“A quantia já existe. Depende de uma liberação via CBF. Ele vem das cotas da Sul-Americana e de resíduos pela participação na Copa do Brasil. Não acredito que saia imediatamente para amanhã (sexta), porque a liberação depende da presença do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que não está lá (na sede da entidade, Rio de Janeiro) e só volta na segunda-feira. Então, segunda liberando, a perspectiva é que na terça ou quarta os salários sejam pagos”, disse Alírio Moraes.
A reportagem esteve no Arruda nesta tarde e constatou um ambiente de total insatisfação. Diante da expectativa de terem parte dos salários depositados na conta até meio-dia desta sexta, a maioria dos funcionários interpelados não quis conversar com o Superesportes. Os que aceitaram conceder entrevistas preferiram não ser identificados. “É promessa atrás de promessa e nada do dinheiro. Estamos no limite. Amanhã (sexta), isso aqui (o Arruda) vai pipocar”, disse um dos trabalhadores, sugerindo a greve. "Quem quiser ver o clube parado, basta vir aqui amanhã", emendou outro.
Seis meses
Alguns trabalhadores, a exemplo dos ligados à segurança patrimonial, estão há seis meses sem receber. O presidente reconhece a dificuldade deles. Mas, apesar de não ter pago nem os últimos paliativos de R$ 500 prometidos aos trabalhadores, diz que estes “vales”, ao menos, têm contribuído para amenizar a crise.“Se você for levantar os valores dados em vales, há funcionários que já tiveram a dívida toda coberta. Juntando o que saiu desses pagamentos, a média de atraso está entre dois e três meses.”
Alírio assegura que não vai deduzir nos salários estas cifras já adiantadas. “Há o compromisso de não descontar os vales. Estou fazendo o máximo que posso fazer. É um momento difícil da economia, de bloqueios, de uma Série A que chamou a atenção de credores”, disse. “O clube não está pagando porque não quer. Está impossibilitado de fazê-lo. O dinheiro não está em caixa. A gente entende o sacrifício dos trabalhadores. Tanto que entendo que já empenhei até valores pessoais”, completou o presidente, que chegou, inclusive, a sujar o seu nome na "praça" por ter usado o seu CPF para algumas operações financeiras do clube.
Os funcionários do Tricolor já haviam entrado em greve entre 20 e 21 de outubro. Ameaçam esta segunda paralisação desde a última sexta, quando a direção não pagou os tais vales de R$ 500. Antes do jogo contra o América-MG, em 6 de novembro, a torcida chegou até a encabeçar uma campanha de doação de cestas básicas para os trabalhadores.
Atualmente, a folha salarial com o administrativo do Santa Cruz é de R$ 175.878,00. Já a dos os trabalhadores ligados ao futebol (da cozinha, lavanderia, manutenção do gramado, comissões e analistas de desempenho) é maior: R$ 337.527,00. Há ainda outros R$ 82.140,00, referentes aos colaboradores das categorias de base e do futebol de salão. A folha do jogadores, por sua vez, gira em torno de R$ 1,3 milhão. O elenco completou três meses em atraso na última terça-feira. Um plano de pagamento deve ser apresentado a eles na próxima semana.