Os três perseguidores
Caso seja derrotado pelo Fluminense em pleno Maracanã - resultado absolutamente natural- o Sport pode até voltar para a 19ª posição, desde que Vitória, América e Chapecoense ganhem seus jogos. Dos três perseguidores, o time mineiro é o que tem o caminho mais fácil na rodada. Neste sábado recebe o rebaixado Paraná Clube. O “adversário certo na hora certa”. O América amarga uma sequência de nove jogos sem vencer, mas isso não significa que perdeu a competitividade, já que são apenas três derrotas neste recorte. Com promoção de ingressos e até mesmo cerveja de graça no pré-jogo, a direção espera um grande público no Independência para criar uma atmosfera de decisão. E é uma decisão - até porque os três jogos seguintes são de alto grau de dificuldade: Inter (fora), Santos (casa) e Palmeiras (fora). Difícil imaginar uma vitória nesta tríade. Se acontecer, é muito fora da curva. É justamente aí que entra em cena o argumento da “frieza” necessária ao Sport na assimilação desta rodada. Aconteça o que acontecer. Ficar um ponto atrás do América não é, nem de perto, o fim do mundo.
O diferencial do Vitória
O Vitória é o perseguidor mais perigoso do Sport por ser o único que pode ultrapassá-lo nos critérios de desempate. Por exemplo, se o time de Milton Mendes arrancar um empate no Maracanã, apenas o rival baiano teria chance de deixar a zona de rebaixamento. Para isso precisaria vencer o clássico com o Bahia por dois gols de diferença. Ou até mesmo por apenas um, desde que fizesse dois gols a mais que o Sport na rodada. Entretanto é importante situar o cenário do duelo no Barradão. O Vitória atravessa um momento de forte turbulência na competição. A sequência de resultados negativos levou destaques do time para o banco (como Neílton e André Lima) e culminou na demissão de Paulo César Carpegiani após o empate em 1 a 1 com o Paraná. Sem contratar um novo técnico, a diretoria apostou na efetivação do auxiliar João Burse (numa estratégia que remete a do Sport em 2016 e 2017 com Daniel Paulista). Por mais que seja um ato de desespero, considero uma tentativa válida. Não havia qualquer sinal de reação nas últimas semanas. Enquanto isso, do outro lado, o Bahia apresenta seu melhor rendimento no ano. Mesmo na eliminação da Sul-americana, teve um desempenho superior ao do Atlético/PR. Enderson Moreira encaixou a equipe gradualmente a partir da entrada do jovem Ramires, que deu outra dinâmica ao meio de campo. Quanto a motivação, o Tricolor ainda precisa de pontos para zerar o risco de queda e se aproximar do retorno à Sul-americana. Isso sem falar na enorme rivalidade local, intensificada este ano com os jogos de extrema tensão e violência no Estadual.
As fichas da Chape
A derrota em casa para o Vitória na 29ª rodada tirou a Chapecoense do eixo e zerou a margem de erro. Agora um dos piores visitantes da Série A (11 derrotas e 5 empates) precisará vencer suas três partidas em casa para chegar aos 43 pontos. Uma faixa que não é segura para a permanência, mas traz uma possibilidade bem factível. Eu, particularmente, acredito nesta margem de salvação - sobretudo para Sport e Vitória (pela vantagem no principal critério de desempate). Dos quatro times em questão neste texto, a equipe catarinense tem o desafio mais complicado da rodada. Na segunda-feira, enfrenta o Santos em plena Vila Belmiro. Qualquer ponto será muito fora da curva. Por isso as fichas estão mesmo reservadas para os confrontos na Arena Condá contra Botafogo, Sport e São Paulo - respectivamente. Longe de ser uma missão simples. Não é pra ninguém, na verdade.
Não é a decisão
Detalhar o contexto dos perseguidores é fundamental para situar o cenário que o Sport terá contra o Fluminense neste domingo. Entrará em campo, inclusive, tendo parte significativa do cenário da rodada já desenhado. Claro que existe uma empolgação um pouco acima do tom em torno do rubro-negro. Pelas três vitórias consecutivas e, mais ainda, pode ter saído de uma situação de assimilação de rebaixamento para uma condição de factível permanência. O X da questão deste texto está no entendimento de que a decisão não será no Maracanã. Por mais que o adversário esteja desgastado (vem de uma série de três jogos duros com seu time titular, dois pela Sul-americana, incluindo uma viagem internacional), abalado pela derrota da última quarta-feira para o Atlético/PR, e sem o seu principal jogador (Sornoza foi expulso no clássico com o Vasco), o time de Milton Mendes não tem demonstrado equilíbrio fora de casa. Foram 12 gols em três jogos. Uma média absurda de quatro por partida. O que aconteceu em Porto Alegre, contra os reservas do Grêmio, foi uma exceção. Não dá para basear chances de vitória com placares como 3 a 2 ou 4 a 3. Portanto, para ser competitivo, o Sport precisa ter um sistema defensivo seguro. Este é o ponto de partida - até mesmo para criar um incômodo e aumentar a pressão no Fluminense. Se isto acontecer, os aspectos negativos em torno da equipe de Marcelo Oliveira podem se potencializar e, aí sim, abrir uma brecha para o clube pernambucano trazer o duelo para o seu molde. Um ponto já valerá muito. A tabela do Sport vira a chave na quarta-feira - entrando na reta final enfrentando três dos seis melhores times da Série A em 4 jogos: Flamengo, São Paulo e Santos.