A situação do Náutico em relação às suas dívidas trabalhistas vem aparecendo de maneira mais recorrente no noticiário esportivo desde que o clube foi intimado pela Justiça a leiloar o prédio da garagem do remo como pagamento a ação avaliada em pouco mais de R$ 500 mil movida pelo técnico Givanildo Oliveira, que treinou o clube na reta final da Série B de 2016. Porém, esta não é a única causa trabalhista que ameaça o patrimônio alvirrubro. Por isso, para ter consciência de todos os processos que o Timbu enfrenta na Justiça do Trabalho, o departamento jurídico do clube iniciou levantamento que revelou números impactantes.
Procurado pela reportagem do Diario de Pernambuco, o vice-presidente jurídico do Náutico, Bruno Becker apontou que o clube é réu em quase 400 ações trabalhistas, que cobram do clube cerca de R$ 50 milhões. O advogado aponta ainda que nem todas essas ações estão localizadas em Pernambuco, no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª região.
"Os números que conseguimos levantar apontam para 398 processos trabalhistas, sendo que entre estes 361 se encontram localizados aqui em Pernambuco, no TRT. O valor dessas causas gira em torno dos R$ 50 milhões", explicou.
Becker aponta ainda que entre esses processos, três se destacam pelos seus altos valores e por não caber mais recursos, pois já se encontram em fase de execução. Somando os valores requeridos pelas ações movidas pelo lateral Auremir, o zagueiro Jean Rolt e o volante Martinez, são quase R$ 10 milhões, percentual equivalente a quase 20% das dívidas trabalhistas do clube.
"Temos três ações de mais de R$ 3 milhões. São elas as de Auremir, Jean Rolt e Martinez. Valores que são muito altos e devem estar bem maiores, pois as penhoras foram realizadas entre 2018 e 2019 e que já não cabem mais recurso, pois chegaram à fase de leilão, sendo duas penhorando o prédio do remo e uma penhorando a sede. Fora estas, temos mais alguns de R$ 2 milhões, outras de R$ 1 milhão e muitas com valores entre R$ 100 e 200 mil", resumiu Becker.
Agora com os números em mãos, o departamento jurídico do Náutico trabalha em partes para o monitoramento das ações e conversas com os credores. Além disso, Bruno Becker ainda coloca que a dificuldade financeira não permite que o clube negocie o parcelamento de todas as ações.
"No momento, estamos monitorando todas as ações devido às penhoras e leilões para evitar o dano ao patrimônio do clube. Do ponto de vista jurídico, estamos buscando renegociar algumas situações e convencer os credores a ingressarem contra o clube na 12ª Vara do Trabalho, onde temos parte de nossa receita que fica retida, o que facilitaria para que eles recebessem parcelado, mas que não deixássemos de pagar. Situações como a de Auremir, Martinez e Jean Rolt, não temos como fazer acordo e parcelar, pois ainda que fizéssemos em um prazo de 100 meses, as parcelas passariam dos R$ 30 mil", comentou.
Por fim, perguntado sobre a possibilidade de haver mais ações que estão fora do radar do Náutico, Becker não descartou a possibilidade, mas reiterou que caso ocorram, elas já estariam dentro desse montante estimado de R$ 50 milhões.
"Se houver mais ações devem ser poucas. Acredito que não teremos mais do que 10. Estamos trabalhando aqui com o número máximo de 405 processos e estes já estariam incluídos no montante dos R$ 50 milhões. Essas podem ter passado do nosso rastreamento devido à oscilação no funcionamento das varas durante a pandemia", concluiu.
Maiores dívidas trabalhistas
1) Auremir - R$ 3.510.624 (valor referente a 2019)
2) Jean Rolt - 3.445.178,38 (valor referente a 2018)
3) Martinez - R$ 3.071.249 (valor referente a 2019)