Um clube de futebol é feito de vitórias, decepções, títulos, mas sobretudo, de ídolos. Os legítimos representantes do torcedor dentro de campo. Corpo e alma de cada conquista. E em 100 anos, não faltam jogadores que
ajudaram a construir a história do Santa Cruz. Por isso, a missão proposta pelo Superesportes foi das mais ingratas. Como escolher os melhores entre os melhores e montar aquele que seria a seleção do centenário coral? O time dos sonhos de todo tricolor? Responsabilidade tão grande que não cabe somente a nós.
Por isso, o Diario ouviu 20 personalidades ligadas ao clube. Dirigentes atuais e do passado, ex-jogadores, artistas, jornalistas e torcedores símbolos. Pessoas que viveram e vivem o Santa Cruz. Dentro de uma faixa etária que evitasse qualquer distorção. Ou seja, nem apenas jovens, o que poderia prejudicar os craques do passado, nem somente pessoas mais experientes, o que poderia fazer com que o saudosismo prevalecesse.
E mesmo sabendo que impedir injustiças seria algo impossível, pode-se dizer que esse sentimento foi minimizado ao perceber que no Santa Cruz de todos os tempos o goleiro Tiago Cardoso, do time atual, divide a defesa com Aldemar, xerife do Supercampeonato de 1957. A base da “selesanta”, no entanto, é formada pela geração de 1970. Não por acaso, a década mais vitoriosa do clube.
Tiago CardosoPeríodo no clube: desde 2011
Jogos: 131
Títulos: Pernambucano (2011, 12 e 13) e da Série C (2013)
Votos recebidos: 9Após chegar ao clube em 2011, Tiago Cardoso virou um dos símbolos do soerguimento do Santa. Mostrando frieza embaixo das traves, elasticidade e ótimos reflexos virou dono da camisa 1 coral. Tanto que nunca começou um jogo no banco. Se notabilizou também por crescer em decisões, ao ponto de receber nota 10 pelo Diario na final do Estadual de 2013.
Carlos Alberto BarbosaPeríodo no clube: 1974 a 1980
Jogos: 299
Gols: 5
Títulos: pernambucano (1976, 1978 e 1979)
Votos recebidos: 10
Carlos Alberto Barbosa era conhecido pela velocidade, visão de jogo e precisão nos cruzamentos, sem se descuidar da parte defensiva. Ainda atleta coral, foi convocado pela seleção brasileira em 1979. Faleceu em 1982, após sofrer uma parada cardíaca quando defendia o Sport em jogo contra o XV de Jaú, pelo Brasileiro.
Aldemar
Período no clube: 1954 a 1958
Jogos: 204
Gols: 35
Títulos: Pernambucano (1957) e torneio Pernambuco-Bahia (1956)
Votos recebidos: 7
Aldemar aliava força e classe e se destacava pelo senso de antecipação. Contratado junto ao Vasco, marcou, de pênalti, um dos gols da vitória por 3 a 2 sobre o Sport, na Ilha do Retiro, que garantiu o primeiro supercampeonato do tricolor. Após se transferir para o Palmeiras, chegou a ser pré-relacionado para a Copa de 1962, mas acabou de cortado. Faleceu em 1977.
Ricardo Rocha
Período no clube: 1982 a 1984
Jogos: 156
Gols: 3
Títulos: Pernambucano (1983)
Votos recebidos: 13
Ao chegar no Santa Cruz, em 1982 oriundo do Santo Amaro, Ricardo Rocha era lateral-direito, mas acabou deslocado para a zaga pelo técnico Carlos Alberto Silva que explicou: “o desloquei porque na zaga ele chegará a seleção, já na lateral não”. Dito e feito. Aliando técnica e liderança, Ricardo fez parte do elenco tetracampeão mundial em 1994. Pelo Santa foi titular no supercampeonato de 1983 e hoje é o embaixador do centenário coral.
Pedrinho
Período no clube: 1974 a 1980
Jogos: 342
Gols: 13
Títulos: Pernambucano (1976, 78 e 79)
Votos recebidos: 15
Pedrinho chegou ao Arruda em 1974, logo após o pentacampeonato. E logo na sua primeira decisão, perdeu o título para o Náutico. Isso, no entanto, não o impediu de ser o maior lateral-esquerdo do Santa Cruz. Já em 1975 foi um dos destaques do 4º lugar no Brasileiro. Ainda conquistaria os estaduais de 1976 (super), 78 e 79. Hoje mora no Rio de Janeiro.
Givanildo OliveiraPeríodo no clube: 1968 a 1976 e 1977 a 1979
Jogos: 599
Gols: 35
Títulos: Pernambucano (1969, 70,71,72,73,76,78 e 79)
Votos recebidos: 14
Revelado pelo clube, Givanildo Oliveira é superlativo. Jogador que mais vestiu a camisa do Santa Cruz na história é também o que mais vezes foi campeão pelo tricolor. Ao todo são oito estaduais como jogador, além de um como treinador, em 2005. Também foi semifinalista do Brasileiro em 1975. Jogador de excelente técnica e precisão nos passes, foi convocado 13 vezes para a seleção brasileira, sendo campeão do Torneio Bicentenário dos Estados Unidos, em 1976, como atleta coral.
MazinhoPeríodo no clube: 1975 a 1977
Jogos: 117
Gols: 43
Títulos: Pernambucano (1976)
Votos recebidos: 9
Após brilhar no Santos, de Pelé, e no Grêmio, Mazinho chegou ao Arruda em 1975 onde logo ganhou o apelido de “Deus de Ébano”. Em seu primeiro ano, marcou sete gols na campanha do 4º lugar do Brasileiro, melhor posição da história do clube. Lesionado, não enfrentou o Cruzeiro nas semifinais. Muitos dizem até hoje que se estivesse em campo, a história teria sido outra…
HenágioPeríodo no clube: 1983 -1985 e 1991 a 1993
Jogos: 195
Gols: 34
Títulos: Pernambucano (1983)
Votos recebidos: 9
Henágio chegou ao Arruda em 1983 e logo viraria ídolo ao ser um dos destaques do tri-Super. Extremamente rápido e habilidoso, além de ótimo cobrador de faltas, foi apontado como o substituto de Zico, ao ser contratado pelo Flamengo em 1987. Também se notabilizava pelo extracampo, por ser assumidamente um boêmio. O que não tirou o seu brilho.
Luciano VelosoPeríodo no clube: 1966 - 1975
Jogos: 409
Gols: 174
Títulos: pernambucano (1969, 1970, 1971, 1972 e 1973)
Votos recebidos: 17
Só o fato de ser o segundo maior artilheiro da história do clube, atrás apenas de Tará, já bastaria para imortalizar o nome de Luciano Veloso como um dos maiores do Santa. Mas esse meia de puro talento, apelidado de “A Maravilha do Arruda”, fez ainda mais. Foi pentacampeão estadual, sendo o atleta que mais atuou, com 126 jogos, e o que mais marcou gols (69, ao lado de Fernando Santana), nos cinco anos dourados.
NunesPeríodo no clube: 1975 a 1978
Jogos: 152
Gols: 86
Títulos: Pernambucano (1976)
Votos recebidos: 8
Ao longo da sua carreira, o atacante Nunes ficou conhecido por vários apelidos. Entre eles, “o artilheiro das decisões”. Alcunha que começou no Arruda, ao marcar, então com 22 anos, o primeiro gol na vitória por 2 a 0 sobre o Náutico que garantiu o título do Supercampeonato de 1976. Em 1978, ainda atleta tricolor, foi convocado para disputar a Copa da Argentina. Acabaria, no entanto, cortado por lesão.
RamonPeríodo no clube: 1969 a 1975
Jogos: 377
Gols: 148
Títulos: pernambucano (1969, 70, 71, 72 e 73)
Votos recebidos: 17
Cria da casa, Ramon se tornou o terceiro maior goleador da história do Santa Cruz. O seu faro de gol, no entanto, não ficaria restrito apenas as fronteiras estaduais. No Campeonato Brasileiro de 1973, o atacante se sagrou o artilheiro da competição, com 21 gols, superando nada menos que Pelé (com 18), sendo o primeiro jogador a conseguir o feito por um clube do Nordeste. Foi, ao lado de Luciano Veloso, o jogador mais lembrado, com 17 votos.
Evaristo de MacedoPeríodo no clube: 1972 e 1977 a 1979
Jogos: 235
Títulos: pernambucano (1972, 78 e 79)
Votos recebidos: 12
Craque de clubes como Flamengo, Barcelona e Real Madrid, Evaristo de Macedo estava apenas no segundo ano de carreira como treinador, quando assumiu o Santa pela primeira vez. E logo se sagrou campeão pernambucano. Voltaria ao clube no final de 1977 para levantar mais duas taças nos anos seguintes. Com tanto prestígio foi eleito com folga como o melhor treinador dos 100 anos corais, superando nomes como Carlos Alberto Silva e Abel Braga.
Alguns nomes que ainda ficaram de fora…..Goleiros: Aníbal (2 votos), Detinho (3), Birigui (5), Luis Neto (1)
Laterais: Gena (3), Edinho (2) e Marco Antônio (2)
Zagueiros: Paranhos (6), Alfredo Santos (6) e Levi Culpi (4), Everton Sena (3) e Diogo (2)
Volantes: Zequinha (5) e Zé do Carmo (7)
Meias: Lanzoninho (3) e Betinho (1)
Atacantes: Tará (5), Marlon (6) , Fumanchu (4), Joãozinho (2) e Siduca (2).
Técnico: Carlos Alberto Silva (4)
Outros lembradosGoleiro: Luís Neto
Zagueiros: Múcio, Nagel, Eraldo, Birunga, Sebastião da Virada, Paulo Ricardo, Palito, Sidney e Sidinho
Laterais: Egídio e Just
Meias: Rivaldo, Sérgio China e Betinho
Atacantes: Mainha, Terto, Dênis Marques, Fernando Santana, Washington, Mituca, Rudimar, Faustino, Jorginho e Gabriel
Técnicos: Paulo Emílio, Abel Braga, Givanildo Oliveira e Alfredo Gonzales
Quem votou
Antônio Luiz Neto, 57 anos, presidente; Constantino Júnior, 34 anos, diretor de futebol; João Caixero, 79 anos, ex-presidente; Dirceu Paiva, 82 anos, curador do museu do clube; Rodolfo Aguiar, 76 anos, ex-presidente; Bacalhau, 74 anos, torcedor-símbolo; José Neves Filho, 63 anos, ex-presidente; Cannibal, 43 anos, músico; Maestro Spok, 42 anos, músico; Ramon, 63 anos, ex-jogador; Givanildo Oliveira, 65 anos, ex-jogador e técnico; Luís Neto, 57 anos, ex-jogador; Evaldo Costa, 58 anos, jornalista; Ricardo Rocha, 51 anos, ex-jogador e embaixador do centenário; Inácio França, 45 anos, jornalista; Marcelo Farias, 34 anos, torcedor; Getúlio Cavalcanti, 71 anos, músico; Alexandre Mirinda, 59 anos, ex-presidente; Vulpian Maia, 92 anos, torcedor; A turma da tesoura; Tricolores do Superesportes.
Curiosidades
- O presidente do clube, Antônio Luiz Neto, foi o único a escalar o atacante Dênis Marques na seleção dos sonhos do Santa. Curiosamente, o jogador não revelou contrato para 2014.
- Além de Dênis Marques e do eleito Tiago Cardoso, outro jogador do atual elenco coral lembrado para a seleção de todos os tempos foi o zagueiro Everton Sena, com três votos.
- Torcedor-simbolo do Santa, o folclórico Bacalhau escalou todo o time Supercampeão de 1957. Incluindo o técnico, Alfredo Gonzalez.
- Mais velho a participar da eleição, o torcedor Vulpian Maia, de 92 anos, elegeu Tiago Cardoso e Everton Sena, no seu time ideal. Já o jornalista Inácio França, de 45 anos, lembrou do zagueiro Sebastião da Virada, herói coral do final dos anos 20 e início dos 30.
- Maior artilheiro da história do Santa Cruz, com 207 gols, e presente nos cinco primeiros títulos do clube (1931, 32, 33, 35 e 40), Tará foi talvez o maior injustiçado da lista final. Terminou como quarto atacante mais lembrado, com cinco votos, perdendo para os eleitos Ramon, Nunes e para Marlon, que atuou nos anos 80, lembrado seis vezes.