Dois anos depois, goleiro Jefferson brilha e dá a volta por cima no acesso do Náutico

O futebol pode ser marcante pelas glórias, claro. Mas não apenas por ela. Há também as histórias de volta por cima. E essas tendem a ser mais especiais. O acesso do Náutico à Série B em 2019 tem esse simbolismo para um trio. O goleiro Jefferson, o zagueiro Rafael Ribeiro e o atacante Rafael Oliveira são os remanescentes do rebaixamento do Timbu para a Terceirona em 2017 e, nesta temporada, conseguiram recolocar seus nomes na história da equipe - dessa vez de forma positiva.

Destes, pode-se dizer que há um destaque - ou gostinho especial - para o camisa 1. Afinal, Jefferson viveu muito mais as campanhas de 2017 e 2019 do que os outros dois atletas. Na queda, disputou 23 jogos, enquanto o zagueiro e o atacante jogaram seis e três vezes cada, respectivamente. Neste acesso, por sua vez, chegou com a competição já em andamento, mas fez 14 partidas, já Rafael Ribeiro e Rafael Oliveira fizeram seis e 14(15), respectivamente.

No dramático confronto de volta, o goleiro brilhou. Defendeu um dos pênaltis na disputa após o empate em 2 a 2. Jefferson buscou, no canto, a cobrança batida por Wellington Reis. Por conta desta, o Timbu conquistou a vantagem nas penalidades máximas e consolidou seu retorno à Série B. Agora, pode-se dizer que ‘Jefferson’ e ‘Série B’ têm os melhores contornos possíveis.

“Para mim que sou daqui, torcedor do clube, 2017 foi um ano bem difícil apesar de ter sido um destaques do time. Mas, para mim, aquele destaque não valeu. A tradição do futebol de Pernambuco, a tradição do Náutico, pela torcida, não poderia estar nessa situação", comemorou o goleiro após o jogo.

"Tenho um grupo com alguns amigos do clube e eles perguntaram se eu vou vou voltar. E por incrível que pareça, tudo que aconteceu hoje, já tínhamos conversado. ‘Já pensou se vai para os pênaltis?’. Deus preparou tudo para mim nessa noite e agora é pensar no título”, revelou.

Formado nas categorias de base do clube, Jefferson teve um amadurecimento tardio, é verdade. Depois de três anos compondo o elenco alvirrubro, foi alçado ao time titular em 2017 em meio a uma crise que o clube passava. Com vários jogadores tendo o contrato rescindido no decorrer do ano, sobrou para a base - dentre eles, Jefferson. Passando por uma reformulação e contando com vários jogadores inexperientes, o Timbu acabou na lanterna.

Ainda assim, apesar da campanha negativa, o goleiro foi um dos jogadores formados no clube que se salvou - além dele, teve o atacante Erick, vendido junto ao Braga-POR por R$ 3 milhões. Com contrato até o fim de 2020, foi emprestado no início de 2018 para disputar a Série B pelo Atlético-GO, onde esteve em campo 25 vezes na competição em que o clube foi 6º colocado, a um ponto do G4.

Nesta temporada, começou o ano novamente cedido por empréstimo. Foi para uma divisão inferior, é verdade, ao disputar a Série D pelo Joinville, mas novamente teve boa aparição. Era o capitão do time e já tinha identificação com a torcida até o Náutico solicitar o seu retorno ao clube. E no momento mais oportuno possível, uma vez que logo após a sua chegada o então titular Bruno foi negociado com o Rio Ave-POR.

Essa mudança na meta alvirrubra foi positiva para a equipe. Isso porque Bruno vinha oscilando e recebendo críticas após a perda do Campeonato Pernambucano, onde não defendeu nenhum pênalti; e a eliminação na Copa do Nordeste, em que esteve adiantado no gol do Botafogo-PB que decretou a eliminação do Timbu.

Com Jefferson, a defesa esteve mais segura. O goleiro não teve cometeu nenhuma falha quando acionado e diminuiu o número de vezes que o time foi vazado. Com ele, foram 10 gols sofridos em 12 jogos na primeira fase, o que ajudou o time a ter a melhor defesa do grupo A. No primeiro jogo diante do Paysandu, foi importante no 0 a 0, ao realizar excelente defesa em chute cara a cara com Nicolas. Na volta, foi o cara dos pênaltis. Se havia alguma dívida do goleiro, então, não há mais.