Nas pistas, um gênio do atletismo. Fora dela, um homem de múltiplos talentos, formado em Direito, Belas Artes, Relações Públicas e Educação Física, dominador de vários idiomas. Nascido em São Paulo, em 1927, Adhemar Ferreira da Silva é dono de uma das biografias mais nobres do esporte brasileiro: bicampeão olímpico, tricampeão pan-americano e recordista mundial nas pistas; e adido cultural do Brasil na Nigéria e até participação no cinema, no filme Orfeu Negro, de 1959 – vencedor da Palma de Ouro em Cannes.
A carreira no esporte veio ao acaso. Depois de receber algumas explicações sobre como era o salto triplo, em 1945, o jovem de 18 anos obteve a marca de 12,90m, que impressionou a todos, inclusive o técnico Dietrich Gerner, que o acompanhou durante toda a carreira. Gerner levou o atleta para o São Paulo, clube que Adhemar defendeu por uma década, antes de se transferir para o Vasco.
Em 1948, com salto de 15,03m, se classificou para os Jogos Olímpicos de Londres. Dois anos depois, começou a escrever seu nome na história do atletismo: rompeu a marca dos 16m, igualando o recorde do japonês Naoto Tajima – a marca era considerada uma barreira intransponível para os limites humanos.
Para alcançar a primeira medalha olímpica, em Helsinque'1952, quebrou duas vezes seu recorde mundial (16,12m e 16,22m). Em 1955, no Pan da Cidade do México, espantou o mundo ao saltar incríveis 16,56m – mais de 30 centímetros além do seu próprio recorde. Em Melbourne'1956, recebeu o apelido de “Canguru Brasileiro” ao conseguir o bicampeonato mundial. Em Roma'1960, despediu-se dos Jogos Olímpicos, um ano depois de alcançar o tricampeonato pan-americano.
Foi imortalizado pelo Hall da Fama do Atletismo (2012), recebeu o título de Herói de Helsinque (1993) e medalha de mérito olímpico pelo COB (2000).
Adhemar Ferreira da Silva morreu em janeiro de 2001, de parada cardíaca.