Qual a avaliação que você faz da sua passagem pelo Náutico?
No Náutico você também conviveu com muitos problemas financeiros. Qual foi a gota d'água para você deixar o clube?
Desde a minha chegada ao clube foram feitas muitas promessas e em sete meses nenhum foi cumprida. Faltou muita transparência desde a primeira diretoria. Aguentei muitas coisas e fiz outras que muitos atletas não aceitaram fazer (Tiago foi um dos que reduziu o valor do salário para jogar a Série B). Alguns jogadores até se surpreenderam, mas o meu foco sempre foi o trabalho. Porém, um dia antes do jogo contra o Luverdense (pela 19ª rodada, na estreia do técnico Roberto Fernandes) o meu salário não veio completo e eu passei a situação para o meu advogado entrar em contato com a diretoria. Eles falaram que não iriam resolver porque estava muito em cima do jogo. E como não acertaram a situação entramos na Justiça. Não queria fazer isso, mas era o meu direito. Quero deixar claro que o problema não foi o salário ou o dinheiro, mas a falta de transparência e as coisas que não foram cumpridas. Sempre digo que não é o atleta que coloca o clube na Justiça. É o clube que se coloca na Justiça. Nos últimos 20 meses no futebol de Pernambuco só recebi 10 (Tiago também move uma ação por atrasos contra o Santa Cruz).
Você está no Estado desde 2011. Acha que esse foi o ponto final da sua passagem pelo futebol de Pernambuco?
Eu sou profissional e onde Deus abrir uma porta onde eu tenha paz no coração vou estar trabalhando. Não posso nunca falar que é o ponto final da minha passagem em Pernambuco. Só quem sabe o dia de amanhã é o Senhor. Desde a minha saída do Náutico, eu fiquei no Recife. Meus filhos estudam na cidade e até agora não recebi propostas de outros clubes. Se Deus abrir uma porta vou analisar e avaliar o projeto. Por enquanto, estou tranquilo, mantendo a forma em uma academia e feliz com a minha família.
Qual a sua avaliação nesses sete anos em Pernambuco?
Difícil fazer uma avaliação. Mas essa avaliação não pode ser feita apenas por esses dois últimos anos. Tenho o reconhecimento no dia a dia. A cada lugar que eu vou, a todo instante, tem pessoas me desejando sorte. Então não posso dizer que foi ruim. Tenho um carinho enorme por Pernambuco e com certeza foi tudo muito válido.
Apesar dos títulos (cinco estaduais, uma Copa do Nordeste e uma Série C pelo Santa), suas duas últimas temporadas não foram boas (rebaixamento com o Santa e campanhas ruins com o Náutico). Você acha que ficou devendo dentro de campo?
No ano passado, em vários momentos, tive que sair das minhas características. Em cinco anos no Santa Cruz eu defendia as bolas. E o objetivo do goleiro é defender bolas. Mas no ano passado saí da minha posição e comecei a fazer coisas que não estava habituado. Por conta do desesperto passei a jogar fora da grande área, adiantado, sem usar as mãos. Mas não sou zagueiro. Aceitei fazer isso porque estava à disposição para ajudar. Já no Náutico tenho a minha consciência tranquila. Joguei 32 partidas e não acho que fiquei devendo. Só tive uma falha em um jogo em que todo o time estava mal, na derrota por 2 a 0 para o Salgueiro, na Arena (pelo hexagonal do Pernambucano). Estou bem feliz com o meu desempenho no Náutico, mas triste porque o trabalho como um todo não deu certo.
Curiosamente, os dois times que você defendeu no Estado estão nesse momento na zona de rebaixamento da Série B. Acredita que Santa e Náutico irão conseguir escapar da queda?
Sobre o Santa Cruz não tenho como falar porque não estou no dia a dia. Já o Náutico formou uma equipe nova no começo da Série B e só agora começou a dar liga. Se continuar nesse desempenho tem tudo para sair dessa situação e ficar na Série B. É pensar jogo a jogo e não pode perder pontos em casa. Fico na torcida porque tenho companheiros lá.