Denúncia
Superesportes mostra a falta de estrutura dos alojamentos dos Aflitos
Autorizado pelos jogadores que residem no local, repórter entrou na concentração alvirrubra e encontrou um cenário de completo abandono
postado em 10/06/2011 15:20 / atualizado em 10/06/2011 19:23
Falta bebedouro para armazenar a água mineral. "Tem que pegar do botijão. Quente." Falta funcionário para fazer a limpeza diária. "O rapaz faz um esforço danado. Mas é só um. E vem uma ou duas vezes por semana." Falta espaço. "São três quartos pequenos. Cada um para seis pessoas. Mas às vezes precisamos nos apertar e ficar em oito." Falta armário. "Fica tudo amontoado. Malas roupas." Falta higiene, alimentação adequada, refrigerador. Falta compromisso da diretoria do Náutico para cumprir promessas e acabar com a situação de abandono da acomodação dos jogadores da prata da casa alvirrubra.
Sobram mofo e precariedade. A reportagem do Superesportes conseguiu acesso ao alojamento dos atletas das categorias de base do Náutico. Estrategicamente relegada aos fundos da sede do clube, nos Aflitos. Longe dos olhos de quem vai a campo para cobrar resultados do próprio elenco. A equipe chegou ao local motivada por declarações de Waldemar Lemos e logo depois de o próprio treinador timbu alertar sobre a situação crítica do local, em entrevista coletiva cedida durante a manhã desta sexta-feira.
O técnico fez visita recente ao alojamento do clube e fez severas críticas. "É decepcionante. De 2009, quando eu estive aqui, para cá, nada mudou. São problemas de todos os tipos", disparou Waldemar Lemos. Minutos depois, a reportagem chegou em frente às acomodações e viu o portão escancarado. O aviso "não entre", pichado acima da entrada, foi desconsiderado após a permissão de acesso dos próprios jogadores.
Acesso
Dos primeiros degraus da escada já deu para entender o porquê das críticas do técnico alvirrubro. Paredes "pintadas" de preto-sujeira e verde-mofo. Roupas penduradas em uma corda de varal. A entrada dá logo vista ao banheiro, onde não há portas, e os jogadores são forçados a exibir a nudez. Chão molhado, resquícios de lixo. A reportagem é convidada a entrar em um dos três quartos e sente, in loco, o aperto.
Dois atletas dividindo uma cama para assistir TV (o item mais "luxuoso" do ambiente). Vários outros espremidos em beliches. "São seis pessoas em cada quarto. Mas, às vezes, ficam sete, oito", revelou o volante Helder, um dos quatro moradores do local integrados ao elenco profissional - assim como os meias Philip e Douglas Costa e o atacante Piauí.
O trio (Douglas não falou porque não estava no alojamento) foi escolhido para falar apenas por conhecer a situação há mais tempo. Mas todos os jogadores presentes deram "pitacos" e sempre confirmavam os problemas com a cabeça. Sabe a expressão "é do tempo do ronca"? Pode ser remetida ao ar-condicionado. Velho, aos pedaços, de pouca refrigeração. Roupas, malas e inúmeros outros objetos amontoados, encaixotados. "Aqui não tem armário. Prometeram, mas ainda não chegou", afirmou Helder, antes de escutar o uníssono "é verdade".
Vergonha
Quando perguntado como era a realidade no Porto, onde esteve durante todo o último Campeonato Pernambucano, Helder sorriu. "Bem diferente, né? Lá são dois atletas para cada quarto", afirmou. O meia Philip mora no local há cinco anos. Enxerga melhorias, mas apenas em termos de refeição. Admite viver em meio às dificuldades. "Era bem pior. Mas continua complicado, como você pode ver", comparou. O atacante Piauí reconhece o dever dos próprios atletas em organizar os objetos. "O treinador entrou aqui e ficou com vergonha. Pediu para a gente deixar as coisas mais limpas, ser mais organizado", revelou.
Mesmo com a responsabilidade partilhada entre os atletas, é inegável a dificuldade de, além de ser submetido a cargas de treino, ser obrigado a cumprir com os afazeres do "lar". "Temos nossos deveres, mas o clube precisa colocar mais pessoas para ajudar. E por mais vezes", avaliou.
Expulsão
A reportagem tentou apurar mais fatos do alojamento, mas acabou intimada a deixar o local, quando o supervisor de futebol do Náutico, Cid Bezerra, expulsou a equipe e convocou um segurança e o vice-presidente administrativo e financeiro, Eduardo Moraes, para forçarem a exclusão das imagens (Clique AQUI e leia a reportagem sobre as ameaças dos dirigentes).
Sobram mofo e precariedade. A reportagem do Superesportes conseguiu acesso ao alojamento dos atletas das categorias de base do Náutico. Estrategicamente relegada aos fundos da sede do clube, nos Aflitos. Longe dos olhos de quem vai a campo para cobrar resultados do próprio elenco. A equipe chegou ao local motivada por declarações de Waldemar Lemos e logo depois de o próprio treinador timbu alertar sobre a situação crítica do local, em entrevista coletiva cedida durante a manhã desta sexta-feira.
O técnico fez visita recente ao alojamento do clube e fez severas críticas. "É decepcionante. De 2009, quando eu estive aqui, para cá, nada mudou. São problemas de todos os tipos", disparou Waldemar Lemos. Minutos depois, a reportagem chegou em frente às acomodações e viu o portão escancarado. O aviso "não entre", pichado acima da entrada, foi desconsiderado após a permissão de acesso dos próprios jogadores.
Acesso
Dos primeiros degraus da escada já deu para entender o porquê das críticas do técnico alvirrubro. Paredes "pintadas" de preto-sujeira e verde-mofo. Roupas penduradas em uma corda de varal. A entrada dá logo vista ao banheiro, onde não há portas, e os jogadores são forçados a exibir a nudez. Chão molhado, resquícios de lixo. A reportagem é convidada a entrar em um dos três quartos e sente, in loco, o aperto.
Dois atletas dividindo uma cama para assistir TV (o item mais "luxuoso" do ambiente). Vários outros espremidos em beliches. "São seis pessoas em cada quarto. Mas, às vezes, ficam sete, oito", revelou o volante Helder, um dos quatro moradores do local integrados ao elenco profissional - assim como os meias Philip e Douglas Costa e o atacante Piauí.
O trio (Douglas não falou porque não estava no alojamento) foi escolhido para falar apenas por conhecer a situação há mais tempo. Mas todos os jogadores presentes deram "pitacos" e sempre confirmavam os problemas com a cabeça. Sabe a expressão "é do tempo do ronca"? Pode ser remetida ao ar-condicionado. Velho, aos pedaços, de pouca refrigeração. Roupas, malas e inúmeros outros objetos amontoados, encaixotados. "Aqui não tem armário. Prometeram, mas ainda não chegou", afirmou Helder, antes de escutar o uníssono "é verdade".
Vergonha
Quando perguntado como era a realidade no Porto, onde esteve durante todo o último Campeonato Pernambucano, Helder sorriu. "Bem diferente, né? Lá são dois atletas para cada quarto", afirmou. O meia Philip mora no local há cinco anos. Enxerga melhorias, mas apenas em termos de refeição. Admite viver em meio às dificuldades. "Era bem pior. Mas continua complicado, como você pode ver", comparou. O atacante Piauí reconhece o dever dos próprios atletas em organizar os objetos. "O treinador entrou aqui e ficou com vergonha. Pediu para a gente deixar as coisas mais limpas, ser mais organizado", revelou.
Mesmo com a responsabilidade partilhada entre os atletas, é inegável a dificuldade de, além de ser submetido a cargas de treino, ser obrigado a cumprir com os afazeres do "lar". "Temos nossos deveres, mas o clube precisa colocar mais pessoas para ajudar. E por mais vezes", avaliou.
Expulsão
A reportagem tentou apurar mais fatos do alojamento, mas acabou intimada a deixar o local, quando o supervisor de futebol do Náutico, Cid Bezerra, expulsou a equipe e convocou um segurança e o vice-presidente administrativo e financeiro, Eduardo Moraes, para forçarem a exclusão das imagens (Clique AQUI e leia a reportagem sobre as ameaças dos dirigentes).