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Campeão do Centenário

Aos 100 anos, hexacampeão América luta para retomar o passado de glórias

Clube vê torcida encolher com o passar dos anos, mas pequeno grupo se mantém fiel

Brenno Costa - Diario de Pernambuco

Publicação:

12/04/2014 08:00

 

Atualização:

15/04/2014 19:36

Torcida do América permanece fiel ao clube (Brenno Costa/DP/D.A Press)
Torcida do América permanece fiel ao clube
Um grupo de cinco torcedores de verde e branco chega em passos apressados. Falta pouco. Dentro de cinco minutos, o América entraria em campo para enfrentar o Serra Talhada, pelo Campeonato Pernambucano. De fora do estádio Ademir Cunha, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, o barulho da torcida é tímido. O som de Jairo da Buzina se houve de longe. Apenas ele. No girar da catraca, as arquibancadas surgem vazias. O cenário, definitivamente, não condiz com as glórias do América, o campeão do Centenário.

Naquela partida do dia 14 de março deste ano, o time alviverde corria para se manter na Primeira Divisão do Estadual. Questão de honra. O Periquito estava perto de completar 100 anos de história. Era preciso se doar. O pequeno grupo de torcedores já estava aceso. Gritava muito. Eram só “elogios” ao árbitro da partida e palavras de apoio aos jogadores. No fim, veio o alívio. O América venceu o Serra Talhada por 3 a 2.

“Nós não estamos no melhor estádio de Pernambuco. Não jogamos no melhor gramado. Não temos os melhores jogadores, mas isso aqui é a essência do futebol”, afirma Tercio Trindade, de 42 anos. “O América vai estar vivo para completar mais 100 anos. Daqui a algum tempo, veremos um América campeão”, acrescentou. O orgulho do torcedor remonta ao tempo em que o Alviverde era gigante. Ao tempo que batia de frente com os principais times do estado.
Jogos do América, como este contra o Santa Cruz, em 1968, tinham arquibancadas lotadas (Arquivo/DP/D.A Press)
Jogos do América, como este contra o Santa Cruz, em 1968, tinham arquibancadas lotadas

Na verdade, o América nasceu para ser grande. Quando foi fundado no dia 12 de abril de 1914, jogador de futebol era chamado doutor. O tratamento formal brotava das páginas dos jornais. Era tempo em que o esporte bretão se jogava apenas por paixão ao clube, por lazer. Tinha sangue inglês. Pioneiro que é, o Esmeraldino, um dos fundadores da entidade que deu origem a Federação Pernambucana de Futebol, tratou de mudar os rumos da modalidade no estado. O clube alviverde, ao lado do grande rival Sport, decidiu contratar jogadores profissionais.

 

Com Alex, Bermudes e Perez trazidos com o dinheiro do coronel Seixas, que presidia o clube, o Mequinha se tornou campeão pernambucano em 1918. O treinador era Guilherme Aquino de Fonseca -  que havia fundado o Leão da Ilha, mas saiu brigado do Rubro-negro. Foi o início de uma trajetória gloriosa. O time conquistou mais outros cinco estaduais. O último foi em 1944. Desde então, não conseguiu voltar ao topo do futebol. Afastou-se até do Estadual por vezes (1959 a 1962, 1996 a 1998, 2000, 2002, 2003 e 2007). A torcida encolheu em número. Mas o coração americano ainda bate. Agora, renovado.

Arquibancada do Ademir Cunha não ficam lotadas, mas apoio não falta ao Periquito (Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press)
Arquibancada do Ademir Cunha não ficam lotadas, mas apoio não falta ao Periquito
 

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