Nos últimos oito anos, apenas Usain Bolt foi capaz de impedir uma vitória de Usain Bolt. Na final dos 100m rasos do Mundial de Daegu'2011, na Coreia do Sul, o jamaicano se desconcentrou e queimou duas vezes a largada, sendo eliminado e abrindo caminho para o compatriota Yohan Blake ficar com o ouro. Foi o único erro, em quase uma década, do maior astro do atletismo na atualidade, considerado por muitos “o maior velocista de todos os tempos.”
Os Jogos Olímpicos do Rio serão o desfecho de uma das carreiras mais brilhantes da história do esporte. Irreverente, capaz de atrair para si todas as lentes e holofotes, Usain St. Leo Bolt, de 29 anos, sabe que será novamente o centro das atenções – e quer usar isso como combustível.
O objetivo de conquistar mais três ouros nas três provas mais nobres do atletismo pela terceira vez seguida seria praticamente impossível para qualquer outro ser humano, mas para Bolt parece ser um caminho natural. Desde Pequim'2008, ele é implacável nos 100m, 200m livre e no revezamento 4x100m. À exceção da prova mais rápida na Coreia do Sul, foi medalha de ouro nos Mundiais de Roma'2009, Daegu'2011, Moscou'2013 e Pequim'2015, além dos três bicampeonatos olímpicos em Londres'2012. Detém os recordes mundiais dos 100m (9s58), 200m (19s19), ambos de 2009, e do revezamento 4x100 (36s84), ao lado da equipe jamaicana, em Londres'2012.
Nascido na pequena Trelawny, filho de donos de um pequeno mercado na zona rural, Bolt sempre viveu para o esporte, seja críquete, futebol ou atletismo. Aos 12 anos era o mais veloz da classe e passou a se dedicar às provas de velocidade no segundo grau. Em 2001, aos 15 anos e 1,96m, sequer classificou para a final do Mundial Juvenil, na Hungria. Ele começou a chamar atenção a partir do ano seguinte, quando o Mundial foi realizado na capital jamaicana, Kingston: venceu os 200m com 20s61, marca que passou a baixar constantemente nos anos seguintes.
Em 2007, no primeiro Mundial adulto de sua carreira, foi prata nos 200m, superado pelo norte-americano Tyson Gay – o último atleta a superá-lo nas maiores competições do atletismo. Dali em diante, Bolt começou a escrever uma das histórias mais vitoriosas do esporte, que deve ter um capítulo final – e, muito provavelmente, feliz – nos Jogos Olímpicos do Rio.