Futebol Nacional

CASO BRUNO

Atletas de Sport, Náutico e Santa respondem se teriam problema em jogar com Bruno

Reportagem ouviu 32 atletas do Trio de Ferro e divulga levantamento

Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
"Você se sentiria desconfortável em ter Bruno como companheiro de equipe?" Essa pergunta foi feita a 32 atletas na tarde da última terça-feira. Jogadores de Náutico, Santa Cruz e Sport, consultados pelo Superesportes, em virtude de toda a polêmica envolvendo a contratação, por parte do Boa Esporte, do goleiro condenado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver de Eliza Samúdio. O resultado vai na contramão da reação em cadeia de patrocinadores e da fornecedora de material esportivo, que romperam com o clube mineiro após o acerto. No total, 23 jogadores responderam "não" ao questionamento. Apenas nove afirmaram "sim".

Para a realização da enquete, todos os atletas consultados tiveram a garantia de que não seriam identificados na reportagem. Parte das respostas foi colhida diretamente pelos jornalistas, enquanto outra foi obtida via assessoria de imprensa dos clubes. "Acredito que não somos nós que temos que julgar. E, no fim das contas, somos funcionários e temos que seguir as ordens de quem nos contrata. Não somos ninguém para julgar e excluir alguém", afirmou um dos atletas.

Condenado em primeira instância a 22 anos e três meses de reclusão, Bruno foi colocado em liberdade no último dia 24 de fevereiro, após habeas corpus concedido pelo ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Melo. Na atual temporada, o Boa Esporte irá enfrentar Náutico e Santa Cruz pela Série B. E pelo protocolo da CBF, caso esteja em campo, os jogadores alvirrubros e tricolores terão que cumprimentar o goleiro antes das partidas. 

"Não me sentiriam bem porque sempre que olhasse para ele iria me lembrar do que ele fez. Que é um assassino. Não ficaria à vontade de dividir o ambiente com ele", alegou um dos nove jogadores que não gostariam de ter o goleiro como companheiro de equipe. 

Dirigentes pensam diferente

Curiosamente, a opinião da maioria dos jogadores ouvidos pelo Superesportes destoa da opinião dos dirigentes. Os presidentes de Sport, Santa Cruz e Náutico garantiram que não havia - e não há - chance do goleiro vestir a camisa dos três grandes clubes de Pernambuco.
 
"Não haveria a mínima possibilidade do Santa Cruz contratar Bruno. Não tenho nada contra a promoção da ressocialização de ex-detentos, mas o caso dele é diferente por causa da crueldade do seu crime e por ele não ter pago a sua pena", pontuou o mandatário tricolor, Alírio Morais.

Opinião semelhante tem o presidente do Sport, Arnaldo Barros. "Entendemos que a postura que ele assumiu é incompatível com o que o Sport tem como valor e princípios, que é de solidariedade e paz nos estádios. A postura dele é incompatível com os princípios de humanidade por essência. Não contrataríamos."

O alvirrubro Ivan Brondi vai na mesma linha. "Eu acho que a justiça brasileira dispõe de locais próprios para abrigar infratores de determinados crimes. Eu não ficaria com ele. A minha decisão seria para não contratar. A contratação dele seria prejudicial para qualquer clube."