Aos 75 anos, a costureira Marly Figueiredo pode adicionar mais uma experiência à sua vida: fazer uma camisa para seu clube do coração, o Náutico. Mas ao contrário do que a profissão dá a entender, não foi com agulhas e linhas que Marly criou a peça que foi enviada para o concurso do novo uniforme alvirrubro, mas com papel e lápis. Ao saber do concurso, a torcedora desenhou uma camisa em seu caderno e contou com a ajuda da sua neta e de uma rede virtual de alvirrubros para ter seu projeto digitalizado e na disputa para ser o primeiro padrão do Náutico para 2020.
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“Eu estava sentada na minha cadeira e vi, na TV, a reportagem da camisa. Aí eu saí, peguei meu caderno e fui desenhar. Minha intenção foi ver logo o hexa. Eu desenhei a camisa, duas vezes, com rascunho, no meu caderno, fiz direitinho e mostrei pra minha neta. Ela adorou e foi procurar uma pessoa para fazer o desenho. Ela demorou, demorou, mas conseguiu. Quando vi a matéria só quis desenhar a camisa do jeito da minha imaginação, ninguém me ajudou”, contou Marly.
Do desenho, na quinta-feira, até o envio para o Náutico, neste sábado, o esforço foi encabeçado por Nathália Figueredo, neta de Marly. Foi ela que, através do Facebook, conseguiu encontrar outro alvirrubro que se dispôs a fazer a versão digital da ideia de Dona Marly.
“Ela ficou me aperreando, ‘eu quero enviar minha camisa, quero enviar’, mas como eu não sei digitalizar, eu acabei postando no grupo do Facebook do Náutico. Eu fiquei esperando o retorno de alguém e demorou muito para alguém falar comigo. Aí, o Gabriel comentou ‘curte aqui meu comentário, que mais tarde, eu faço’. Quando foi à noite, às 23h e pouco, ele já postou direto no grupo. Eu ainda não tive a oportunidade de falar com ele, mas eu queria muito agradecer, porque ela ficou muito feliz. Ela chorou, porque ele realmente conseguiu captar tudo que ela queria”, explicou Nathália.
Nathália ainda relatou que, no grupo que ela utilizou, muitas pessoas fizeram comentários aprovando a camisa desenhada por Dona Marly. Segundo Nathália, também houve a sugestão de o padrão ser utilizado como uniforme de treino ou viagem, ou, ainda, como uma edição comemorativa ao hexacampeonato pernambucano, conquistado entre os anos de 1963 e 1968. Mas a costureira deixou claro, mesmo se a camisa não for utilizada, ela já está feliz.
“É a coisa mais linda do mundo a camisa. Mesmo que e não ganhe, que não entre nesse concurso, foi glorioso, foi muito estimulante da minha parte ver esse desenho. Vai ficar comigo para a eternidade. Eu não sei o que me fez desenhar essa camisa, mas foi de coração. Mesmo que não dê, eu estou muito feliz. Mas vamos ver no que vai dar. Se der, deu, se não der, tudo bem”.
PAIXÃO PELO NÁUTICO
Morando na rua logo atrás ao Estádio dos Aflitos, Marly Figueiredo se diz apaixonada pelo Náutico desde pequenininha. Mesmo aos 75 anos, a costureira segue indo aos jogos do Timbu, tendo inclusive, entrado em campo no jogo contra o Retrô, no último dia da mulher.
“Desde criança, quando eu comecei a gostar de futebol, eu sou Náutico, doente, doente. Minha família toda é Náutico. Inclusive, na época que o Náutico saiu aqui dos Aflitos para ir para a Arena, eu fui para dentro do campo, falei umas palavras bonitas, me ajoelhei, beijei o gramado. Para mim, tudo do Náutico é importante, eu sou apaixonada. Eu moro aqui há 75 anos e todos os jogos do Náutico nos Aflitos, eu vou. Agora mesmo, no dia das mulheres, eu tava lá, entrei no campo com Jorge Henrique e tudo. Foi maravilhoso”.
O CONCURSO
O Náutico está recebendo modelos de primeiro uniforme até este sábado, através do e-mail do departamento de marketing do clube (marketing@nautico-pe.com.br). Depois, os projetos desenvolvidos pela torcida passarão por uma análise e serão escolhidos seis modelos. Esses, serão levados para enquete, na qual os próprios torcedores poderão definir o próximo uniforme alvirrubro, que será confeccionado com a insígnia da N6, marca própria do clube.