Aos 46 anos, sendo 20 deles como técnico de futebol, Roberto Fernandes assume o Náutico pela quarta vez na carreira. E como nas três anteriores, novamente com a missão de evitar um rebaixamento do clube. Sendo essa, segundo o próprio treinador, a mais difícil de todas, com o time na lanterna da Série B, com apenas 11 pontos, a dez do Brasil-RS, primeiro time fora da área de queda. Nesta quarta-feira, o novo (velho conhecido) comandante alvirrubro concedeu uma longa entrevista coletiva de 30 minutos em sua apresentação, onde explanou como pretende ter sucesso mais uma vez. Os principais desafios pela frente, a matemática, a necessidade por reforços, as lições do passado e o amadurecimento na carreira desde a sua última passagem pelo clube, em 2010. Confira a entrevista em tópicos abaixo.
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O desafio
"O desafio é gigantesco, mas tudo tem seus dois lados. Se o desafio é grande, a recompensa pode ser muito maior. Seria a recuperação mais difícil que eu já enfrentei ao longo da carreira como técnico. Assumo o Náutico pela quarta vez, mas um convite do Náutico é na verdade uma convocação. Se não acreditasse na recuperação, não estaria aqui. A competição é bastante equilibrada e o resultado de ontem (vitória sobre o Vila Nova por 1 a 0) poupa qualquer declaração. Vencemos o então vice-líder fora de casa e mostra que o grupo tem capacidade para uma reação. Mas nem de longe será um trabalho fácil. Não sairemos da zona de rebaixamento em duas ou três rodadas. A diferença de pontos exige um trabalho a médio prazo. Temos que chegar no último quarto da competição com possibilidade de escapar."
Chegada ao clube
"Seria uma avaliação equivocada achar que apenas a saída do Beto Campos, como foi a do Waldemar Lemos anteriormente, será necessária para salvar o time. Há muita coisa a se corrigir. Precisamos melhorar em todos os aspectos, desde a questão técnica até a recuperação de alguns jogadores que foram titulares anteriormente e agora não estão rendendo. A vitória sobre o Vila foi fundamental, mas não se pode achar que por isso está tudo certo. Apesar de mostrar um indício de que há esperança na recuperação."
Matemática
"Pela distância que temos hoje temos que fazer um campeonato de recuperação. Mas não é simples vencer quatro, cinco jogos seguidos. Nenhuma equipe conseguiu isso. Precisamos ter calma no trabalho de recuperação e projetar chegar nas dez últimas rodadas na briga para sair da zona de rebaixamento. Se estivermos a três ou mesmo cinco pontos será algo viável. Não podemos é chegar nas dez rodadas finais com a distancia que temos hoje."
Papel da torcida
"Fundamentalmente o que aconteceu nas outras vezes (em que Roberto Fernandes conseguiu salvar o Náutico do rebaixamento) foi a sinergia da torcida com o time. Hoje vivemos uma realidade diferente, jogamos em um local diferente (Arena de Pernambuco), mas o torcedor precisa estar ao nosso lado. A sintonia da torcida com o time é fundamental. Precisamos voltar a ter mando (o Náutico é o único clube da Série B sem vitórias em casa). Não adianta eu ser um líder sem seguidores. Tenho meu papel, como os jogadores têm os deles e a torcida também."
Perfil da equipe
"Vi três jogos do Náutico e o de ontem (contra o Vila Nova). O que vinha observando é que não está faltando para o grupo vontade. Os atletas estão se entregando nos jogos. Por isso, vou focar na melhora da qualidade do nosso jogo. Tornar a equipe mais competitiva sem a posse de bola e mais incisiva quando tem a bola. Temos que atacar preparados para nos defender e nos defender preparando o contra-ataque."
Amadurecimento como treinador
"Muitas coisas que no passado me incomodavam hoje são absolutamente irrelevantes. Vivo hoje um momento profissional e pessoal de paz comigo mesmo. Antes era muito fácil me tirar do sério."
Contratações
"Na realidade da maioria dos clubes nunca se tem todas as características necessárias em todos os setores. Não vou ser leviano sem ter conhecimento profundo do grupo. Mas do que observei faltam duas características em dois setores, que não vou falar agora para não causar ansiedade. E como só temos mais duas contratações para fazer o nosso direito de errar é de menos um. Por isso quero me aprofundar no elenco que temos hoje para só depois tratar com a diretoria. Essas duas contratações temos que acertar na veia."
Poucas mudanças para a estreia contra a Luverdense
Tudo o que se faz nos treinamento é com o objetivo de melhorar no jogo. Não adianta treinar por treinar. E isso vale para mudanças. Não adianta mudar por mudar. São apenas dois dias para a partida com uma viagem no meio. Não teremos tempo para trabalhar. Por isso, com exceção das mudanças obrigatórias (o volante Amaral e o lateral-esquerdo Manoel estão suspensos, além disso o lateral Ávila, com dores na coxa é dúvida) a tendência é que a equipe seja a mesma do jogo contra o Vila. Até para valorizar os atletas que conquistaram um resultado tão perseguido, que era voltar a vencer".