Quatro derrotas seguidas. Foi isso que bastou para o técnico Dado Cavalcanti entregar o cargo de técnico do Náutico. Antes da quarta-feira terminar o técnico se reuniu com a direção alvirrubra e chegaram a um acordo que ele não comandaria mais a equipe após a derrota por 1 a 0 para o Guarani de Juazeiro pela Copa do Brasil. Agora a busca se inicia a busca por um novo treinador para a equipe.
“Eu conversei com Eduardo (Henriques) e de comum acordo, não foi entrega de cargo, um acordo de cavalheiros. Acho que é o momento adequado. Abro mão da multa rescisória pensando na perspectiva do que o clube terá pela frente. Os resultados motivaram essa decisão. Isso nunca aconteceu comigo. Nunca perdi quatro jogos seguidos. Principalmente pela desclassificação na Copa do Brasil. Hoje criamos e tivemos chances, mas não conseguimos vencer. Estava tudo caminhando bem e não tivemos a força de tirarmos o resultado negativo. É algo que eu não esperava e infelizmente não aconteceu”, explicou o treinador após a desclassificação da Copa do Brasil.
Dado eximiu os jogadores da atual fase do clube e explicou que achou melhor sair do comando técnico. Acredita que uma nova visão possa ajudar o clube. “Os jogadores se dedicaram. Não tenho que que falar deles e nem da direção. Eles sempre me deram o que precisávamos. Parece que tem uma nuvem negra em cima. Talvez a chegada de um novo treinador ajude o time a ir melhor”, comentou.
Questionado se foram apenas as derrotas ou outro fator teria influenciado na sua decisão, Dado foi direto. Negou que exista outro motivo para sair do clube e dissipou qualquer suposta influência do caso Maylson no seu desligamento. “Só foi a sequência mesmo. Não vamos criar outro bicho. A situação de quatro derrotas traz um peso muito grande. Esse peso e esse desgaste faz com que você tenha que sacrificar peças para que o time possa florescer. O problema é que o galho a ser cortado foi o meu. A sequência trouxe esse desgaste”.
Na entrevista coletiva, Dado foi perguntado se poderia dar uma nota do seu desempenho como técnico do Náutico. Em números ele não afirmou, mas disse que o desempenho foi longe do esperado e demonstrou estar insatisfeito com o desempenho ofensivo da equipe.
“É bem diferente. Uma coisa é trabalho e outra é resultado. O Náutico é quarto colocado no Pernambucano, terceiro em uma chave da Copa do Nordeste e eliminado da Copa do Brasil. Um desempenho pífio. Acho que em campo nossa primeira metade de campo está muito boa e a segunda nem tanto. Precisa de ajustes. Não falo de mudanças ou de trocas, mas alguns ajustes na equipe. Procurar outra forma de buscar o ataque”, pontuou.
A esperança de Dado era que a classificação com o time pudesse recuperar a confiança e mudar o panorama dentro do clube. Algo que não ocorreu e ele não viu alternativa a não ser dar espaço para outra pessoa fazer o trabalho. “Eu penso que o Náutico tem uma forma de jogar que obviamente o início de trabalho precisa ser amadurecido e de confiança. A medida que o resultado não vem ela é abvalada. A gente não tem tido uma qualidade no último terço de campo e acertado a finalização. Isso é uma autocritíca. Isso faz os jogadores desistirem de tentar algo diferente. Sei que se tivéssemos classificado hoje essa confiança voltaria”.
A decisão é surpreendente não pela sequência negativa de resultados, mas pela pouca quantidade de jogos que o técnico teve no comando do clube. Foram apenas sete partidas no comando do Alvirrubro. O problema foi a recente sequência. Foram apenas duas vitórias, um empate e quatro derrotas. Neste período foram cinco gols marcados, sete sofridos e um aproveitamento de 33,3%.
Dado Cavalcanti foi confirmado como técnico do clube no último dia 2 de dezembro, exatamente um mês antes da pré-temporada ser iniciada. Durante estes 30 dias, Dado se dividiu entre montar o elenco junto com a diretoria e em um curso de técnicos da CBF. O técnico contou com a grande maioria do elenco ainda na primeira semana de trabalho e pode iniciar a implantação do seu esquema tático.
Nos 21 dias de trabalho com o elenco na pré-temporada, Dado praticamente deu o mesmo número de chances à todos os jogadores e na estreia contra o Uniclinic, mesmo sem seus principais atletas, foi possível ver que o time tinha se adaptado bem ao esquema de jogo sugerido pelo técnico. Contudo, a fragilidade do adversário iludiu quem viu aquela primeira partida. Nos jogos seguintes o time não foi o mesmo. Quando os jogadores mais experientes e considerados titulares entraram na equipe o Timbu caiu visivelmente de produção e o técnico decidiu não seguir mais no comando do clube.