Oficialmente, a janela de transferências internacionais se abre hoje. Ou seja, é a partir de agora que Neymar passa a pertencer ao Barcelona. Ontem, foi também a despedida oficial do Brasil. Não poderia ter sido melhor. Foi de um jeito que ele mesmo se surpreendeu, conforme revelou após a vitória sobre a Espanha. Foi decisivo, marcou quatro gols, deu duas assistências. Eleito o melhor em campo em quatro dos cinco jogos que disputou. No fim, a coroação, sendo escolhido como o melhor jogador do torneio.
Neymar encarou com coragem a responsabilidade de vestir a camisa 10. Se para a maioria esse simples número pesa toneladas, em nenhum momento ele demonstrou sentir tal pressão. O menino jogou leve, solto, nem parecia que as expectativas de um país inteiro estavam em cima dele. Encarar responsabilidades nunca foi problema para o atacante. A atuação na Copa das Confederações veio para deixar isso claro.
A vida de Neymar está prestes a passar por uma transformação. Ele viverá um choque de realidades que ainda não é sequer capaz de imaginar. No Barcelona, terá novas provas pela frente. Vai ter que se adaptar ao novo time. Vai ter que convencer novos torcedores, a um novo tipo de imprensa. Vai ter que vencer novos desafios.
Daqui a um ano, é certo que um Neymar diferente estará entrando em campo pela Seleção. A camisa 10 será a mesma. Que a naturalidade dele também seja a mesma. Que o poder de decisão dele seja o mesmo. Mas que o estilo do craque esteja ainda mais refinado. Hoje, o Brasil tem certeza de que tem um jogador diferenciado a seu serviço. E que isso fique claro, também, para o resto do mundo.
Neymar Jr.
Craque do jogo90 minutos jogados
24 passes
3 chutes
2 gols
3 faltas cometidas
4 faltas sofridas
Nascido para usar a 9Fred passou em branco nos dois primeiros jogos da Copa das Confederações. Pior. O reserva imediato dele, Jô havia entrado nas duas partidas e marcado uma vez em cada. Questionamentos surgiram. Poucos, mas surgiram. Nada que abalasse a confiança de Felipão no seu jogador. E o treinador tratou de deixar isso bem claro para ele, antes da partida com a Itália. “Você pode errar até a bola, mas vai jogar os 90 minutos”, disse o técnico, a ele, na ocasião. Não deu outra: o atacante jogou a partida inteira, marcando duas vezes. E engrenou. Repetiu a dose diante do Uruguai. Fechou com chave de ouro contra a Espanha: mais dois. Não tem outro. Fred nasceu para usar a 9.
Dívida quitadaO Brasil vencia por 1 a 0. Fazia uma partida perfeita. Na única falha do time no primeiro tempo, porém, a Espanha quase complicou. Pedro recebeu sozinho na direita. Bateu tirando de Julio Cesar. A bola caminhava mansa para o gol. Mas não chegou lá. David Luiz deu uma arrancada impressionante. Deslizou de carrinho, esticando a perna, tirando a bola. Valeu mais que um gol. Criticado, principalmente após a atuação insegura diante da Itália, o zagueiro estava em dívida. Não mais. Pagou e com juros. A dupla com Thiago Silva segue firme e forte.
Confiança restabelecidaFelipão dá uma grande valor à camisa 1 das suas equipes. Não coloca qualquer um lá. Não basta ser bom. Mas também não precisa nem ser o melhor. Essencial é ser digno da confiança do treinador. E foi assim que Julio Cesar voltou a ser titular da Seleção. Contestado, marcado pelo lance que resultou na eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2010, poucos apostavam no sucesso dele. Mas o que confiança não faz. Felipão deu isso e mais um pouco. E o goleiro retribuiu sendo um dos destaques da equipe na Copa das Confederações. Decisivo na defesa do pênalti de Forlán, na semifinal contra o Uruguai. Seguro diante da Espanha. Deve ganhar, com justiça, uma segunda chance na Copa de 2014.
“Filho” de FelipãoA primeira chance de Luiz Gustavo na Seleção foi com Mano Menezes. Mas foi Felipão quem o fez titular. Não poderia ser diferente. O volante é o tipo de jogador que ele gosta. Por isso, teve uma atenção toda especial com ele. Ajustou o posicionamento do jogador, que capitaneou a blitz de marcação na final contra a Espanha. Foi perfeito nos desarmes. Implacável na perseguição aos craques do meio-campo espanhol. Hoje, fica difícil imaginar o time sem ele. É o companheiro perfeito para Paulinho.