Neto de escravos, James Cleveland Owens entrou para a história do esporte ao conquistar quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim'1936 afrontando a teoria de supremacia ariana do ditador Adolf Hitler – que assistiu das tribunas do Estádio Olímpico o incrível feito do norte-americano, de 23 anos. Apesar da campanha heroica, a biografia de Owens é permeada por tristes episódios de racismo nos Estados Unidos, em tempos de segregação racial.
O apelido Jesse veio das iniciais de seu nome, JC (djeicí, na pronúncia em inglês). Sétimo dos 10 filhos de um casal de agricultores do Alabama, ele se mudou da família para Cleveland, aos nove anos. Começou a correr no high school e passou a se dedicar ao atletismo em 1930. Mesmo com os bons resultados, precisava ajudar a família trabalhando de ascensorista durante a noite.
Jesse tentou a seletiva para os Jogos de Los Angeles'1932, mas não obteve sucesso. A consagração viria quatro anos depois, logo em Berlim, epicentro do governo autoritário de Adolf Hitler, que usaria os Jogos para promover sua imagem e ideias de supremacia racial. No estádio olímpico, Owens brilhou com o ouro no revezamento 4x100, 100m, 200m livre e no salto em distância – obtendo o recorde mundial nas duas últimas. Há polêmica quanto à postura de Hitler: ele não cumprimentou Owens na pista, mas acredita-se que o ditador tenha felicitado o norte-americano nas tribunas. No entanto, não há registros dos dois juntos.
Com a paralisação dos Jogos por causa da Segunda Guerra Mundial, Owens não voltou a disputar Jogos Olímpicos. Passou a disputar provas de exibição, correndo até contra cavalos. Na década de 1950, virou embaixador do governo americano, viajando a outros países para ensinar atletismo.
James Cleveland Owens morreu aos 66 anos, em 1980, de câncer no pulmão.