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Romário pede investigação no COB e afirma que permanência de Nuzman "contraria os interesses do esporte"
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Deputado Federal e ex-jogador, Romário (PSB-RJ) mostrou nessa terça-feira preocupação com a recondução, sexta-feira, do atual presidente Carlos Arthur Nuzman ao comando do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o que, segundo ele, contraria os interesses do país e do esporte brasileiro. E pede que a própria presidente Dilma Rousseff fiscalize o órgão.
Já há algum tempo que o deputado vem oferecendo denúncias contra Nuzman, que dirige o orgão há 17 anos, desde 1995, quando assumiu no lugar de André Richer, que tornou-se vice-presidente desde então. A eleição para a presidência do COB ainda não tem data marcada, mas tem de ser realizada até 31 de dezembro. Nuzman é candidato único e conta com total apoio para ser reeleito: 28 presidentes de confederações nacionais de esportes olímpicos já se manifestaram a favor dele, dos 30 com direito a voto.
Apenas Alaor Azevedo, da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), faz oposição ao dirigente. Eric Maleson, da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), enfrenta processo judicial e pode sofrer impeachment, o que impede a entidade de ter representante na votação. Além dos dirigentes de confederações, participam da eleição, com direito a voto, três membros natos do COB: Nuzman, seu vice, André Richer, e João Havelange.
Romário esperava fazer seu pronunciamento sobre o assunto nessa terça, no entanto não havia quorum no plenário da Câmara, com a proximidade das eleições municipais. Com isso, o artilheiro publicou o pronunciamento que faria no site da casa.
“Nos próximos dias, o sr. Carlos Arthur Nuzman poderá ser reconduzido ao cargo de Presidente do COB, que ele ocupa há nada menos que dezessete anos. E ele tem grande chance de conseguir estender por quatro anos o seu reinado: afinal de contas, é candidato único! Comandar o esporte olímpico do Brasil é, com certeza, uma missão de grande responsabilidade, ainda mais às vésperas da primeira edição dos Jogos no nosso país. Por isso, é fundamental estarmos atentos para saber se o presidente do COB está realmente comprometido com os interesses do Brasil, ou se ele atende, em primeiro lugar, o Comitê Olímpico Internacional”, diz.
O deputado questiona a presença de um dos amigos de Nuzman no COI, o irlandês Patrick Hickey, membro da executiva da organização no Comitê de Coordenação dos Jogos do Rio de Janeiro. “Todo mundo sabe da minha preocupação em garantir a todos os cidadãos acesso aos jogos da Copa do Mundo e da Olimpíada, por isso algumas informações me preocupam.”
O ex-jogador afirma que foi noticiado na Inglaterra que o Hickey concedeu a alocação dos ingressos da Irlanda para os Jogos Olímpicos de Londres a uma empresa privada que, por sua vez, criou pacotes de ingressos com hospedagem voltados para a clientela mais rica.
Romário denuncia ainda outras passagens nebulosas na carreira de Hickey. “Eu gostaria de ouvi-lo sobre casos de corrupção no meio olímpico, inclusive sobre episódios relacionados à candidatura de Salt Lake City para as Olimpíadas de Inverno em 1991, que se tornaram, posteriormente, o maior escândalo de suborno da história olímpica. Obtive a cópia de uma carta que o sr. Hickey escreveu, em 1991, para os dirigentes que comandavam a candidatura de Salt Lake City. Nessa carta “estritamente privada e confidencial”, Hickey fez algumas revelações chocantes aos seus amigos americanos. Ele disse: “Alguns membros do COI fecharam um contrato com Nagano para votar neles por uma taxa de U$ 100 mil.”
ROUBO DE DADOS Ele pede, ainda, rigor para se apurar o roubo de dados do Comitê Olímpico de Londres, lembrando que às vésperas dos Jogos Pan-Americanos Rio’2007 teria havia episódio semelhante, que culminou com a demissão de Rodrigo Hermida do Comitê Organizador do Pan. Ele solicita a intimação, para depoimento, tanto de Nuzman quanto de Rodrigo e outras testemunhas, como Renata Sampaio, uma das funcionárias do Comitê Rio’2016 demitidas no escândalo do roubo de dados.
O QUE ROMÁRIO QUESTIONA“Qual o nível de relacionamento entre Nuzman e Patrick Kickey, irlândes, membro da executiva do COI, que trabalha junto ao Comitê Organizador dos Jogos e que concedeu à empresa do filho deste os direitos na venda de ingressos para o evento?”
“Será que o sr. Hickey vai conceder direitos de venda de ingressos ao grupo que oferecer mais dinheiro?”
“Será que o sr. Carlos Arthur Nuzman, caso continue o seu reinado à frente do esporte olímpico brasileiro, vai permitir que operadores comerciais assumam o controle da venda de ingresso para os nossos Jogos?”
“Será que aqui no Brasil os ingressos para os Jogos serão objeto de luxo, e a classe média, os pobres, só poderão assistir às competições pela TV?”