O gaúcho Ícaro Machado Vieira, 65 anos, se aposentou em 2003 e trocou, definitivamente, o ar pela água. Velejador há 40 anos, ele foi, por 38, piloto de avião. E conta que sua história não é inédita. “Mais ou menos há 10 anos, éramos 28 comandantes na Varig. Todos velejadores”, diz ele, que começou a navegar um pouco antes de iniciar a sua trajetória nos ares, na represa de Guarapiranga, em São Paulo.
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Ícaro vai participar da Refeno como tripulante no barco de um amigo |
“A vida passa tão rápido dentro de um avião que a gente quer andar mais devagar e ter um pouco de contato com a natureza quando está for a dele”, explica Ícaro. “Acho que por isso que vemos mais pilotos com barco a vela do que lancha.” Apesar de velejar constantemente, Ícaro nunca fez uma grande travessia. Seu sonho é atravessar o Atlântico. Até porque, para ele, há dois tipos de velejadores: os que já atravessaram o oceano e os que não.
Apesar de nunca ter feito travessia, Ícaro já velejou nos Estados Unidos e na Europa, com amigos que moram fora do país. Essa será a sua sétima Refeno, sexta como tripulante. Só veio com o próprio barco, o monocasco Alondra, em 2004. “É muito melhor ir em barco de amigo. Quando é o nosso, a gente faz tudo. Assim não tem preocupação”, confessa.
PraiaÍcaro tem apartamento em São Paulo e casa em Angra dos Reis. Admite que hoje passa mais tempo na casa de praia do que em São Paulo. Foi em Angra, inclusive, que o passatempo ganhou mais força. Com Vaz, um comandante e grande incentivador da vela que tinha casa no mesmo condomínio. “A coisa foi crescendo e eu fui tomando gosto”, conta Ícaro.
Mas nem a sua mulher nem os seus filhos gostam do esporte como o gaúcho. Nem mesmo o filho mais novo, que seguiu a carreira de piloto, mas se limitou ao céu. “É uma pena, mas é bom porque eles respeitam meu hobby.” Em breve vai visitar a filha mais velha na Austrália. Mas ainda não será desta vez que vai fazer uma grande travessia. “Vou de avião”, completa.