A pandemia do coronavírus vem causando estragos em todo o mundo, com vários setores ainda procurando soluções para lidar com a situação. E muitas perguntas sem respostas. No caso, do futebol brasileiro não é diferente. Com as paralisações por tempo indeterminado das principais competições do país, o próprio calendário da CBF está em xeque, bem como a continuidade dos estaduais.
Procurado pelo Diario de Pernambuco, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, que desde o último sábado vem participando de reuniões na sede da CBF, no Rio de Janeiro, reconheceu o momento de incertezas. Porém descartou, por ora, a possibilidade dos estaduais serem dados por encerrados em definitivo.
Para o dirigente, essa medida só será tomada no pior cenário possível, e que a cada dez dias, a CBF irá se reunir para analisar as possibilidades do retorno dos campeonato no país. Sempre respeitando as decisões tomadas pelo ministério da saúde quanto ao combate ao Covid-19.
Ainda segundo Evandro, caso seja adotada, a decisão de suspender os estaduais terá que partir da própria CBF e não das federações. “No momento essa possibilidade (encerrar o estadual) é impossível de ocorrer, não só em Pernambuco, como em qualquer estado. Isso porque essas competições estão dentro do calendário nacionais. Elas apenas foram suspensas por uma contingência junto ao ministério da saúde. Mas daí a encerrar em definitivo vai uma distância muito grande”, pontuou.
“O ministério da saúde ajustou a cada 10 dias fazer uma avaliação. Esse é o protocolo. Essa possibilidade (encerrar os estaduais) é a menos provável. Para que isso ocorra seria preciso que não tivéssemos mais datas no ano todo. A federação não pode encerrar a competição. Para fazer isso é necessário uma determinação da CBF”, completou Evandro.
Santa campeão?
Porém, caso as paralisações se estendam, há outros problemas relacionados. Alguns clubes do interior já se manifestaram a favor do cancelamento em definitivo do Campeonato Pernambucano, alegando não terem como arcar com o pagamento dos elencos por um período acima do planejado inicialmente. Além disso, há o estrangulamento do próprio calendário nacional, uma vez que o Campeonato Brasileiro tem início previsto para maio.
“Os clubes têm a opção de jogar ou não, mas a federação não pode encerrar a competição sem extrapolar todos os prazos. Se o Brasileiro começar, joga misturado (com os estaduais), o que se vai fazer? Na verdade não temos como projetar”.
Na Europa, a Uefa já sugeriu às confederações darem os campeonatos nacionais, todos em pontos corridos, por encerrados, sendo declarados campeões os times atualmente na liderança. Evandro, no entanto, alegou que essa solução não poderia ser adotada com o Campeonato Pernambucano, uma vez que a competição é disputada, a partir da segunda fase, em sistema eliminatório. O Santa Cruz garantiu a liderança da fase de classificação, com uma rodada de antecedência.
“Não é o nosso caso. Como poderíamos decretar um campeão se não se jogou todos os jogos? Não é uma situação fácil. Já declarar a nulidade da competição é uma possibilidade que não pode partir da federação. Ela tem que vir da CBF. A federação não tem poder de extinguir um campeonato, segundo o regulamento geral das competições. Teria que ser uma decisão nacional. Mas isso só acontecerá se não houver solução. Evidentemente, a essa altura, tudo está posto sobre a mesa”, concluiu o presidente da FPF.