Esboço do escudo desenhado por Lacraia

Se o Santa Cruz se orgulha de ser hoje um clube com grande apelo popular, a semente foi plantada logo em sua fundação, ao admitir a presença no time do negro Teófilo Batista de Carvalho. Além de ser um dos primeiros ídolos do clube, Lacraia, como era conhecido, também desenhou o escudo, que se mantém até hoje. No entanto, morreu com uma mágoa. A de não ter assinado a ata da fundação do clube, por não estar presente à reunião inaugural devido aos estudos. A revelação foi feita pelo neto do ex-jogador, o engenheiro Gil Baptista Bacellar, de 63 anos, que reside hoje em Campos, no Rio de Janeiro.

“Não tive muito contato com o meu avô, mas lembro que ele era muito chateado por não ter assinado a ata de fundação do clube. Ele chegou a comentar isso comigo algumas vezes. Na época ele estava estudando para entrar na escola de engenharia e por isso não esteve na reunião. Ele pediu para assinar depois, mas não deixaram”, recordou Gil Bacellar, que, apesar de passar boa parte da vida morando fora de Pernambuco, não deixou de lado as raízes tricolores.

“Nasci e com meses fui morar no Rio de Janeiro. Com 21 anos, voltei para o Recife para prestar vestibular. Nessa época ia muito para a casa do meu avô para estudar. Lembro dele escutando os jogos do Santa Cruz no rádio. Depois que me formei passei a morar em vários estados e há dois anos estou em Campos, mas nunca deixei de acompanhar o Santa”, afirma.

“Me interesso muito pela história da fundação do clube. Da história dos meninos que fundaram o Santa após jogarem bola em frente à igreja. E também o fato do meu avô ter bordado o escudo, de ter sido o primeiro negro a jogar em um time em Pernambuco. Tenho muito orgulho disso. Hoje procuro sempre me informar sobre a equipe, mesmo morando longe”, finalizou Gil, pai de quatro filhos. Três deles, tricolores.