A Ilha do Retiro receberá, às 15h deste domingo, o jogo que marca a final de mais uma competição estadual feminina. E será daquele jeito. Entre rubro-negras e tricolores. De um lado, com 25 gols marcados e 13 pontos na competição, está o Sport. Do outro, com 24 gols e mesma quantidade de pontos, a união de duas tricolores que forma o Vitória/Santa Cruz. Os dois clubes contabilizam sete títulos na disputa cada uma. Após terem sofrido eliminação do Brasileirão Feminino A1, as equipes se (re)encontram “em casa” para decidirem quem leva o estadual 2019, representado pelo Troféu Garra da Mulher Pernambucana, em homenagem à jornalista Graça Araújo.
As leoas, distribuindo os treinos em somente duas vezes por semana, buscaram fazer da eliminação na competição nacional um trampolim de resgate ao principal objetivo dentro de campo. “(As atletas) vieram desenganadas e desacreditadas, com muitas críticas. Cada dia que passava eu dizia: em cada jogo, mesmo apanhando, estamos nos fortalecendo”, comentou a coordenadora de futebol do Sport, Janira Ricardo, comumente conhecida por “Nira”.
O destaque rubro-negro é a atacante Esterfany, de apenas 16 anos. No Leão desde o mês de janeiro, ela é conhecida na equipe por “tímida e monossilábica”, como revelou Nira, mas dentro de campo a garota não economiza na hora de marcar e tem seu futebol caracterizado como “perfeito” pela coordenadora. Esterfany foi, por três vezes, a responsável pelo bom resultado da equipe no último jogo em cima do Íbis. 3 a 0 na conta da atacante. Inclusive, a atleta está na mira do Corinthians e da Seleção Brasileira sub-17, segundo Nira.
O destaque tricolor é a artilharia Nadine, uma das três pernambucanas que compõem o grupo. Dela, o presidente Marlon destacou "o futebol e a dedicação."
No comando do Sport, a treinadora, Keila Felício, de 37 anos, ressaltou que uma tarefa nada fácil de comandar no grupo é o processo de remodelamento de fases. “Transformar atletas que viveram sua formação e maturação como amadoras em atletas profissionais.”
“No Brasileiro a nossa primeira meta era não cair para Série A2, mas infelizmente não obtivemos sucesso. No Pernambucano, nossa meta era chegar a final e manter a hegemonia na competição. O primeiro passo foi alcançado e estamos na final, agora queremos mostrar a força e a união da nossa equipe”, exaltou Keila.
O presidente do Vitória, Marlon Rafael, destaca que caso o título permaneça com sua equipe, a conquista será marcada também na vida de muitas atletas. "Tão importante para o grupo quanto para o clube, podendo ser o oitavo título pernambucano para o clube e o primeiro para algumas atletas."
Terceiro Lugar
As equipes femininas do Íbis (6 pontos) e Náutico (9 pontos) se enfrentarão, às 10h, também neste domingo, no Estádio Ademir Cunha, em Paulista. Do confronto, sairá o time que ficará em terceiro lugar no Pernambucano Feminino. A terceira colocação reserva um lugar no Campeonato Brasileiro da Série A2.
Invisibilidade
Que a disparidade entre o futebol feminino e o masculino vem tentando ser diminuída a cada rodada, já se tem conhecimento. Mas, suor e empenho por esse tipo de mudança parecem não ser de preocupação igual - ou compartilhada. Um péssimo exemplo disso, está no próprio site da Federação Pernambucana de Futebol, que às vésperas de mais uma decisão de campeonato não atualizou informações da competição feminina. O que mais chamou atenção foi uma partida datada no ano de 1970 entre a rodada seguinte, que no caso, acontece neste domingo. Em 2019. Ironicamente, no aplicativo da FPF, criado com o intuito de “modernizar e democratizar” o acesso, a situação é a mesma.
Para o processo de apuração nas pautas, a reportagem do Superesportes obtém algumas das informações do futebol feminino local através de contato com um assessor da instituição.