COPA

Investigação vai do voluntário ao presidente

Trabalho no combate à manipulação de resultados vai bem além dos gramados

postado em 20/06/2014 12:46 / atualizado em 20/06/2014 13:18

Cassio Zirpoli /Diario de Pernambuco

Getty Images/Fifa.com/Divulgação
Cassio Zirpoli
Enviado especial

Rio de Janeiro - "Para problemas globais, soluções globais". Na entrevista coletiva concedida nesta sexta, Ralf Mutschke, diretor de segurança da Fifa, afirmou que a entidade já instruiu 192 das 209 associações nacionais de futebol, além das seis confederações continentais, sobre o combate à manipulação de resultados no futebol. Para o Mundial do Brasil, a estrutura foi estendida, não só nos jogos, mas a todas as pessoas envolvidas na organização, credenciadas nos doze estádios. Na prática, vale do voluntário ao chefe da subsede.

O trabalho em conjunto com a Interpol deixou de ser focado apenas no rendimento em campo, nas atuações árbitros e jogadores e trabalho dos técnicos. Passa a ser, plenamente, nos bastidores. Com registro de câmeras nos corredores e análises de comportamento. O temor, como Ralf fez questão de dizer, é real.

"O futebol está sendo ameaçado globalmente pela manipulação. Principalmente pelo crime organizado, porque eles tentam se infiltrar no futebol. Por isso, é necessário proteger a credibilidade dos jogos e dos torneios. Quando digo nós, não só a Fifa, mas todas as associações", afirma o dirigente. De acordo com ele, a estratégia é baseada na "tolerância zero".

Nada de segunda chance para casos suspeitos. "A Fifa é responsável pela Copa da Mundo e seus outros torneios, mas todas as associações precisam fazer o mesmo em seus campeonatos nacionais", completou, ressaltando a ampliação das sanções previstas no artigo 136 do código disciplinar da entidade. "Fora do campo, os oficiais são as autoridades", se referindo à fiscalização de atos suspeitos que possam resultar em manipulação de resultados - como agentes ligados à casa de apostas.

Um problema na solução dos casos é a esfera criminal, pois nem sempre as sanções da Fifa se aplicam neste sentido. Ou seja, jogadores ou árbitros acusados de fraudar resultados podem até ser expulsos, mas não necessariamente presos - o mesmo se aplica oficiais, diretores e até voluntários. Na Copa do Mundo de 2014, o trabalho, compartilhado com o Interpol, vem monitorando todos os lances dos 64 jogos agendados.