A falta de igualdade no tratamento ofende. Pior: prejudica. Para os técnicos especialistas em paratletismo e para os paratletas mais experientes, uma opinião prevalece: tratar um deficiente como “coitadinho” não ajuda no desenvolvimento da pessoa. “Dependendo da deficiência, ele pode fazer tudo, é só saber das limitações. O problema é que a maioria não sabe onde fazer, a família não leva, não deixa. Trata como incapaz”, diz Abraão Nascimento, técnico da melhor paratleta da atualidade em Pernambuco, Jenifer Martins. “A maioria é desenrolado, viaja, namora, faz de tudo. Mas o problema é que a família trata muito como coitado. Não pode”, acrescenta.
| |
Anirely tem bons resultados no lançamento de dardo, disco e também peso |
Ser tratado como coitadinho é algo que nunca aconteceu com Expedito Lima. “Minha avó nunca me tratou diferente dos meus irmãos e primos por minha deficiência. Me mandava carregar a cacimba d’água do mesmo jeito. Os vizinhos achavam um absurdo o menino de muletas fazer aquilo. Mas isso me fez ser quem eu sou hoje”, afirmou o pai de Anirely e Anecherly.
Pensamento compartilhado pelo técnico Jállysson Jader, o Jajá, professor que treina os paratletas na UFPE. “O sistema acostumou eles verem o mundo girar em torno de si. Quando eles encontram o mundo, veem que a vida é diferente, tem outros valores.”
Para piorar…Além das dificuldades familiares, os paratletas muitas vezes também têm que enfrentar os problemas de mobilidade. “Além de tudo, o acesso é péssimo para eles. Não temos calçadas, rampas... nada. Não tem profissionais qualificados, equipamentos. A gente não tem local adequado nem para os não deficientes. O único equipamento em nível mundial que há em Pernambuco é a Arena Pernambuco”, criticou Abraão, seguido pelo colega de profissão. “Como eu vou cobrar do governo um apoio aqui se ele não dá o básico à população? Não há saúde, educação, segurança”, pontuou Jajá.
Comentar notícia
Verificando informações
Esta matéria tem:
(0) comentário(s)
Não existem comentários ainda