De portões fechados, contra o Decisão, no Arruda, no dia 15 de março, o Santa Cruz vencia por 2 a 1 e garantia assim o primeiro lugar da fase classificatória do Campeonato Pernambucano, com uma rodada de antecedência. Resultado que também assegurou a vaga nas semifinais. Porém, por conta da pandemia do novo coronavírus, todas as expectativas corais ficaram suspensas com as paralisações das competições.
Para destrinchar as consequências do período sem atividades no Tricolor, a reportagem do Diario de Pernambuco fez um balanço do que aconteceu na Cobra Coral neste primeiro mês de inatividade e indefinições.
Atividade
Oficialmente, o Santa Cruz suspendeu todas as suas atividades no último dia 17. De lá para cá, adiou-se em duas vezes a data da reapresentação do elenco, uma vez que a contaminação do novo coronavírus segue em crescente em Pernambuco e o clube, diferentemente do que fizeram os rivais Náutico e Sport, não antecipou as férias do elenco.
Sendo assim, apenas os funcionários da empresa terceirizada responsável por cuidar do gramado do estádio, estão trabalhando no Arruda. De acordo com Victor Pessoa, engenheiro à frente das obras e integrante do núcleo gestor do Santa Cruz, a manutenção do gramado vem sendo feita semanalmente.
Finanças
Se comparado com os rivais do estado, Sport e Náutico, ambos em uma divisão superior, disputando as Séries A e B, respectivamente, a dificuldade do Santa Cruz é ainda maior. Isso porque, na Série C, o Tricolor não dispõe de cotas de televisionamento.
Neste primeiro mês sem futebol, o Tricolor viu dois mil, dos cinco mil sócios titulares adimplentes, desligarem-se do clube. Uma perda que equivale a pouco mais de R$ 100 mil, segundo o vice presidente de marketing do Santa Cruz, Guilherme Leite.
Outra perda de receita foi com relação aos patrocinadores. Três deles, Ilumi, JBS e Krona cortaram em 50% o repasse feito ao clube nos próximos três meses. Um déficit de aproximadamente R$ 60 mil. No entanto, há a promessa desses valores suspensos serem recompensados de forma diluída entre julho e dezembro.
Por outro lado, com o Arruda sem funcionar, o Santa Cruz reduziu em R$ 120 mil as despesas mensais com o departamento de futebol. A economia de gastos, no entanto, não deve ser vista de forma tão purista, alertou Fred Dias, diretor de futebol da Cobra Coral. Uma vez que, segundo ele, na medida em que o clube vai desafogando custos, também vem perdendo sucessivas receitas.
Também neste período, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em uma medida emergencial, doou R$ 200 mil aos clubes da Série C. Valor que significa um ‘primeiro passo’, de acordo com o presidente do Santa Cruz, Constantino Júnior, uma vez que o pedido inicial encabeçado pelos times da Terceira Divisão era de R$ 250 mil mensais, por um período de três a seis meses.
Elenco
Aqui, a parte menos movimentada do Santa Cruz durante este primeiro mês. Isso porque a diretoria admitiu que a prioridade seria honrar os compromissos com os seus funcionários e qualquer outra questão fora disso estaria em segundo plano. Assim, as buscas por contratações seguem paradas. Situação que o mandatário da Cobra Coral, Constantino Júnior, admitiu que deve permanecer inalterada até que se normalize o calendário.
Entre as situações resolvidas estão a definição de não antecipar as férias dos atletas, diferentemente do acordo feito pelos clubes das Séries A e B, que estenderam a bonificação até o dia 31 deste mês, e a quitação dos direitos de imagem de fevereiro, ocorrido na última segunda-feira. Para honrar com o salário de março, o Santa Cruz está aguardando uma liberação de verbas bloqueadas na Justiça referentes à Timemania. Por enquanto o clube ainda não definiu se haverá redução nos salários dos atletas.
Próximos passos
Sem projeções de retorno, o Santa Cruz vai tentar pleitear à CBF, junto às demais equipes da Série C, uma readequação na ajuda financeira de R$ 200 mil doada a entidade para cada clube.
Paralelamente a isso, também espera a normalização dos repasses de pagamentos suspensos pelo Vitória referente à compra de 50% dos direitos econômicos do zagueiro João Victor por R$ 800 mil. O clube baiano chegou a pagar as primeiras parcelas, mas suspendeu os depósitos por conta da crise financeira.
Além desta quantia, a Liga do Nordeste, também ainda não pagou o valor integral ao Santa Cruz pela cota de participação na primeira fase da Copa do Nordeste. O Tricolor tem direito uma cota de R$ 1,7 milhões.