Moscou — Há uma semana, a França derrotava a Bélgica, na Arena São Petersburgo, graças ao gol de cabeça de um zagueiro campeão do Mundial Sub-20 de 2013, depois de uma cobrança de escanteio do atacante Griezmann, vencedor da Euro Sub-19 de 2010. Sete dias depois, a quatro horas de trem de São Petersubrgo, na vizinha Finlândia, começa a ser forjada, nesta terça-feira, contra a Ucrânia, a possível geração do tri dos novos detentores da Copa. Vencedores da edição de 2016, quando Mbappé foi vice-artilheiro com quatro gols, os Bleus encaram a Ucrânia na tentativa de retomar a taça das mãos da Inglaterra, campeã do torneio em 2017.
Prestar atenção na França, campeão mundial com a segunda seleção mais jovem na Rússia — média de idade de 26 anos —, é cada vez mais uma obrigação. O país conquistou o prêmio de melhor jogador jovem da Copa em 2014 com Paulo Pogba e neste ano com Kylian Mbappé. Portanto, nesta ressaca do Mundial da Rússia, aconselha-se dar uma espiadinha no time comandado por Bernard Diomède, um dos heróis do primeiro título mundial da França. Com passagem pelas seleções sub-17 e sub-18, ele é o responsável por liderar a nova safra.
Assim como o precoce Mbappé, pelo menos dois jogadores têm potencial para figurar entre os 23 da França na Copa do Catar. Mesmo com 20 anos, ambos estiveram sob pressão na temporada passada do futebol europeu em clubes de primeira divisão da Europa. Uma das promessas na nova França é o zagueiro Boubacar Kamara.
Neste ano, o adolescente de 18 anos do Olympique de Marselha teve de entrar em campo nas quartas de final da Liga Europa, o segundo torneio mais importante do Velho Continente. O beque é mais um imigrante de futuro. A raiz dele é a Mauritânia, uma república islâmica no noroeste da África.
Segundo jornalistas franceses que acompanhavam a final da Copa na Rússia, Kamara é um zagueiro rápido e forte fisicamente. Uma das virtudes dele é a antecipação nos desarmes. A outra é a versatilidade. O técnico do Olympique de Marselha, Rudi Garcia, detectou talento na joia para atuar no meio de campo. Na partida de ida contra o Red Bull Leipzig nas quartas de final da Liga Europa, ele formou trio de zaga com o brasileiro Luiz Gustavo e o japonês Sakai e o clube francês goleou por 5 x 2. No Campeonato Francês, deu até assistência para Sanson na vitória por 2 x 1 sobre o Amiens, pela última rodada da Ligue 1.
Outra promessa: Michael Cuisance
Outro nome que tem chamado a atenção na França é Michael Cuisance. O meia atua basicamente no setor em que Matuidi conquistou a Copa do Mundo. Aos 18 anos, joga no exterior. Defende o Borussia Monchengladbach, da Alemanha. Na temporada passada do clube alemão, ocupou a função que Griezmann fez aqui na Rússia. Era o meia centralizado no 4-2-3-1 do técnico Dieter Hecking. Disputou 26 partidas e deu uma assistência para o centroavante Matthias Ginter na vitória por 2 x 1 sobre o Hannover 96.
Cuisance tem uma perna canhota privilegiada. Chuta bem de fora da área e mostrou na última Bundesliga capacidade para deixar os companheiros na cara do gol.
França busca nono título
Potência no Mundial Sub-19, a França só tem menos títulos dos que as recordistas Espanha e Inglaterra, 10 cada uma. A França tem oito, três delas neste século. Em 2005, revelou Lloris, terceiro goleiro na história a erguer a Copa do Mundo no último domingo. Na edição de 2010, surgiu Antoine Griezmann. Finalmente, em 2016, despontou Mbappé, vice-artilheiro na conquista do título, com direito a goleada por 4 x 0 sobre a arquirrival Inglaterra.
Há vagas no time principal
Mbappé acaba de ser campeão do mundo com 19 anos e 207 dias. Praticamente a idade da maioria dos meninos da França inscritos para a Euro. O adolescente entrou para a história na Rússia como segundo jogador mais jovem a marcar numa final de Copa, atrás apenas do Rei Pelé, autor de dois na decisão de 1958 com 17 anos e 251 dias. Sinal de que as portas de Didier Deschamps estão sempre abertas para receber prodígios da base.
FÓRMULA DA JUVENTUDE
Seleções mais novas a conquistar a Copa
1970: Brasil – 25 anos e 70 dias
1950: Uruguai – 25 anos e 224 dias
1958: Brasil – 25 anos e 308 dias
2018: França – 26 anos e 11 dias
2014: Alemanha – 26 anos e 68 dias