O LEÃO DOS LEÕES

O pequeno Alessandro Beti Rosa

A história do menino que ajudava o pai vendendo água no Pacaembu e se tornou goleiro

postado em 18/04/2015 15:00 / atualizado em 17/04/2015 15:43

Daniel Leal /Diario de Pernambuco , Brenno Costa /Diario de Pernambuco

Paulo Paiva/DP/D. A Press
“Água! Água! Água!”, gritava o menino Alessandro, aos seis, sete anos, enquanto ajudava o pai nos bicos de fim de semana nos estádios paulistas. Era trabalho. Inadequado para a idade. Aos olhos do menino, porém, era diversão. Nessa época, o pai, seu Félix, que durante a semana trabalhava numa gráfica, nos fins de semana vendia água nos estádios. Quase sempre levava o filho, já catequizado no coração: assim como o pai, Alessandro nasceu corintiano.

A fotografia antiga, preservada, comprova. Nela, Alessandro está no berço. Sentado, segura uma bola vermelha entre as pernas. Rente à caminha, uma bandeira grande do Corinthians. Praticamente da estatura do menino. Não gostar de futebol, portanto, estava completamente fora do script escrito pelo pai do jogador. E assim foi.

 

Paulo Paiva/DP/D. A Press

Por isso, os olhos do menino brilhavam com o trabalho. Em especial, quando era no Pacaembu, quando quem estava em campo era o Corinthians. Um olho no torcedor com sede, outro no campo. Assistindo aos seus ídolos. Certamente, sonhando em ser como alguns deles. Desejo muito distante da realidade.

Alessandro nunca teve privilégios na vida. A sua infância e adolescência foi comum a de milhares de garotos da periferia paulistana. Ele cresceu na Cohab, Carapicuíba, em São Paulo, jogando num campinho na frente de casa. “Tivemos uma infância humilde, embora nunca tenha nos faltado nada. Privada de muitos luxos que, hoje, nossos filhos podem usufruir”, afirma Marilu Beti Rosa. Esposa há 20 anos, companheira da vida inteira, literalmente. Marilu era vizinha do goleiro desde os primeiros anos de vida.

Antes dela entrar na vida de Alessandro, veio a paixão pelo futebol. No campinho, nos estádios, no Pacaembu. Escolheu logo cedo as luvas como instrumento de trabalho. Magrinho, mas sempre mais alto que os colegas da mesma idade, recebeu o incentivo do pai para deixar de se meter na linha. Aos 12 anos, teve a primeira experiência “profissional”. Levado pelo pai para fazer um teste no Corinthians, foi barrado de cara: apenas os sócios podiam participar da “peneira”. Era apenas a primeira de muitas frustrações que viriam pela frente.

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