A violência que ofusca o futebol

Não é futebol, não é esporte. É a mais crua e fria violência. A morte que se apresenta como troféu, incentivada pela impunidade torpe, que só deixa de existir na tragédia. Como deverá acontecer agora. No último domingo, o Recife foi, mais uma vez, vítima da complacência com a violência que arrasa as quartas, os sábados, os domingos de futebol. Mais uma briga de gangues, provavelmente marcada com antecedência, que terminou com feridos graves. A partir desta segunda, as promessas de combate devem ser renovadas.

A confusão chegou aos olhos de quem quis ver. No início da tarde, vídeos da briga apareceram nas redes sociais. Nele, uma pessoa está deitada no chão e é agredida por mais de 20 pessoas, que utilizam pedaços de madeira, pedras e até uma pá como armas. Há socos e chutes. A intenção era matar. A pessoa agredida foi Amilton Lima, identificado como um dos dirigentes da facção organizada Inferno Coral.

O torcedor foi socorrido para o Hospital Getúlio Vargas (HGV) com traumatismo craniano. Na segunda-feira, porém, deixou o hospital. Ainda sem receber alta, Amilton assinou um termo de responsabilidade, assumindo possíveis sequelas da interrupção do internamento. Apesar de orientado, ele apresentava diversos cortes e um edema na cabeça. Outro integrante da Inferno Coral também foi agredido e encaminhado ao HGV. Este teve alta ainda no domingo.

Com base nas imagens que circularam na tarde de domingo, a polícia conseguiu deter dois envolvidos nas agressões. Um deles estava na arquibancada da Ilha do Retiro. O outro num bar próximo ao estádio. Um é menor de idade e foi encaminhado ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente. Ele seria a pessoa que agride a vítima com uma pá.

A outra pessoa foi autuada em flagrante no Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP). De acordo com o delegado João Brito, o suspeito será indiciado por tentativa de homicídio, rixa e formação de quadrilha. Ele destacou ainda que o Comando de Operações e Recursos Especiais (Core) seguiu na investigação para identificação de outras pessoas que aparecem no vídeo. “As equipes que efetuaram essas prisões continuam em diligência para identificar os outros elementos envolvidos nessas agressões”, afirmou ele, ontem à noite.

Mais violência
Houve o registro ainda de mais um caso de agressão antes do jogo. Um torcedor foi agredido por um grupo. Ele deu entrada no Hospital da Restauração às 17h46 com convulsões e estava em situação estável. Uma pessoa foi detida e encaminhada à Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva. Foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).