Futebol Nacional

SALGUEIRO CAMPEÃO

No clube desde 2013, sertanejo Ranieri levanta a taça para o Salgueiro após dois vices

Capitão do Carcará era único remanescente do clube das finais perdidas em 2015 e 2017: "Da esperança a gente nunca desiste", afirmou

postado em 06/08/2020 00:59 / atualizado em 06/08/2020 01:15

(Foto: Paulo Paiva/DP)
Quando o zagueiro Ranieri ergueu a 106ª taça do Campeonato Pernambucano, o gesto simbolizou a escrita de uma nova página na história da competição. O primeiro título do Sertão não poderia ter um representante melhor se não pelas mãos de um sertanejo. Natural da cidade de Malta, na Paraíba, a 330 km da capital João Pessoa, o capitão encontrou em Salgueiro o ponto mais alto da sua carreira de jogador. Uma jornada de luta e resistências, onde só os que são fortes o suficiente são capazes de superar frustrações, receios (o capitão desperdiçou a sua cobrança na disputa de pênaltis), até enfim alcançar a glória.

Ranieri chegou ao Salgueiro em 2013, logo depois do baque que o clube sofreu na dura semifinal contra o Santa Cruz. Ali o discurso de 'favorecimento da capital', sobretudo em erros de arbitragem foi bradado aos quatro ventos nas reclamações dos sertanejos. O zagueiro também viveria os seus próprios dissabores, em 2015 e 2017, respectivamente contra o mesmo Santa e o Sport, quando o Carcará bateu na trave.

"Em 2012 eu não estava ainda, mas pelo que o pessoal falava na época não ficou bem resolvida. Em 2015 a gente criou uma expectativa boa. Era a primeira final do clube e tínhamos tirado o Sport com elenco milionário, com Diego Souza. Tínhamos uma equipe entrosada e jogadores experientes, acostumados com decisões. Mas perdemos muitas chances em casa e até pênalti, e a gente sabia que no Arruda seria um jogo muito forte com a torcida", relembrou Ranieri.

"E em 2017, também com boa base, o jogo final era em casa. Mas teve toda aquela paralisação do jogo (o intervalo de 52 dias entre as duas finais), e ainda a polêmica do VAR (no gol do Sport). E aconteceu o que aconteceu. Ficou uma tristeza, mas também a esperança", continuou.

Desta vez seria diferente. O sonho de levantar a taça, enfim, se tornaria real. Reforçando a máxima do escritor Euclides da Cunha, autor de 'Os Sertões'. "Eu não vou mentir e dizer que não pensava nisso. Estaria mentindo se dissesse que não tinha essa vontade. A gente tem um elenco bom, de qualidade também, e sabíamos que era uma possibilidade boa de ser campeão. Passo a passo, bons jogos, nós chegamos. Da esperança a gente nunca desiste. O sertanejo é um forte por natureza. Batalhador. E o Salgueiro uma equipe sempre foi aguerrido", festejou Ranieri.

E quis o destino que fosse justamente contra o Santa Cruz, logo na casa do rival. "O passado é passado, mas já havia uma rivalidade entre as duas equipes. E cada um sempre quer ganhar. Esse ano foi totalmente diferente, com outros jogadores, mas esse clube merece pelo que vem fazendo em grandes campanhas. Merecíamos quebrar esse tabu", encerrou o campeão.