FAIR PLAY
Após acordo entre CBF e Bom Senso, antecipação de cotas pode sofrer restrições
Dirigentes pernambucanos comentaram medida, parte do "fair play" financeiro
postado em 08/10/2014 09:00 / atualizado em 07/10/2014 20:01
Na última segunda-feira, Bom Senso FC e CBF finalmente alcançaram um entendimento no que tange às regras do chamado fair play financeiro, uma das principais bandeiras do grupo de jogadores desde o início dos protestos no segundo semestre de 2013. O acordo foi fechado após encontro no Rio de Janeiro, que também reuniu representantes do sindicato dos jogadores, patrocinadores e uma comissão de clubes apontada pela entidade máxima do futebol no país.
O acerto pode entrar em vigor já no início de 2015. Isso ocorrerá se o texto da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, que deve incluir a nova regra, for votado ainda em 2014. Uma possibilidade que Arnaldo Barros, diretor de futebol do Sport, vê como difícil. “Entrar em vigor no ano que vem é muito otimismo, porque é só um projeto de lei que está sendo elaborado. Ainda vai passar por todas as comissões em Brasília para depois ser aprovado”, declarou, em conversa com a reportagem do Superesportes.
O fair play financeiro pode representar também um duro golpe em uma das práticas mais corriqueiras entre os clubes brasileiros: a antecipação das cotas de transmissão da televisão. O que foi acertado na reunião é que os clubes só poderão usar receitas futuras para a construção de ativos, como estádios e centros de treinamento. Impedindo, assim, que esse dinheiro seja usado como garantia para contratar jogadores, o que não raro termina ocasionando problemas de atraso de salários.
Para o presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, trata-se de uma iniciativa bem vinda, mas que, sozinha, não vai ser suficiente para resolver os problemas do esporte no país. “As receitas futuras não serem antecipadas é uma medida que pode ser extremamente positiva, desde que o futebol brasileiro seja repensado, e que a distribuição de cotas passe a ser federativa e igualitária”, afirmou o mandatário. Ele frisou, no entanto, que o Tricolor não foi convidado para o debate. “O Santa Cruz é a favor, mas não se sente representado, porque não participou do processo”, disse.
Pela redistribuição
Na contramão dos coirmãos, Gustavo Ventura, vice-presidente do Náutico, não se mostra muito empolgado com a possibilidade discutida na reunião. Ele alega que a antecipação de receitas é, atualmente, uma necessidade de grande parte dos clubes do país. Principalmente dos mais tradicionais, que vêm somando dívidas há muitas décadas. “Dificilmente um clube antecipa uma cota de contratos futuros por uma vontade de gastar indevidamente. Provavelmente ele já tem um passivo acumulado que dificulta o pagamento de obrigações”, contou, lembrando a situação atual do Timbu.
Assim como o presidente do Santa, o dirigente alvirrubro defende que, antes de ser proibida a antecipação de cotas, seja revista a distribuição de receitas entre os clubes do Brasil. “Essa medida tem que levar em consideração a realidade dos clubes. Não sei se esse é o principal problema do futebol brasileiro. Não acho que o governo deve controlar como o clube gasta suas receitas. O controle pelo controle, sem nenhum tipo de contrapartida, eu não vejo muitas vantagens. Primeiro vamos estabelecer cotas mais equilibradas. Por enquanto, com a divisão que existe hoje, não vejo benefício nem para clubes, nem para os jogadores”, finalizou, cético
O acerto pode entrar em vigor já no início de 2015. Isso ocorrerá se o texto da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, que deve incluir a nova regra, for votado ainda em 2014. Uma possibilidade que Arnaldo Barros, diretor de futebol do Sport, vê como difícil. “Entrar em vigor no ano que vem é muito otimismo, porque é só um projeto de lei que está sendo elaborado. Ainda vai passar por todas as comissões em Brasília para depois ser aprovado”, declarou, em conversa com a reportagem do Superesportes.
O fair play financeiro pode representar também um duro golpe em uma das práticas mais corriqueiras entre os clubes brasileiros: a antecipação das cotas de transmissão da televisão. O que foi acertado na reunião é que os clubes só poderão usar receitas futuras para a construção de ativos, como estádios e centros de treinamento. Impedindo, assim, que esse dinheiro seja usado como garantia para contratar jogadores, o que não raro termina ocasionando problemas de atraso de salários.
Para o presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, trata-se de uma iniciativa bem vinda, mas que, sozinha, não vai ser suficiente para resolver os problemas do esporte no país. “As receitas futuras não serem antecipadas é uma medida que pode ser extremamente positiva, desde que o futebol brasileiro seja repensado, e que a distribuição de cotas passe a ser federativa e igualitária”, afirmou o mandatário. Ele frisou, no entanto, que o Tricolor não foi convidado para o debate. “O Santa Cruz é a favor, mas não se sente representado, porque não participou do processo”, disse.
Pela redistribuição
Na contramão dos coirmãos, Gustavo Ventura, vice-presidente do Náutico, não se mostra muito empolgado com a possibilidade discutida na reunião. Ele alega que a antecipação de receitas é, atualmente, uma necessidade de grande parte dos clubes do país. Principalmente dos mais tradicionais, que vêm somando dívidas há muitas décadas. “Dificilmente um clube antecipa uma cota de contratos futuros por uma vontade de gastar indevidamente. Provavelmente ele já tem um passivo acumulado que dificulta o pagamento de obrigações”, contou, lembrando a situação atual do Timbu.
Assim como o presidente do Santa, o dirigente alvirrubro defende que, antes de ser proibida a antecipação de cotas, seja revista a distribuição de receitas entre os clubes do Brasil. “Essa medida tem que levar em consideração a realidade dos clubes. Não sei se esse é o principal problema do futebol brasileiro. Não acho que o governo deve controlar como o clube gasta suas receitas. O controle pelo controle, sem nenhum tipo de contrapartida, eu não vejo muitas vantagens. Primeiro vamos estabelecer cotas mais equilibradas. Por enquanto, com a divisão que existe hoje, não vejo benefício nem para clubes, nem para os jogadores”, finalizou, cético