
Fazendo um balanço da atual temporada, Allan Vieira acabou mergulhando fundo ao passado. Avaliou com sinceridade os três anos em que defendeu o Santa Cruz. Revelou dívidas antigas e atuais do Tricolor. Por outro lado, mostrou-se mais um apaixonado pelas três cores. "Sou torcedor do Santa Cruz mesmo quando estou em outro clube", revelou.
Allan Vieira começa suas lembranças por 2015, após se destacar na Segundona pelo Tricolor. "Acho que eu arrebentei na Série B. Fui destaque, renovei contrato, mesmo com inúmeros clubes me procurando. Mas resolvi ficar no Santa Cruz. Acho que também deixei levar pela soberba. Pensei assim: 'Estou bem, ninguém vai me tirar daqui mesmo'. O sucesso subiu para minha cabeça, não escondo isso para ninguém", admite.
O lateral esquerdo começou bem 2016. Fez parte de um dos anos mais vitoriosos da história do Santa Cruz. Foi titular em praticamente todo Campeonato Pernambucano e Copa do Nordeste, competições conquistas pelo Tricolor. Vivendo o ápice da sua carreira, viu o futebol decair lentamente ao mesmo ritmo em que o clube vivia, fora de campo, graves problemas financeiros. "Tiveram inúmeras coisas que aconteceram dentro do Santa Cruz que não só abateram a mim, mas a muita gente. Vocês sabem até hoje as questões de salário que acontecem. Abateu a todo mundo. São esses dois fatos (financeiros e psicológicos) que me fizeram decair", afirmou.

"Neste ano, infelizmente, para mim, atleta profissional, joguei muito pouco. Não tive muitas oportunidades antes de voltar ao Santa Cruz, onde fui bem aproveitado pelo fato de já conhecer a casa e fiquei muito feliz em ter voltado a jogar. Queira muito ter conquistado o objetivo do acesso, de voltar à Série B, mas infelizmente não conseguimos. Mas no meu retorno fui ganhando ritmo de jogo e na reta final da Série C, eu fui bem. Fiz bons jogos, deu passes, ajudei muitos meus companheiros. Não ajudei da maneira que eu queria, que era com o acesso", avaliou.
Dívidas e silêncio
Apesar de se sentir bem no Arruda, gostar do ambiente, das pessoas que fazem o Santa Cruz, Allan Vieira afirma que duas coisas o chateiam muito no clube: as dívidas, que se estendem com ele desde 2016, e o silêncio sobre elas. "Para ser bem sincero, desde 2016 não me pagaram nada. E tem muita gente que acha que o cara não quer correr, não quer nada, o cara tem que sofrer opressão de torcedor", lamenta. "Da Série C, recebi dois meses de salários. Moradia nada, tive que tirar do meu bolso", revelou.
"Para você ter uma ideia, acabou o jogo do Operário-PR (que culminou com a eliminação na Série C), eu chateado, quando cheguei no hotel não queria falar nem com minha família, fui entrar nas redes sociais e tinha gente dizendo que eu tinha entregado o jogo. As pessoas não entendem que existem inúmeras coisas que deixam a gente chateado. Dá vontade de soltar tudo. Quem sofre está nas quatro linhas, quem está de fora sai como santo", acrescentou.
Allan Vieira afirmou que o Santa Cruz não cumpriu o acordo com o ele, negociado ao fim da Série C. "Atualmente são cerca de três salários atrasados. Me chamaram logo na primeira semana depois da eliminação. Fui conversar Fred (Gomes, ex-executivo de futebol do clube), que me prometeu uma coisa e não foi cumprido. está tudo muito parecido com 2016. Ninguém me procurou, ninguém falou nada. Pelo contrário, eu que tenho que procurar", disse.
Através do Núcleo de Gestão, o Santa Cruz confirmou que há dívidas referentes a 2016 e 2018. Em ambos os casos, o clube pretende sentar com o atleta e negociar as dívidas.
Através do Núcleo de Gestão, o Santa Cruz confirmou que há dívidas referentes a 2016 e 2018. Em ambos os casos, o clube pretende sentar com o atleta e negociar as dívidas.
Renovação e amor pelo clube
Apesar dos problemas de ordem financeira com o clube, Allan garante que gostaria de seguir no Arruda em 2019. Ele vê no Tricolor uma oportunidade para retomar o caminho que o levou ao auge na carreira. E vai além. "Tenho carinho imenso pelo clube. O Santa Cruz me colocou na vitrine, pode ter certeza que sou um torcedor e mesmo em qualquer outro clube vou sempre acompanhar o Santa", ressaltou.
"Mas tenho minha família, minha filha, esposa, meus pais que sempre ajudei e nunca vou deixar de ajudar. Às vezes, você procura as pessoas para bater um papo para tentar resolver da melhor maneira e não estão nem aí. Por isso acontece de ir à Justiça. Demora, mas acaba e um dia você pega o que trabalhou. Fico chateado é com isso, mas não descarto ficar no clube que tenho tanto afeto. Para mim, o Santa Cruz não é só um time que passei na carreira, é diferente", pontuou.
Em entrevista recente, o vice-presidente de futebol do clube, Felipe Rêgo Barros, afirmou que “Allan (Vieira) possui contrato conosco até dezembro, então, poderemos esperar para que o novo treinador chegue para que possamos iniciar as tratativas".
Em entrevista recente, o vice-presidente de futebol do clube, Felipe Rêgo Barros, afirmou que “Allan (Vieira) possui contrato conosco até dezembro, então, poderemos esperar para que o novo treinador chegue para que possamos iniciar as tratativas".