Depois do bom desempenho nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, judocas brasileiros apostam todas as fichas nas próximas competições para se garantir na Olimpíada de 2012
O Brasil já é, há algum tempo, uma potência mundial no judô. Terminados os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, quando a modalidade deu show – conquistou 13 medalhas, sendo seis de ouro, três de prata e quatro de bronze –, a preocupação dos judocas brasileiros passa a ser com o ranking mundial e a classificação para os Jogos Olímpicos de Londres’2012. A data-limite para a definição das vagas é fevereiro do ano que vem. Seis atletas já estão garantidos e o Brasil tem a seu favor o fato de ser o segundo no ranking mundial masculino (atrás apenas da França) e oitavo no geral.
Entre os classificados, quatro são mulheres: a piauiense Sarah Menezes (na categoria ligeiro); a brasiliense Érika Miranda (meio-leve), atleta do Minas; a carioca Rafaela Silva (leve) e a gaúcha Mayra Aguiar (meio-pesado). Entre os homens, Leandro Guilheiro se garantiu na meio-médio. Na médio, o carioca Hugo Pessanha, do Minas, e o paulista Tiago Camilo disputam a vaga.
Algumas dessas histórias chegam a ser comoventes, como a de Érika. Ela foi a primeira judoca a se classificar para os Jogos de Pequim’2008, com a prata conquistada no Pan do Rio’2007. Mas a sorte não estava ao lado dela. Ao chegar à China, Érika recebeu a notícia mais triste da carreira: exames realizados no Brasil mostraram que ela tinha rompido o ligamento cruzado do joelho direito. Foi cortada a dois dias da estreia. “Eu só quero ter a chance de disputar minha primeira Olimpíada. Quero realizar meu sonho. Ninguém tem noção do que é ser cortada já instalada na Vila Olímpica. Lá foi muito triste e quero, caso se confirme a vaga para Londres, ter a maior alegria da minha vida, uma medalha.”
Superação Companheira de clube e amiga de Érika desde a infância, a também brasiliense Ketleyn Quadros luta contra o tempo. Primeira atleta brasileira a conquistar uma medalha individual em Olimpíada, ela corre o risco de não ter a chance de brigar pelo segundo pódio consecutivo. Ketleyn é a 24ª colocada do ranking mundial na categoria leve, com 374 pontos, e tem como desafio maior alcançar Rafaela Silva, a sétima, com 916 pontos.
Pontos preciosos “Fiquei quase dois anos sem lutar por causa de uma contusão muscular. Com isso, fiquei de fora das competições e preciso ir bem nas próximas em que conseguir entrar. Vou para o Grand Prix de Amsterdã, não com a Confederação Brasileira de Judô pagando as despesas e a inscrição, mas o meu clube, o Minas. O problema maior é que eu dependo da confederação para ter a chance de ir às sete competições que estarão contando pontos para o ranking. Se conseguir isso, tenho chance de ultrapassar a Rafaela, ainda mais porque ela terá de defender pontos. Mas acredito em mim. Não desisto nunca”, diz Ketleyn, mostrando confiança.
O Minas pode ter cinco atletas em Londres. Além de Érika, Ketleyn e Hugo Pessanha, o meio-médio mineiro Nacif Elias, 32º do ranking, ainda sonha com uma vaga, embora tenha dois concorrentes fortes à sua frente na categoria: Leandro Guilheiro, o segundo do ranking, e Flávio Canto, o 20º. O quinto é na meio-pesado, Luciano Corrêa.
A Federação Internacional de Judô (FIJ) adotou, a partir de 2010, um ranking internacional, para levar os melhores lutadores do mundo aos Jogos Olímpicos. Antes dessa regra, a vaga olímpica era definida pelo ranking de países e a escolha ficava a cargo da confederação nacional – os judocas acabavam escolhidos pelos técnicos. Agora, para a definição das colocações, as competições ganharam pontuação, segundo a ordem de importância. A Olimpíada tem a maior pontuação, seguida por Mundial, Master, Grand Slam, Grand Prix, etapas da Copa do Mundo e os torneios continentais. A chave olímpica tem 32 judocas, em cada uma das 14 categorias. Os 22 primeiros do ranking estarão classificados, mas cada país pode ter só um representante. Os outros 10 serão escolhidos e convidados pela FIJ.
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