Futebol Nacional

DIREITOS DE TRANSMISSÃO

Clubes pernambucanos repercutem MP dos direitos de transmissão sancionada nesta quinta

Com contratos amarrados para as suas competições, Náutico e Santa Cruz não devem ser afetados pela mudança nos termos de negociação com emissoras

postado em 18/06/2020 21:00 / atualizado em 18/06/2020 21:02

(Foto: Caio Falcão/CNC)
Aprovada nesta quinta-feira pelo Poder Executivo, a Medida Provisória 984/20 determinou que os direitos de transmissão das partidas de futebol passam a pertencer ao clube mandante, que poderá renegociar os termos em que jogos serão reproduzidos, algo que modifica as dinâmicas que estavam presentes na Lei Pelé. Dessa forma, com a queda do "direito de arena", interessados em transmissões esportivas terão de sentar-se apenas com os times mandantes e não mais com as duas equipes para negociar. 

O texto também apresenta modificações no tocante a patrocínios e negociação de contratos com jogadores. De acordo com o documento, volta a ser permitido que as emissoras de rádio e TV, inclusive por assinatura, patrocinem ou veiculem sua marca nos uniformes das equipes participantes da competição, algo que era proibido até a publicação da mesma. 

Quanto aos contratos dos atletas, a MP prevê que os clubes possam firmar vínculos mínimos de 30 dias com os atletas até o dia 31 de dezembro de 2020, quando será encerrado o estado de calamidade instaurado devido à pandemia da Covid-19. Anteriormente, a Lei Pelé previa prazo mínimo de 90 dias nos contratos de trabalho esportivos.

Procurados pela reportagem do Diario de Pernambuco, os representantes de Náutico e Santa Cruz apontaram que os novos termos de negociação pouco mexem com a vida dos clubes, que possuem contratos de transmissão firmados e ainda em vigor para todas as competições em que estão envolvidos. Até o momento da publicação desta matéria, não houve retorno dos representantes do Sport que foram contactados. 

Náutico 

De acordo com Edno Melo, o Náutico não sofrerá nenhum efeito imediato quanto aos direitos de transmissão, pois tem vínculo com a Rede Globo para o Estadual e a Série B até 2022. Além disso, o mandatário Timbu ainda colocou que há a possibilidade dos clubes ganharem em poder de negociação dependendo dos contratos que forem estabelecidos.
 
"Em primeiro momento, não vai fazer diferença nenhuma. Em relação ao Náutico, especificamente, e também à grande maioria dos clubes (da Série B), que tem contrato com a Globo até 2022, o contrato, inclusive, está para ser renovado agora, em 2021. Então, o benefício maior foi para aqueles clubes que não renovaram ainda seu contrato com a Rede Globo, como é o caso do Flamengo, que vai poder vender seus jogos como mandante para qualquer streaming ou emissora."
 
"Com certeza os clubes vão ganhar em poder de negociação, claro. Mas, da mesma forma que vai existir isso, vão existir outros mecanismos, dentro dos contratos para moldar um pouco para esse tipo de situação.  A questão contínua é se você tiver um contrato bem feito. Se tiver um contrato com a Globo, com o SBT, com a DAZN, com a Fox, seja com quem for, e esse contrato seja bem feito, vai garantir um pode de negociação bem maior", apontou Edno Melo.

Santa Cruz  

O presidente coral, Constantino Júnior, aponta que o Santa Cruz irá adotar uma postura mais comedida e irá esperar a repercussão do documento editado pelo Executivo. Tininho coloca que a situação do Tricolor é semelhante à do rival alvirrubro, uma vez que possui contratos com Globo (Campeonato Pernambucano), Fox Sports, LiveFC e SBT (Copa do Nordeste) e DAZN (Série C).
 
"Este modelo é algo que acontecia na Europa até a década passada. O que impressona foi a rapidez da tramitação. Por enquanto estamos acobertados, pois temos contratos de adesão em todas as competições que disputamos. Com os contratos vigentes, vamos aguardar os desdobramentos e conversar com pessoas especializadas em mídia para termos noção da repercussão. Temos contrato com a Globo até 2022 para o Campeonato Pernambucano e isso não terá mudanças. Na Série C, assinamos um contrato de adesão com o DAZN, por isso não se pode vender."
 
De acordo com o mandatário, a situação mudaria quando o clube chegar à Série A, onde os contratos de transmissão negociados individualmente e de maneira anual. Porém, ele aponta ainda que esse "poder de barganha" é maior para os clubes de maior influência no cenário nacional. 
 
"Quando chegarmos à Série A é outra situação, pois os contratos são negociados ano a ano. Além disso, temos que mensurar a questão da venda dos jogos. Para times grandes é mais fácil, já para as equipes de menor porte não é tanto. O que vamos fazer agora é aguardar", explicou Constantino Júnior.