As mãos trêmulas da atleta, um dia antes da partida, mostravam o grau de ansiedade dela, que sonhou com esse momento especial. "Eu entrava pisando com pé direito (na Arena) e balançava as redes no sonho", contou. "Essa ansiedade é muito grande e tenho que focar para controlar o jogo. Acho que vou sentir uma espécie de orgulho e alegria", comentou Ester, eufórica.
Para celebrar o acontecimento, pais, amigos da escola e das redes sociais foram avisados para apoiar as meninas alvirrubras. Ester convidou o seu pai, já que sua mãe não tem simpatia pelo esporte, mas prometeu torcer pela filha em casa. "Ela disse que vai orar por mim. Disse que está muito feliz e que vai torcer pela nossa vitória", sorriu Ester.
A emoção de participar do primeiro jogo de futebol feminino na Arena é compartilhada pelas outras atletas do Náutico. "Imagina quem já passou por lá. Eu estou arrepiada. Vou dar o melhor de mim neste jogo, caso eu seja escalada. Mesmo que não jogue, é uma chance única na vida", declarou Thaisa Xavier, 21.
SEM RECEBER
Apesar do momento histórico, a realidade no futebol feminino do estado e no Brasil não permite tanta comemoração. As atletas do Náutico perdem o brilho da empolgação quando o assunto é a ajuda de custo que as atletas esperavam receber. O Brasileiro e Pernambucano começaram e nada. As jogadoras seguem pagando as passagens para treinar no clube.
A meio campista Thaynara Furtado, 21, havia conversado com o Superesportes, no começo do ano e relatado a espera de um posicionamento do clube. Disse, agora, que a situação não mudou. Acrescentou que o técnico Jeronson França vem ajudando financeiramente as jogadoras para não deixarem de vir nos treinamentos.
"Ainda não teve mudanças. O pessoal fala que vão dar um jeito na situação, mas a previsão é só no segundo semestre ou ano que vem. Eles estão dependendo da liberação de verba da CBF. Quem sempre pode e dá passagem pra gente é Gera (técnico). Mas eu entendo a situação. O clube está em crise, os Aflitos passando por reforma, tudo um caos", disse.