Velocidade

FÓRMULA 1

1º de maio de 1994: O dia em que o país chorou

Há 24 anos o Brasil perdia um dos seus maiores ídolos: Ayrton Senna

postado em 01/05/2018 09:00 / atualizado em 30/04/2018 19:57

AFP
"E neste momento, a médica Maria Teresa Fiandri comunica, a todos os jornalistas aqui no Hospital Maggiore, de Bolonha, que Ayrton Senna da Silva está morto. Morreu Ayrton Senna da Silva. É o comunicado oficial do hospital Maggiore, de Bolonha. Morreu Ayrton Senna da Silva. Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar. Morreu Ayrton Senna da Silva". Primeiro de maio de 1994. Às 13h40, as palavras do repórter Roberto Cabrini, por telefone, na TV Globo, faziam o país chorar. Há 24 anos, o esporte nacional perdeu um dos seus maiores ídolos. A Fórmula 1, um dos seus maiores gênios. O Brasil, um dos seus poucos heróis.

O gênio

Senna é, junto com Nelson Piquet, o maior campeão do país na categoria (cada um tem três títulos, contra dois de Emerson Fittipaldi, o terceiro brasileiro campeão na categoria). Ayrton é o maior vencedor de corridas. Das 101 vitórias do país, 41 foram com Senna (23 com Piquet, 14 Fittipaldi, 11com Rubens Barrichello, 11 com Felipe Massa e uma com José Carlos Pace). Senna teve, durante muito tempo, o recorde mundial de Pole Positions. As 65 que ele conquistou foram ultrapassadas pelas de 68 de Michael Schumacher e pelas 73 de Lewis Hamilton, ainda em atividade. Na chuva, quando o talento do piloto fala mais alto do que a potência dos motores dos carros, Senna era imbatível.

O ídolo

No dia 22 de junho de 1986, no GP dos Estados Unidos, Senna conquistou sua quarta vitória na Fórmula 1. Uma das mais emblemáticas, pelo que aconteceu logo após o piloto cruzar a linha de chegada. Ele pegou uma bandeira do Brasil e "desfilou" com ela até chegar ao pódio. Quis mostrar orgulho de ser brasileiro, um dia após a Seleção ser eliminada pela França na Copa do Mundo do México. Desde então, Senna repetiria o gesto em cada vitória, construindo uma relação de idolatria com o brasileiro. Pesquisa feita pelo Datafolha em 2014 perguntou a 798 pessoas quem era o maior ídolo da história do esporte brasileiro, e 46% dos entrevistados responderam Ayrton Senna (Pelé, o segundo colocado, teve 23%).

O herói

As conquistas de Senna, comemoradas na pista e no pódio com a bandeira do Brasil, aconteceram em um momento em que o país vivia crises econômica e ética. A inflação chegou, no início da década de 1990, a cerca de 5.000%. No dia 16 de março de 1990, o governo brasileiro, do então presidente Fernando Collor de Mello, anunciou um pacote de duras medidas econômicas, como o confisco do dinheiro depositado nas cadernetas de poupança, que viriam a mergulhar o país em uma grave recessão. Cinco dias antes doanúncio do confisco, Senna conquistava, nos EUA, sua primeira vitória na temporada. No dia 30 de dezembro de 1992, acusado de participação em uma série de esquemas de corrupção, Collor sofreu o processo de impeachment. Ayrton Senna, a esta altura tricampeão, era um exemplo de um brasileiro servia de inspiração.

O mito

A maior pesquisa já feita até hoje com pilotos para saber, na opinião deles, quem foi o maior da história foi coordenada pela revista inglesa Autosport, em 2009. Todos os 217 pilotos vivos naquela época (em atividade ou aposentados) foram consultados. Senna ficou em primeiro lugar, Schumacher em segundo, Fangio em terceiro e Prost em 4º (Fittipaldi ficou em, 12º, e Piquet em 13º). Três anos depois, em 2012, a rede de comunicação britânica BBC, em votação feita com jornalistas especializados em automobilismo, também elegeu Senna como o maior de todos os tempos, o colocando à frente de Fangio (2º), Jim Clark (3º) e Schumacher (4º). Em 2016, um estudo científico feito pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra, prometia analisar a relação de provas disputadas e vitórias conquistadas para tentar determinar quem foi o maior piloto da história. Desta vez, Senna ficou em um modesto 5º lugar, atrás, respectivamente, de Fangio, Prost, Alonso e Clark. O levantamento recebeu críticas por apresentar algumas distorções. Barrichello, por exemplo, com 11 vitórias, ficou em 39º, enquanto que Christian Fittipaldi, que não venceu na categoria, ficou em 12º no levantamento.