Em apresentação, técnico do Santa Cruz fala em planejamento e se esquiva de problemas atuais

Exatamente três meses após a eliminação na Série C, o Santa Cruz apresentou oficialmente o seu novo treinador. O mineiro Leston Júnior, 40 anos, chegou com olhar assustado ao Anfiteatro Presidente Aristófanes de Andrade, na sede do clube. Diante de um bom número de repórteres, respondeu a um turbilhão de perguntas. Desde os planos para a temporada 2019, passando pela busca por reforços, até os questionamentos relativos a como pretende trabalhar com a debilitada credibilidade do clube, que historicamente trabalha com elencos endividados.

Pacientemente e metodicamente, respondeu uma a uma cada pergunta sob os olhares do executivo de futebol, Luciano Sorriso, e do presidente Constantino Júnior - quem, por várias vezes, "cochichou" orientações às respostas ao longo da entrevista. Com experiência em clubes como Botafogo-PB, Remo e Tupi-MG, admitiu ter no Tricolor o maior desafio da carreira. Mirando trabalhar com a base, tratou com cautela o lançamento das jovens promessas corais. Abaixo os principais tópicos da coletiva realizada no final da manhã desta segunda-feira.

Quero agradecer ao presidente a confiança por permitir ser privilegiado em dirigir o comando técnico de um clube da grandeza do Santa Cruz. Um motivo que muito me orgulha e me traz felicidade. É um prazer poder fazer parte desse processo de retomada do clube. A direção vem realizando uma transição de forma muito consistente, acima tudo muito planejada, o que para mim foi motivo de muita alegria por ter sido escolhido de maneira tão criteriosa baseada nas convicções de pessoas que fazem o clube.

Sem dúvida será o maior desafio da minha carreira. O que vejo muito positivo é o fato de essa oportunidade ter vindo em período de quase 16 anos de preparação, passando divisões de base, fazendo subidas gradativas de nível de exigência pelos clubes que passei. A oportunidade veio em um momento oportuno no sentido de estar preparado para aproveitar essa experiência.

Estou tomando conhecimento da pessoas, dos funcionários e tenho comprovado tudo aquilo que sempre falavam do Santa Cruz. Os funcionários estão mobilizados, se doando e acima de tudo muito receptivos. Isso para quem chega é muito importante, se sente abraçado em um ambiente muito sadio.

É precoce fazer uma análise (após ver a primeira partida da final do Estadual da categoria contra o Porto, no último sábado, cujo placar foi 2 a 2). Apenas gostaria de destacar o poder de reação que a equipe teve após tomar a virada, empatado e ainda com a oportunidade de vencer em um pênalti não marcado. 

Vamos dar condição de os atletas vislumbrarem uma oportunidade e isso acaba mexendo. Vamos focar na transição mais do que em qualquer outro aspecto. É importante formar bem esses jogadores e que a transição seja feita de forma definitiva. É uma preocupação que a gente sempre tem, de lançar os garotos sempre com muito cuidado.

Quando se fala em troca constante de comando são vários os fatores que influenciam. Claro que o resultado está muito atrelado, mas também outros aspectos que contribuem. Isso não dá para criar como regra, particularmente não tinha informação (que há seis anos o clube não começa e termina o ano com o mesmo treinador). Não posso dizer que isso vai mudar meu comportamento. O futebol brasileiro tem particularidades e não penso nisso no início de um trabalho. Penso no que tem a vir e em iniciar e terminar o trabalho.

Essa questão da saúde financeira me baseio muito naquilo que vejo na prática. Já fui a clubes com o histórico de problemas, que conseguiram honrar tudo, e a clubes historicamente sustentáveis e que tiveram problemas. Tudo isso passa pelo planejamento e tenho sentido isso na montagem da estrutura do futebol. Fazer futebol é ter responsabilidade. A gente vive um momento de recessão no país e esses atrasos não são um problema exclusivo do Santa Cruz. Muitos clubes convivem. Mas o caminho passa também por mim e é preciso contribuir com o departamento de futebol com criatividade nas contrações com a atletas de bom potencial técnico, mas que o clube tenha possibilidades de arcar. Se quero ter pilares de trabalho, como ordenamento em dia, em contrapartida preciso contribuir. O futebol é feito por uma somatória de fatores e vamos somar esforços, cada um com sua experiência realizando o máximo de ações positivas para ter um 2019 melhor que os últimos anos.

Credibilidade é algo que você perde muito rápido, mas pode recuperar também. E isso não não é algo que acontece do dia para outro. Vem de pequenas ações no dia a dia para fazer com que ela volte. Mas é muito mais fácil readquiri-la em um gigante como o Santa Cruz, que tem uma gama de valores que o clube passa. Desde a primeira conversa com o presidente, a direção, tenho sentido de todos uma vontade grande de fazer as coisas acontecerem em uma nova realidade. Obviamente, isso não é mágica, não acontece de hoje para amanhã, mas vejo o clube no caminho certo.

Desde dia 1º de novembro temos conversado muito e procurado não externar as dificuldades que são naturais do momento do mercado. Todos os clubes do país estão no mercado, muitos estaduais vão começar e o primeiro semestre é muito difícil mesmo. Se externamos as necessidades de repente o mercado por nos receber de forma diferente e valorize determinados atletas. Temos estudado e estamos trabalhando o número contratações de certas da melhor forma para este momento. Queremos diminuir nesse primeiro a momento margem de erro e ter um contato com o elenco que já está no clube e sentir melhor as características desses atletas. A gente vai construindo isso forma sólida.