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ENTREVISTA

Wanderson Lacerda responde sobre o futuro do Sport: "O Pernambucano é importante para mim"

Candidato à presidência executiva pela oposição fala sobre suas ideias para comandar o clube no próximo biênio caso vença a eleição de sexta

postado em 13/12/2016 09:00 / atualizado em 13/12/2016 18:45



Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
Presidente do Sport por três mandatos consecutivos (1991-1996), o empresário Wanderson Lacerda volta a disputar uma eleição para presidência rubro-negra após 16 anos. Na última, em 2000, foi derrotado por Luciano Bivar. Agora, novamente no papel de oposição, garante ser o representante das lideranças afastadas. Nessa entrevista ao Podcast 45 Minutos não nega o papel de opositor, com criticas à atual gestão e posturas distintas com relação ao candidato da situação. Principalmente no que diz respeito ao Campeonato Pernambucano. Também fala sobre a composição da diretoria de futebol, da possibilidade de permanência de Daniel Paulista como técnico e a relação com as organizadas. 

O que levou o senhor a ser candidato a presidente do Sport?
O motivo de ter entrado nessa campanha foi uma série de acontecimentos e a insistência de vários amigos. Houveram costuras políticas sem a devida consulta às várias lideranças do clube. Esse processo nunca poderia ter começado em uma sala com ar condicionado com três ou quatro pessoas. Deveria ser algo mais amplo. E o presidente Martorelli, em momento algum, procurou essas lideranças, que foram ex-presidentes do clube ou do conselho. Essas pessoas não foram consultadas. O motivo da nossa chapa foi um insurgimento perante a forma como processo eleitoral foi conduzido até aquele momento. 

Sua candidatura reúne várias correntes políticas do clube e que tem como ponto em comum a oposição à atual gestão. Mas essa composição é viável na prática? 
Trabalhei no clube de 1991 a 2000 em um regime extremamente democrático e sabendo escolher as pessoas que nós gostaríamos de trabalhar. Passei dez anos no comando do clube, sendo seis como presidente e quatro como vice, na mais perfeita harmonia possível. E o resultado disso foram as conquistas dentro de campo, com títulos e jogadores na seleção brasileira, e também na parte patrimonial. Nesse período o Sport foi convidado a participar do Clube dos Treze. E na atual composição, a exceção de Milton Bivar (candidato à vice), todos já trabalharam comigo. Teremos uma administração unida, mas não sei se na chapa da situação teremos o mesmo. Eu particularmente acho difícil já que algumas pessoas tiveram sérios problemas entre elas. Quando vejo o projeto da concorrência, até o cabeçalho eles copiaram do nosso. Nós não imitamos ninguém, criamos coisas novas como a vice-presidência feminina, o portal da transparência, a vice-presidência de operações e vamos construir uma parte de convivência para os sócios. 

Qual a sua visão sobre o profissionalismo no clube? O seu vice de futebol, Fred Domingos, chegou a falar que alguns profissionalismos não cabem ao Sport. 
O que Fred quis se referir, e eu conversei com ele sobre isso, foi sobre o profissionalismo não do clube, mas de um setor do clube, que no caso foi o executivo de futebol (André Zanotta). Ele não concordou com o profissionalismo daquela pessoa. E mais profissional no Sport do que eu, vou ser muito franco, não tem. Quando assumi o clube não havia nada profissional. A nossa primeira atitude foi escolher um diretor financeiro remunerado. Torneio profissional também vários outros departamentos. Mas a nossa gestão não será de caça às bruxas. Tudo o que houver de bom hoje nós vamos manter.

Como será a formação do seu departamento de futebol?
Você escolhe um grupo de trabalho pelo currículo e o de Fred Domingos é invejável. Ele foi o vice-presidente campeão brasileiro de 1990 (da Série B) e trabalhou comigo de 1991 a 2000, sendo vice presidente de engenharia na construção da curva da arquibancada da Ilha que leva o meu nome. Em 2003 foi campeão com Branquinho na presidência e trabalhou comigo no acesso à Série A em 2011. Costinha (diretor de futebol da chapa) trabalhou ao lado do candidato ao Conselho (Homero Lacerda, pela situação) em 1987 (no título brasileiro). Essas pessoas têm história. Sobre o cargo de executivo de futebol sou de acordo. Por sinal, o primeiro executivo de futebol do Sport foi Adelson Wanderley. Não troco um Adelson por um Zanotta.

Qual será o perfil do seu treinador?
Futebol é dinâmico. Não sei o que se passa na cabeça de Daniel Paulista, o que ele pretende, se ele tem proposta para ser treinador de outro clube. Mas o perfil que estou traçando é do Daniel Paulista. Temos que sentar com toda a diretoria de futebol e fazer uma análise. Mas Daniel em oito jogos cresceu para o futebol brasileiro. Hoje tem muitos times que não tem um treinador que preste. Ele seria o plano A, mas se não tiver acordo o plano B já está comigo.

Em 2017, as semifinais do Campeonato Pernambucano devem chocar com a estreia na Sul-Americana. Qual será a prioridade?
As brincadeiras e gozações entre Sport, Náutico e Santa Cruz e às vezes com o Central foram criadas há mais de 100 anos por causa do Campeonato Pernambucano. Não temos rivalidade com o Botafogo-PB, nem com o CRB. A nossa rivalidade é com os times de Pernambuco e ela não pode ser simplesmente quebrada. O Pernambucano é importante para mim. Do contrário não vamos manter a geração de torcedores para o futuro. Todas as competições serão priorizadas. Tudo vai depender do que a tabela me dê. Posso colocar 50% do time titular em um jogo e 50% em outro. O que tenho que ter é um grupo. Se tiver 18 jogadores com condições de serem titular posso disputar as duas competições sem problemas. Jogador de ponta é uma coisa, salário de ponta é outra.

Qual será a sua relação com a Torcida Jovem?
Nosso relacionamento com as torcidas organizadas será nível A. Menos com a Jovem, que não é um problema de Wanderson Lacerda e sim do Ministério Público. O que o presidente Martorelli tinha que fazer foi feito e está de parabéns. Na nossa administração tudo será mantido na íntegra. Não se arredará uma vírgula. O que não posso é proibir, como ele proibiu, a entrada de torcida como a Treme Terra e a Bafo do Leão. Sempre trabalhamos com torcidas aliadas, não com marginais.
 
Para ouvir a entrevista completa acesse Podcast 45 Minutos.