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Tiago Cardoso: 'Foram muitas promessas e em sete meses nenhuma foi cumprida'

Goleiro conseguiu nesta quinta, na Justiça do Trabalho, a sua rescisão contratual junto ao Náutico e fez um resumo da sua passagem pelo clube

postado em 24/08/2017 18:03 / atualizado em 24/08/2017 18:18

Mandy Oliver/Esp.DP
Passados vinte dias da decisão de não mais jogar pelo Náutico, o goleiro Tiago Cardoso conseguiu, junto à Justiça do Trabalho, a sua rescisão contratual. Livre para defender outro clube, o jogador aceitou conversar com a reportagem do Superesportes nesta quinta-feira. E além de confirmar a versão de que a gota d'água para a sua decisão foi o pagamento incompleto do seu último mês de salário, também fez uma avaliação pessoal dos sete meses em que defendeu o Timbu. E após sete temporadas seguidas no Estado, onde foi ídolo no Santa Cruz, negou-se a colocar esse como a sua última passagem pelo futebol pernambucano. Confira a entrevista abaixo.

Qual a avaliação que você faz da sua passagem pelo Náutico?

Fico decepcionado pelo trabalho não ter acontecido como o planejado. Quando se vai para um clube você pensa em títulos e na expectativa de um bom trabalho. Se esforça e se concentra desde a pré-temporada para isso. Mas as vezes não dá liga e o trabalho não acontece como a gente quer. Mas fui feliz por ter passado no Náutico. Até falei com Roberto Fernandes, no dia da apresentação dele, que a minha felicidade era chegar no quarto do hotel, ver o escudo do Náutico, e agradecer por estar em um grande clube. Infelizmente as coisas não aconteceram como deveriam no extracampo. Já era para eu ter saído do Náutico há mais tempo. Mas segurei porque tinha a esperança de que as coisas iriam melhorar.

No Náutico você também conviveu com muitos problemas financeiros. Qual foi a gota d'água para você deixar o clube?

Desde a minha chegada ao clube foram feitas muitas promessas e em sete meses nenhum foi cumprida. Faltou muita transparência desde a primeira diretoria. Aguentei muitas coisas e fiz outras que muitos atletas não aceitaram fazer (Tiago foi um dos que reduziu o valor do salário para jogar a Série B). Alguns jogadores até se surpreenderam, mas o meu foco sempre foi o trabalho. Porém, um dia antes do jogo contra o Luverdense (pela 19ª rodada, na estreia do técnico Roberto Fernandes) o meu salário não veio completo e eu passei a situação para o meu advogado entrar em contato com a diretoria. Eles falaram que não iriam resolver porque estava muito em cima do jogo. E como não acertaram a situação entramos na Justiça. Não queria fazer isso, mas era o meu direito. Quero deixar claro que o problema não foi o salário ou o dinheiro, mas a falta de transparência e as coisas que não foram cumpridas. Sempre digo que não é o atleta que coloca o clube na Justiça. É o clube que se coloca na Justiça. Nos últimos 20 meses no futebol de Pernambuco só recebi 10 (Tiago também move uma ação por atrasos contra o Santa Cruz).

Você está no Estado desde 2011. Acha que esse foi o ponto final da sua passagem pelo futebol de Pernambuco?

Eu sou profissional e onde Deus abrir uma porta onde eu tenha paz no coração vou estar trabalhando. Não posso nunca falar que é o ponto final da minha passagem em Pernambuco. Só quem sabe o dia de amanhã é o Senhor. Desde a minha saída do Náutico, eu fiquei no Recife. Meus filhos estudam na cidade e até agora não recebi propostas de outros clubes. Se Deus abrir uma porta vou analisar e avaliar o projeto. Por enquanto, estou tranquilo, mantendo a forma em uma academia e feliz com a minha família.

Qual a sua avaliação nesses sete anos em Pernambuco?

Difícil fazer uma avaliação. Mas essa avaliação não pode ser feita apenas por esses dois últimos anos. Tenho o reconhecimento no dia a dia. A cada lugar que eu vou, a todo instante, tem pessoas me desejando sorte. Então não posso dizer que foi ruim. Tenho um carinho enorme por Pernambuco e com certeza foi tudo muito válido.

Apesar dos títulos (cinco estaduais, uma Copa do Nordeste e uma Série C pelo Santa), suas duas últimas temporadas não foram boas (rebaixamento com o Santa e campanhas ruins com o Náutico). Você acha que ficou devendo dentro de campo?

No ano passado, em vários momentos, tive que sair das minhas características. Em cinco anos no Santa Cruz eu defendia as bolas. E o objetivo do goleiro é defender bolas. Mas no ano passado saí da minha posição e comecei a fazer coisas que não estava habituado. Por conta do desesperto passei a jogar fora da grande área, adiantado, sem usar as mãos. Mas não sou zagueiro. Aceitei fazer isso porque estava à disposição para ajudar. Já no Náutico tenho a minha consciência tranquila. Joguei 32 partidas e não acho que fiquei devendo. Só tive uma falha em um jogo em que todo o time estava mal, na derrota por 2 a 0 para o Salgueiro, na Arena (pelo hexagonal do Pernambucano). Estou bem feliz com o meu desempenho no Náutico, mas triste porque o trabalho como um todo não deu certo.

Curiosamente, os dois times que você defendeu no Estado estão nesse momento na zona de rebaixamento da Série B. Acredita que Santa e Náutico irão conseguir escapar da queda?

Sobre o Santa Cruz não tenho como falar porque não estou no dia a dia. Já o Náutico formou uma equipe nova no começo da Série B e só agora começou a dar liga. Se continuar nesse desempenho tem tudo para sair dessa situação e ficar na Série B. É pensar jogo a jogo e não pode perder pontos em casa. Fico na torcida porque tenho companheiros lá.