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Ramón não vê problemas em ter sua marca igualada por Grafite após 43 anos. “Não vou secá-lo (risos). Em 73, até sequei Leivinha, do Palmeiras, que tinha 20 gols quando o Santa foi desclassificado. Aquele dali, eu tinha que torcer contra”, disse o ex-atacante, hoje presidente do Sindicato dos Jogadores de Pernambuco. A “secada” deu certo à época. Nas três partidas restantes do quadrangular final daquela competição, o palmeirense não fez um gol sequer e ele se manteve isolado na artilharia.
Terceiro maior artilheiro de todos os tempos do Santa, Ramón mantém a modéstia e prefere torcer por Grafite. “Gosto muito dele. É um grande artilheiro, um jogador exemplar, humilde, um senhor profissional.” Aos 66 anos, 49 dedicados ao futebol, o ídolo coral aconselha o camisa 23. “Que ele se empenhe ao máximo contra o São Paulo para que realmente consiga marcar.”
Grafite tem 13 gols. Está empatado com Diego Souza, do Sport, e William Pottker, da Ponte Preta. Na frente deles, apenas figura Fred, do Atlético-MG - com um gol a mais. Aos 37 anos, o centroavante coral não esconde a vontade de vencer essa disputa pessoal."É uma motivação a mais. Vou tentar, pelo menos, marcar mais gols, ajudar a equipe a terminar da melhor maneira e ser artilheiro. Nunca fui artilheiro do Brasileiro. Talvez possa ser um alento para mim e para o clube”, declarou Grafite.
Autor de dois gols na goleada de 5 a 1 sobre o Grêmio, no último sábado, Grafite acabou ultrapassando dois concorrentes pela artilharia: Robinho (Atlético-MG) e Gabriel Jesus (do campeão Palmeiras) - estacionados nos 12 gols (Sassá, do Botafogo, atingiu esse número na rodada passada). Além da meta de última hora para virar artilheiro, ganhou ainda a chance ser o maior goleador do Santa em um só campeonato nacional. Para tanto, necessita fazer dois gols contra o São Paulo. Assim, ultrapassaria Nunes (artilheiro do Brasileiro de 1977, com 14 gols), ficando abaixo apenas de Ramón neste ranking.
Panteão nordestino
Assim como Diego Souza, Grafite ganhou a chance também de virar um dos poucos goleadores nacionais por equipes do Nordeste, algo bem incomum. Até hoje, considerando a competição desde 1971, a região só emplacou dois artilheiros (Ramon e Charles, do Bahia - em 1990). Considerando a Taça Brasil, disputada entre 1959 e 1968 e hoje unificada pela CBF, foram mais seis artilharias, incluindo Bita, do Náutico - duas vezes.
Maiores artilheiros do Santa Cruz em uma edição do Brasileirão
21 gols – Ramón (1973)
14 gols – Nunes (1977)
11 gols - Nunes (1978)
10 gols – Fumanchu (1977)
10 gols - Keno (2016)
9 gols – Nunes (1976)
Taça Brasil
1959 – Léo (Bahia), 8 gols
1960 – Bececê (Fortaleza), 7 gols
1963 – Ruiter (Confiança), 9 gols
1965 – Bita (Náutico), 9 gols
1966 – Bita (Náutico), 10 gols
1967 – Chicletes (Treze), 9 gols
Série A
1973 – Ramón (Santa Cruz), 21 gols
1990 – Charles (Bahia), 11 gols
Vice-artilheiros do Brasileirão atuando em clubes do Nordeste
Taça Brasil
1959 – Bentancor (Sport), 7 gols
Série A
1988 – Zé Carlos (Bahia), 9 gols
1989 – Bizu (Náutico), 10 gols
2007 – Acosta (Náutico), 19 gols