Santa Cruz

SANTA CRUZ

Funcionários do Santa voltam a fazer paralisação e presidente promete pagamentos e demissões

Há sete meses sem receber, trabalhadores cruzaram os braços; preocupado, Alírio Moraes promete redução de gastos para 2017 e consequente reforma no quadro

postado em 15/12/2016 10:22 / atualizado em 15/12/2016 18:52

Camila Alves/ESP DP
Uma parte dos funcionários do Santa Cruz voltou a cruzar os braços durante a manhã desta quinta-feira. Sem receber salários há sete meses (mais o 13º perto do vencimento), os cerca de 15 trabalhadores realizaram uma paralisação de advertência no Arruda. Em contrapartida, a diretoria tricolor voltou a realizar promessas. Segundo os assalariados, os gestores informaram que pagariam uma parte das dívidas nesta sexta-feira.

Em entrevista ao Superesportes, o presidente tricolor, Alírio Moraes, afirmou que espera pagar uma parte das dívidas, na verdade, até a segunda-feira. E não parou por aí. O mandatário prometeu ainda saldar todo o acumulado até o fim de janeiro, quando o clube receberá um recurso para essa finalidade. Além disso, Alírio revelou que uma grande reforma no quadro de funcionários será colocada em vigor para 2017. Na prática, com uma demissão que pode chegar em até 50% de todos os trabalhadores corais.

"Não podemos ter um clube com 200 funcionários com receita que teremos no próximo ano. Precisamos ter coerência. Todo mundo quer receber, mas o clube infelizmente vem há muito tempo com muita gente e pouca qualificação. A gente fica com o compromisso de pagar os encargos trabalhistas, FGTS, tudo e não consegue pagar pela indisponibilidade de receita, pelos bloqueios judiciais que todos conhecem e o clube fica vivendo dessa mentira: arrecada 50 e tem pagar 100", disse o presidente coral.

De acordo com Alírio Moraes, o clube encomendou um estudo visando resolver o problema. Parte da solução, nas palavras do mandatário, passam por "uma drástica reforma no quadro" de trabalhadores. "Algo entre 40% e 50%", revelou. "Já sabemos quem são os bons funcionários e o maus, quem trabalha e quem vai só para fazer barulho, que vai só meia hora e depois vai embora... Já temos os nomes, fotografias, CPF", acrescentou.

"Estou tomando decisões e não se confunda isso com o direito de a pessoa reclamar. Isso é direito sagrado. Estou fazendo na verdade uma requalificação. Claro que boa parte dos funcionários vão ser aproveitados, vamos atacar a quantidade e a pouca qualificação. Isso passará pelo setor de futebol e futebol de base também. Vamos deixar o clube do tamanho que ele possa comportar a receita", ponderou o presidente.

Plano de pagamento
Sobre o pagamento dos funcionários, a expectativa é que até dois meses dos sete em dívida possam ser quitados nos próximos dias. "Não consigo pagar três, quatro, cinco meses de uma vez. É impossível. Só se tivesse fabricando dinheiro. Vamos iniciar um ciclo de pagamento e até o fim de janeiro toda etapa de 2016 estará concluída. Vamos enfrentar uma dura realidade que talvez nenhum outro gestor no clube antes enfrentou, que é fazer uma grande reforma administrativa e ficar com o clube do tamanho que ele precisa ter para se tocar", pontuou Alírio.

Funcionários

Do lado dos funcionários, o clima é de revolta. Muitos se dizem ameaçados pelos chefes e coagidos a voltar ao batente. "Toda vez que a gente resolve fazer a greve, a gerente de limpeza ameaça todo mundo de botar para fora. E toda vez o presidente promete que vai pagar e não paga. Entrei aqui há cinco meses e ainda não vi meu contracheque. Não está dando para aguentar mais. Até agora só peguei vale, dois de R$ 500. Todos os setores parados, só alguns estão trabalhando, com os mais antigos. Sabe como é...", contou um serviços gerais, sem querer se identificar.

Os vales já pagos pela diretoria só serão descontado ao fim do processo da quitação de todo o retroativo. Na semana passada, os atletas do clube receberam o pagamento de um dos quatro meses em atraso.