Náutico

NÁUTICO

Kuki lembra semelhanças entre Náutico de 2015 e 2001 e afirma: chegou a hora da base

Para ídolo alvirrubro, clube superou momento ainda mais complicado em 2001

postado em 06/01/2015 08:29 / atualizado em 06/01/2015 08:29

Pedro Galindo /Especial para o Diario

Teresa Maia/DP/D.A Press
Orçamento limitado, rostos desconhecidos, crise política e um longo jejum de títulos. A descrição é perfeita para o cenário do Náutico neste início da temporada de 2015. Mas também cabe perfeitamente para falar do começo de um outro ano, que terminou sendo um dos mais positivos na história recente do clube: 2001. Foi quando o Timbu comemorou a conquista do Campeonato Pernambucano justamente no seu aniversário de cem anos. Quem enxerga e ressalta essa semelhança é ninguém menos que Kuki, grande destaque daquele time vitorioso.

Hoje ocupando o cargo de auxiliar técnico alvirrubro, o baixinho continua com a mesma personalidade forte dos tempos de jogador. Ele concedeu uma entrevista ao Superesportes. Falou das dificuldades que o Náutico deve enfrentar ao longo do ano - segundo ele, também uma realidade para muitas outras equipes -, e disse que elas são menores do que quando ele chegou ao clube. Comentou sobre a relação com o novo técnico, bem como sobre seus planos de futuro. E, em tempos de Copa São Paulo de Futebol Junior, cravou: “chegou a hora” da base no Timbu.

Quais são as suas expectativas sobre o Náutico para esse ano que está começando?
A gente espera que a gurizada encarne o espírito guerreiro, assim como em 2001, quando o Náutico estava em uma situação muito difícil, juntou jogadores que eram até então desconhecidos e conseguiu ser campeão pernambucano e fazer uma grande Copa do Nordeste.

O pessoal da base está tendo essa chance com Moacir, e nesse momento eles têm que dar o seu melhor, para que realmente mostrem que tem valor. A gente sempre bate na tecla de usar a base. E chegou a hora deles assumirem essa responsabilidade, se doarem nos trabalhos, para que tudo isso se repita nos jogos.

Que semelhanças você vê entre o Náutico de 2015 e o de 2001, ano de sua chegada ao clube?

Creio que em 2001 a situação era mais difícil ainda. Era muito mais complicada, e o Náutico formou um grupo de jogadores que se uniram dentro de campo e passaram por cima de todas as dificuldades.

Naquela época também eram jogadores desconhecidos, mas já mais velhos. O que esse pessoal de hoje tem é identificação com a casa. Muitos vêm de anos na base, então eles estão mais ligados que a gente. A gente foi se ligando mais com o Náutico ao longo dos anos.

O que você espera dos garotos que foram para a Copa São Paulo de Juniores?

A gente espera que eles possam dar o seu melhor lá, mostrar seu valor. Porque é uma competição que é uma vitrine, tem se mostrado ao longo dos anos muito válida para os clubes, projeta muitos jogadores. Então, o negócio é aproveitar.

Muitos desses jovens que estão representando o Náutico na Copinha serão usados no elenco profissional?
Tudo depende do desempenho deles, da campanha que fizerem. O Náutico tem que se acostumar a ir mais adiante, subir um degrauzinho a mais, para que no futuro o clube possa chegar nas cabeças da Copa São Paulo. Isso é de fundamental importância.

Como o Náutico vai fazer para aplicar à prática o discurso “pés no chão”?
Não é só o Náutico, é o caminho do futebol brasileiro. Acho que todo mundo tem que ir se adequando, acabou a farra dos grandes salários. Tem muitos jogadores hoje desempregados, com dificuldades para acertar, porque é muito difícil um clube conseguir um patrocínio pra bancar esses jogadores.

Eu creio que esse dinheiro que os clubes pagam a mais devia ser utilizado para reestruturar a base. O Brasil hoje é um país de terceiro mundo com salários de primeiro mundo. Isso tem que começar a mudar aos poucos. Toda reformulação gera uma dor de cabeça, mas ela é necessária para o bom andamento das coisas.

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
 

Na sua opinião, quais são as metas do Náutico para 2015?
É jogo a jogo. Tem o primeiro contra o Salgueiro, o segundo, e aí vamos subindo os degraus, pra alcançar os objetivos. Não vou dizer que vou ser campeão brasileiro se não venci a primeira partida do campeonato. O Náutico vai ter que viver dia a dia, com os pés no chão.

Como está a relação com Moacir Júnior até então?
O Moacir que a gente vê é um cara altamente trabalhador. Tem o estilo do Waldemar Lemos, que a gente conhece bem. Ele está dando total abertura ao pessoal da comissão para debater sobre esse ou aquele jogador, e a gente está aqui pra ajudar. Mas além de ajudar, a gente torce pelo sucesso do profissional.

Como vai ser a relação do Náutico com a base em 2015?
Sem dúvida, esse ano essa relação vai ser mais ativa ainda. A gente precisa revelar novos jogadores. Revelar não, porque quem se revela são eles. A gente precisa lançar no mercado novos jogadores. Então, a gente vai dar total acompanhamento, uma força maior, mas sempre exigindo o máximo do atleta. Porque o futebol de alto rendimento exige todo o esforço do atleta, então o pessoal de baixo vai ter que se acostumar assim, para quando chegar aqui em cima, já estar calejado quanto a essas cobranças.

Quais são seus planos para o futuro? Se manter como auxiliar ou experimentar outras funções no futebol?
Eu não tenho perfil para ser treinador, não quero isso. O que eu posso fazer é ajudar fora de campo. Essa questão de treinador é para quem tem perfil, e não é o meu caso.