros. Em compensação, as duas partidas fora são factíveis de pontuação.
Bloco 4: Grêmio (fora) e São Paulo (fora): Nenhum ponto
Se precisar de pontos nesses jogos é porque algo acima deu errado e aí vai ser difícil recuperar contra dois dos melhores clubes do país, brigando pelo título.
Os outros
Dizem que a grama do vizinho é sempre mais verde. Neste caso, entretanto, é o oposto. Arrisco dizer que a maior esperança do Sport está acima dele. Considerando que o rebaixamento do Paraná está sentenciado, restam três vagas. Com exceção do Ceará, em alta e jogando um grande futebol, os outros patinam. Chama a atenção, por exemplo, o Bahia - cinco pontos acima, mas com uma campanha igual à do Sport no returno (4 pontos). O detalhe é que três deles vieram sobre o próprio Leão em um jogo onde os rubro-negros tiveram um desempenho superior no primeiro tempo. O Tricolor tem pela frente uma sequência com apenas um jogo fácil: Flamengo (casa), Grêmio (fora), Paraná (casa), Botafogo (fora) e Corinthians (fora).
O Vitória tem graves problemas técnicos. Um elenco frágil que ganhou oxigênio com resultados que não traduziram o desempenho. Nas próximas 5 rodadas enfrenta Inter (fora), Santos (casa), Chape (fora), Corinthians (casa) e São Paulo (casa). Sete pontos acima do Sport, o América/MG tem a tabela ainda mais complicada: Corinthians (casa), Atlético/MG (fora), Atlético/PR (fora), Grêmio (casa) e Chape (fora). Apesar da boa pontuação, o time de Adílson Batista tem sérias limitações técnicas e funciona, basicamente, quando atua muito fechado. Os três times mais próximos (Ceará, Chape e Vasco) têm uma série de confrontos diretos e ainda enfrentarão o próprio Sport - o que abre a brecha para diminuir a distância nesses confrontos.
O Vitória tem graves problemas técnicos. Um elenco frágil que ganhou oxigênio com resultados que não traduziram o desempenho. Nas próximas 5 rodadas enfrenta Inter (fora), Santos (casa), Chape (fora), Corinthians (casa) e São Paulo (casa). Sete pontos acima do Sport, o América/MG tem a tabela ainda mais complicada: Corinthians (casa), Atlético/MG (fora), Atlético/PR (fora), Grêmio (casa) e Chape (fora). Apesar da boa pontuação, o time de Adílson Batista tem sérias limitações técnicas e funciona, basicamente, quando atua muito fechado. Os três times mais próximos (Ceará, Chape e Vasco) têm uma série de confrontos diretos e ainda enfrentarão o próprio Sport - o que abre a brecha para diminuir a distância nesses confrontos.