Apesar de ainda não estar plenamente recuperado, Lucas será transferido do Hospital Português, onde passou os últimos três anos e meio internado, para a sua casa. O seu tratamento em home care - além de 90% do aluguel do seu novo apartamento, no bairro da Torre - será custeado pela empresa responsável pelo acidente, a Pedrosa. O mínimo para quem teve sua vida completamente transformada.
Durante toda a manhã, Lucas recebeu a imprensa para falar da sua recuperação. Em momento algum, tirou do rosto o sorriso por chegar a uma conquista tão importante. Da janela do quarto, apontou para a maior saudade que teve nesses anos: o mar. E riu. Como espera fazer daqui para a frente.
Aos poucos, ele espera retomar a sua rotina. Que, ainda em decorrência das sequelas do incidente, será rodeada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Afinal, embora ele tenha saído do hospital, seu tratamento segue praticamente inalterado. A mudança, como explica a família, será na maior liberdade proporcionada pelo lar.
"Em casa ele vai ter um dia a dia mais tranquilo. Vai poder comer a comida feita pela mãe, passear pela casa, levar sol, ir para a varanda quando quiser. Não se compara com o que ele vivia aqui, tendo que trocar de quarto constantemente (por questões de higiene) e sem tanta liberdade", coloca seu tio, José Maria. A rotina da família de Lucas, completamente devastada após o incidente, também terá um ganho. Afinal, sua mãe e seus irmãos praticamente viveram no hospital durante todo esse tempo.
JUSTIÇA
Em paralelo ao retorno de Lucas à sua casa, a família continuará a sua batalha por justiça. O julgamento do segurança José Carlos Feitosa Barreto, acusado de atirar no jovem, sequer tem data marcada. Fato que não é esquecido pela família. Ele vai responder por tentativa de homicídio qualificado e porte ilegal de arma.
MILAGRE
A equipe médica que cuidou de Lucas Lyra durante todo esse período não escondeu a surpresa por ver o torcedor alvirrubro deixar o hospital. "Foi um milagre. Ele reescreveu a literatura. Ele teve várias infecções no hospital e, muitas vezes, foi dito a família que ele poderia não sobreviver", afirmou a infectologista Fátima Lima.