Desde que chegou ao Santa Cruz, Héricles foi sempre uma carta na manga para os técnicos no clube. Longe dos holofotes na maior parte do tempo, em seis meses de Arruda o meio-campista esteve basicamente entre o departamento médico, a improvisação no ataque e as aparições de destaque na equipe. Bom futebol este insistentemente ofuscado por uma lesão crônica. Com um desequilíbrio muscular e uma consequente lesão no púbis, o atleta de 22 anos pela terceira vez em 2018 está fora de ação. Desta vez, com boas possibilidades de não mais voltar na temporada.
O departamento médico do Santa Cruz deixa essas remotas chances em aberto. Porém, o fato é que são grandes as possibilidades de Héricles só voltar aos gramados no ano que vem. Em 2017, passou um longo período de seis meses fora de ação. Foi contratado pelo Tricolor ainda em recuperação. “Quando ele chegou, nós já sabíamos que ele era portador dessa pubalgia. Mas, por se tratar de um jogador promissor e de o clube ter a facilidade em trazê-lo, optamos tratá-lo. Ele jogou meio Pernambucano bem, mas após a sobrecarga da temporada, começou a sentir o desequilíbrio muscular e voltou para o tratamento”, disse o diretor médico do Santa Cruz, Antônio Mário.
É, inclusive, o próprio Antônio o dono das palavras cautelosas em torno de Héricles. De acordo com o comandante da equipe médica tricolor, o jogador sofre de uma patologia, que é o desequilíbrio muscular. É este desequilíbrio o fruto de todos os problemas clínicos que acometem o meio-campista. “Esse problema faz com que, não só um músculo, mas um grupamento inteiro de músculos não funcionem de forma equilibrada, o que gera as lesões nele”, disse, em seguida, descartando as chances de cirurgia. “Apenas 2% a 5% das pubalgia são tratadas cirurgicamente. Cerca de 97% são tratadas de maneira clínico fisioterápico e com reforço muscular. Hoje, Héricles não tem indicação cirúrgica.”
Contrato renovado
Foram 14 jogos, quatro gols e boas aparições no time titular que garantiram a Héricles uma rápida renovação de contrato com o Santa Cruz até o fim de 2019. Após fazer bem o papel de centroavante, mesmo improvisado, o atleta viveu seus melhores dias na reta final do Campeonato Pernambucano. Porém, entre o fim do Estadual e o início da Série C, o atleta voltou a sentir a mesma lesão e ficou dois meses parado. Retornou então ao time após perder sete jogos, somente no diante do ABC, há uma semana, pelo Nordestão. Não aguentaria mais do que isso: queixou-sedas dores novamente e voltou para o tratamento. Comedido nas palavras, Antônio Mário prefere não cravar o fim do ano para Héricles.
“O atleta é portador de uma alteração no músculo esquelética, de um desequilíbrio muscular que altera toda a mecânica de movimentação dele. Faz com que o desequilíbrio leve o atleta durante o exercício a sentir dor. É uma patologia que tem muito a ver com o biotipo cada pessoa e com a formação atlética que Héricles teve”, explicou. “Então isso é coisa crônica que ele tem. E por mais que se dedique, e ele vem se dedicando, é bom que se diga, isso leva tempo”, acrescentou Antônio.
Caso o Santa Cruz avance até a final da Série C, a competição para o clube chegaria ao fim em 23 de setembro. No máximo, mais quatro meses pela frente. “A gente sabe da dificuldade que é para um atleta se afastar de uma temporada. A gente sabe o que isso representa e, como médico, também me preocupo com a carreira profissional dele. Mas temos que administrar esse tratamento. Estávamos tentando colocá-lo, até a pedido dele, em condição jogo, mas possivelmente ele terá que parar”, ponderou. “Ele necessitará de tempo para se curar, mas ele está se empenhando para tentar retornar”, pontuou Antônio Mário.