Como esperado, o presidente Edno Melo terá mais dois anos de mandato à frente do Náutico. A reeleição, aliás, é algo que não acontece há mais de uma década - quando Ricardo Valois esteve no comando do executivo de 2004 a 2007. Mas a situação do mandatário, que seguirá tendo como vice Diógenes Braga, é ainda mais expressiva porque não vai haver bate-chapa, uma vez que a situação foi a única inscrita ao pleito, cujo prazo terminou última na quinta-feira.
Prestes a ser aclamado - o pleito será realizado no dia 8 de dezembro paralelamente às eleições do Conselho Deliberativo -, Edno Melo, atendeu a reportagem do Superesportes para abordar justamente este cenário político ameno do alvirrubro, marcado nos últimos anos por alternância entre situação e oposição, além de embates nos bastidores.
E o presidente foi objetivo. Para ele, o momento do clube deve-se à homogeneidade com que vem sendo conduzido recentemente.
“Acho que isso demonstra a união do Náutico. Acho que realmente o Náutico politicamente está pacificado, essa situação de não bater chapa se dá muito a isso. Quem quer ajudar o Náutico, hoje, tem a oportunidade. Não existe nenhuma resistência. Então isso só foi benéfico para o clube”, avaliou.
Edno Melo, claro, cita também como importante os feitos da gestão - nos últimos dois anos o Timbu retornou aos Aflitos, foi campeão pernambucano após 14 anos e conquistou o título da Série C, além de ter atingido a marca de 15 mil sócios - mas volta a bater na tecla do ambiente.
“A torcida do Náutico é muito gigante. E não poderia estar da forma que estava, dividida, com briga interna. Um clube que se instalou uma dicotomia de bem e mal. Quem era do lado A era do bem, quem era do lado B era do mal. Isso só trouxe malefícios para o clube”, lembrou.
Missão e legado
Com mais um biênio, Edno entende que esse é o principal legado que pode deixar para as próximas gestões. Mais até, inclusive, do que os títulos. “Eu não sou presidente, eu estou presidente. Daqui a dois anos eu vou estar fora da presidência do clube e eu tenho total consciência disso, que a minha missão no Náutico foi essa. Muito mais do que ganhar título”, pontuou.
“O grupo que chegar (projetando gestões futuras), terá a referência, o caminho pavimentado, mostrando que tem que ser feito. O caminho da austeridade, do compromisso, da responsabilidade fiscal. Isso é o mais importante que essa gestão vai deixar: esse sentimento de orgulho resgatado, credibilidade”.
Thiago e ‘organização’
Nos dois últimos anos o Náutico vem exportando jogadores formados no clube que têm tido destaque. Em 2017, Erick fez bons jogos e foi negociado. Em 2018, Jefferson, Robinho e Luiz Henrique foram emprestados, até retornarem este ano e os dois últimos saírem novamente de forma definitiva. Questionado se a manutenção de Thiago, costumeiro alvo de sondagens - na última semana o atacante foi especulado no Flamengo -, seria uma demonstração de força, Edno preferiu um outro adjetivo: organização.
“É uma demonstração de organização, de valorização da base, que o clube está organizado. O clube está gerando frutos. A gente via o Náutico despontar alguns jogadores que sumiam do Náutico. E hoje não. Quem quiser tirar Thiago tem que pagar. Não vai chegar lá e não vai sair de todo jeito”, afirmou.
“E o mercado vê isso. As coisas no futebol reverberam tanto boas como ruins. Vendemos Jobson, Robinho, Bruno, Erick, Luiz Henrique. Quando fazemos negociações bem sucedidas, o mercado começa a olhar para o Náutico diferente. Acho que a manutenção de Thiago é isso”, concluiu.