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Campeão brasileiro do tênis de mesa adaptado embarca para o Parapan-Americano

Nádia Medeiros - Correio Braziliense

Publicação:

08/11/2011 09:06

Carlos Silva/CB
Guilherme Costa diz que os companheiros de equipe brasileiros serão os principais rivais na competição em Guadalajara

 

O manauara residente em Brasília Guilherme Costa, 19 anos, embarcou ontem para a primeira participação  Jogos Parapan-Americanos da carreira, que serão disputados em Guadalajara, de 12 a 20 deste mês. Na cidade mexicana, ele irá competir com atletas de todo o continente no tênis de mesa e, quem sabe, trazer uma medalha para casa.

Atual campeão brasileiro na classe 2 — o título foi conquistado na semana passada, em Fortaleza (CE ) —, Guilherme nem sonhava que um dia pudesse se tornar um atleta do tênis de mesa. A prioridade era até ser um esportista, mas de outra modalidade: o futebol. Flamenguista, ele começou a jogar bola ainda pequeno e tinha como maior sonho se tornar um profissional do esporte.

No entanto, foi forçado a mudar de planos. Em 6 de novembro de 2006, quando tinha apenas 14 anos, Guilherme saía do Parque da Cidade e, ao tentar atravessar a rua na faixa de pedestre, foi atingido por um carro que estava a 120km/h. O atropelamento obrigou o garoto a ficar oito meses no hospital, com os primeiros 60 dias na UTI. Guilherme teve fratura exposta, traumatismo craniano e lesão medular, passou por sete cirurgias e ainda sofreu duas paradas cardíacas.

Apesar de tudo, sobreviveu. As sequelas do acidente, no entanto, levaram a cadeira de rodas para a vida de Guilherme, que ficou tetraplégico (preservando, no entanto, alguns movimentos). Sem poder jogar futebol, ele foi apresentado ao tênis de mesa ainda no hospital, quando fazia tratamento no Sarah Kubitschek. “O primeiro contato foi péssimo. Chorei. Queria futebol, jiu-jítsu... Sempre fui muito ligado aos esportes. Mas minha mãe pediu que eu tentasse. Na primeira aula, a professora disse que eu tinha jeito para a coisa”, conta.

Porém, após um tempo jogando, Guilherme passou um ano sem pegar em uma raquete até que decidiu voltar à modalidade. “Estava ficando maluco sem praticar um esporte. Então, decidi voltar ao tênis de mesa. Treinava duas vezes por semana. E já no primeiro campeonato, na Copa do Brasil, fiquei em terceiro”, comenta. As vitórias seguintes empolgaram Guilherme. Em 2009, foi convocado para o Parapan-Americano Juvenil, quando voltou com dois ouros e uma prata. Esse foi o ponto decisivo. “Depois disso, pensei: quero ser um atleta mesmo”, diz.

Estatísticas e curiosidades

Improviso e regulamento
» Como não consegue fechar a mão direita, com a qual joga, Guilherme amarra a raquete nas mãos com uma faixa. Segundo ele, a dificuldade era grande no início, mas foi apenas questão de tempo até desenvolver a habilidade.
» Diferentemente do que ocorre na modalidade olímpica, no tênis paraolímpico o saque inicial não pode partir da lateral da mesa, mas apenas do fundo.

 

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