Abraçar, conhecer e se unir. Três palavras que podem dizer muito pouco, mas que significam muito para a Coral Pride, camisa 24, a torcida LGBT+ do Santa Cruz. Recém - fundado por 12 integrantes, o coletivo põe o Tricolor, mais uma vez, em um lugar de pioneirismo quando se trata de inclusão social.
Depois de ser o primeiro clube de futebol do estado a permitir negros em seu plantel, contrariando os rivais Náutico e Sport, agora, a Cobra Coral também possui a primeira torcida LGBT de Pernambuco - e agora se junta, no Nordeste, à Bahia e Vitória, com, LGBTricolor e Orgulho Rubro-Negro, respectivamente. Inclusive, o clube criou uma campanha chamada ‘Santa de Todxs’ no seu mês de aniversário, visando combater atos discriminatórios.
“O Santa Cruz nasce de um movimento de resistência, foi fundado para abrir portas para pessoas negras jogarem futebol e você vê que a história do clube é de inclusão social. O clube transpira isso. Porque vai abrir mão disso e largar a história? É viver isso daqui e se orgulhar”, declarou June Ellen, uma das idealizadores do movimento.
Mas não é somente em homenagem à continuação do legado de resistência do Santa Cruz que a Coral Pride foi criada. Segundo a publicitária, o objetivo da torcida, além de reivindicar a existência do público LGBT no Arruda e, claro, no futebol, é preciso entender que a luta pela igualdade deve ter o respeito como base. E não só por torcer pelo mesmo time.
“Somos 12 pessoas que integram o movimento e estamos alinhados com outras reivindicações da torcida do Santa Cruz. A gente quer mostrar que a gente existe dentro do Arruda, que o Santa tem sim torcedores LGBT e que isso não é vergonha. Pelo contrário, tem que respeitar. A gente veste a camisa, sofre, sorri, e torce pelo mesmo clube. Queremos o nosso respeito, mas não só por torcer pelo mesmo time”, reforçou.
Mesmo ainda sem ter ações sociais definidas por seus integrantes, a Coral Pride, no entanto, quer mesmo é ampliar o debate sobre a homofobia no futebol e, quem sabe, fortalecer e encorajar outros clubes a caminharem juntos. Porque, antes mesmo do futebol, fazem parte da mesma luta.
“A gente quer que as pessoas LGBTs venham conversar conosco, trocar essa ideia e fazer parte do movimento. A gente querer abraçar, conhecer, se unir. Claro, ao mesmo tempo, tem o medo, o frio na barriga, de como vai repercutir. Nós já recebemos ameaças mas esperávamos isso. A gente pretende e torce muito para que a nossa iniciativa dê forças a outros clubes, porque a gente é rival dentro de campo, mas fora dele a gente está na mesma causa, na mesma luta”, acrescentou June Ellen.