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ENTREVISTA

Arnaldo Barros responde sobre futuro do Sport: "O que está em jogo não são nomes, e sim ideias"

Candidato à presidência executiva do Sport fala sobre erros da atual gestão e propostas para tocar o clube no próximo biênio caso seja eleito

postado em 13/12/2016 09:00 / atualizado em 13/12/2016 18:45



Peu Ricardo/Esp. DP
Atualmente acumulando os cargos de vice-presidente de clube e de futebol, o advogado especialista em direito trabalhista, Arnaldo Barros, parecia a escolha óbvia da diretoria do clube para concorrer à sucessão do atual mandatário e amigo João Humberto Martorelli. No entanto, em meio a luta do Sport contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, teve o seu nome confirmado no pleito há apenas 15 dias. Nessa entrevista ao Podcast 45 Minutos, o dirigente faz um balanço da atual temporada, reconheceu erros e traçou estratégias para a próxima temporada, caso seja eleito.

O que levou o senhor a ser candidato a presidente do Sport?
Sempre imaginei que eu não tinha o perfil para um evento eleitoral, mas a única entidade que me faria submeter a um processo eleitoral seria o Sport tamanha a honra e satisfação de poder ficar a frente do maior clube do Norte e Nordeste. É uma realização pessoal tremenda, mas com toda franqueza não passava pelas minhas pretensões. O ônus é da mesma dimensão da honra. Mas em determinado momento surgiu a possibilidade do meu nome ser um consenso entre as correntes políticas. Esse consenso, no final, não durou 12 horas. Mas ai meu nome já estava colocado.

Qual a avaliação do futebol do Sport em 2016. Houve mais acertos que erros, como o senhor chegou a afirmar? 
Quando falei de mais acertos que erros não era só em termos de contratações, mas no geral da administração do futebol. É claro que muitas das contratações foram erradas. Algumas como Maicon (lateral direito), Christianno (lateral esquerdo) e Jhonathan Goiano (atacante) eu não concordei. Já Serginho (volante) tenho que assumir que foi um jogador que concordei com a vinda até porque ele era pleiteado desde a época de Eduardo Baptista. Mas é claro que houveram erros e eles foram gravíssimos porque quando eles são cometidos no decorrer da competição podem se atenuados, mas quando ocorrem na formação do elenco podem comprometer a temporada, como ocorreu. No final, a permanência do Sport na Série A e a classificação para a Sul-Americana, dentro do contexto, foi algo acalentador. 

Como será a formação do seu departamento de futebol?
Minha gestão será compartilhada. Eu gosto de trabalhar em equipe. Vamos continuar tendo um executivo de futebol. Não tem sentido retroceder e voltarmos ao período dos amadores. A linha profissional vai continuar e vamos aprimorar criando um centro de inteligência para assessorar o trabalho desse executivo, cuja função não se restringe a indicar jogadores. Ele faz a gestão completa com relacionamento com atletas, comissão técnica, departamento médico, administração do clube, empresários e dirigentes de outros times. Nessa estrutura também teremos o vice-presidente de futebol, não remunerado, que vai fazer a gestão das pessoas que compõem o departamento de futebol, que também terá três ou quatro diretores, também não remunerados. Temos que ter serenidade para escolher esses nomes, que passarão pela composição política da nossa chapa. É claro que Homero Lacerda e Gustavo Dubeux vão ter participação importantes com aconselhamentos, mas Homero está concorrendo ao cargo de presidente do Conselho e Dubeux a vice do executivo. E não pretendo que acumulem cargos.

O atual executivo, André Zanotta, permanece?
Ninguém trabalhou de maneira possível esse ano. Inclusive eu e evidentemente o Zanotta, que falhou também. O caso Auro (lateral contratado junto ao São Paulo, mas que não poderia atuar pelo Sport por problemas de documentação) foi um erro imperdoável e grave. Mas ele tem contrato até o dia 31 de dezembro e quem vai decidir é o grupo. Eu tenho minha opinião e vou externá-la no momento apropriado.

Em 2017, as semifinais do Campeonato Pernambucano devem chocar com a estreia na Sul-Americana. Qual será a prioridade?
O Sport mudou de patamar. Na minha visão, o Sport não pode se conformar com o título de campeão pernambucano, que vale apenas para aqui. Não vejo o estadual da mesma forma que outros viam. Mas não estou decidindo nada. Como disse, a minha gestão será compartilhada. Porém, defendo disputar o Pernambucano com jogadores emergentes e atletas do sub-20, com um ou outro jogador que não esteja performando no time principal. E, inclusive, com duas comissões técnicas. E defendo isso, independentemente do Sport estar na semifinal ou final do Estadual. A prioridade tem que ser as competições principais, que são a Copa do Nordeste e a Sul-Americana.

A atual diretoria foi muito criticada por um certo isolamento político. O senhor concorda com isso? E como mudará isso?
Concordo que houve um isolamento político. O presidente Martorelli é um homem que também gosta de trabalhar em equipe, mas em determinado momento foi necessário tomar esse isolamento porque o Sport precisava de alguém de coragem para tomar certas medidas impopulares, que feriam os interesses de algumas lideranças. Como a demissão de funcionários, o corte de vice presidências e o combate às organizadas. E a gente sabe da vinculação que essa organizada tem com a outra chapa, com integrantes da Torcida Jovem presentes na festa de lançamento da chapa. Mas acredito que isso seja apenas um episódio eleitoral e eles também vão combater isso. A comunidade rubro-negra e a justiça não aceitam isso. Mas não pretendemos continuar com esse isolamento. Martorelli já limpou e diminuiu o que tinha para ser diminuído. Não tenho nenhuma rusga ou críticas pessoais a ninguém da outra chapa. Mas o que está em jogo não são nomes e sim ideias.
 
Para ouvir a entrevista completa acesse Podcast 45 Minutos.