O sorriso de Jéssika é intraduzível. Assim como a sua força. A atleta de 21 anos nasceu com paralisia cerebral. Tem a parte esquerda do corpo parcialmente afetada. Do homem que a colocou do mundo, nem o sobrenome herdou. Não gosta de falar nisso. Como também dispensa a compaixão. O assunto principal dela é o esporte, os títulos, o sonho. Terceira melhor do Brasil no salto em distância, Jéssika quer chegar às Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
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Jéssika foi ouro logo na primeira competição que disputou, em Manaus |
O abandono no nascimento não privou Jéssika Fernandes de um pai. Apenas reuniu as duas figuras, pai e mãe, em Vandilma de Lima. Quando a sua filha nasceu, ela abriu mão da vida. Largou o emprego de doméstica, mudou os hábitos, adaptou-se à nova rotina. Vive em um quartinho nos fundos da casa da mãe, na Vila São Miguel. “Vivíamos na fisioterapia, em médicos. Acaba que o sustento vem do benefício dela”, explica Vandilma.
Dinheiro para os remédios, transporte e alimentação. Pouco para construir uma paratleta de ponta. Suficiente para Jéssika. “O que essa menina faz é incrível. Ela tem tudo para ser paratleta olímpica. Tem hora que passo um treino mais forte pois sei que ela quer. Fico constrangido de atrapalhar o sorriso dela pela dor do treino”, afirma o técnico Jállysson Jader, o Jajá, que treina Jéssika no Campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A descobertaDesde os dois anos, Jéssika entrou na natação. Mas foi só em 2009 que encontrou a sua verdadeira paixão: o atletismo. Com toda dificuldade e superando as convulsões esporádicas, corre até cinco quilômetros por dia. “Em 2009, ela viajou sem mim pela primeira vez na vida. Foi para Manaus. Fiquei com o coração pequeno. Mas valeu muito a pena. Ela ganhou no salto em distância e ainda ficou em segundo na corrida de 100 e 400 metros”, disse Vandilma, que carrega consigo a filha todos os dias em quatro ônibus. Através do esporte, Jéssika já viajou para vários estados do país, sempre com destaque. “Essa menina é um exemplo para qualquer pessoa. Ela enfrenta tudo de frente. Já é uma vencedora”, afirma o técnico Jajá.
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