Arquibancada
A polêmica do cadastramento das organizadas
Violência da torcida do Sport, que quebrou ônibus na 32ª rodada da Série B, reacende assunto. Escâdalo político reprimiu avanço em nível nacional
postado em 28/11/2011 11:57 / atualizado em 28/11/2011 12:59
Esse foi o cenário do último destaque negativo atribuído a uma torcida organizada no estado. Neste caso, a Jovem. O fato reabriu o debate sobre o que deve ser feito para a violência nos jogos de futebol. Autoridades e especialistas apontam o cadastramento dos filiados à essas facções como o primeiro passo. Mas por que ele ainda saiu do papel?
Ainda na Era Lula, o primeiro passo para combater a situação começou a ser dado até que tropeçou em um escândalo político. No final do ano passado, o Ministério dos Esportes iniciou um projeto para o cadrastamento dos filiados às torcidas organizadas. Nada menos do que R$ 6,2 milhões foram liberados para levantar os dados de 500 mil pessoas visando à Copa do Mundo de 2014.
A verba foi repassada ao Sindicato Nacional das Associações de Futebol (Sindafebol), gerido pelo ex-presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, sem qualquer tipo de concorrência. A alegação foi de que a entidade era “parceira ideal” e “tecnicamente capaz de gerir a execução”.
O tempo, contudo, mostrou justamente o contrário. Na prática, nada foi feito. Com isso, criou-se um imenso mal-estar ainda na gerência do ex-ministro Orlando Silva. O rompimento do vínculo, mesmo com grande repercussão nacional, só veio no começo deste mês com o novo comandante da pasta Aldo Rebelo. O imbróglio acabou com a divulgação de que o dinheiro foi devolvido integralmente ao estado.
Assim, o cadastramento das torcidas organizadas continua como um projeto. O consultor do ministério para o projeto Torcida Legal, Alexandre Limeira, informa que a entidade ainda procura uma nova saída para a maneira como será realizada a identificação das 500 mil pessoas.
“Apresentamos algumas alternativas para o ministro Aldo. Ele ainda tomando ciência não só disso, mas de outro projetos”, afirma. “O cancelamento houve porque o sindicato manifestou que não tinha condições técnicas para fazer cadastro em nível nacional. Agora, levantamos algumas possibilidades de cadastramento e algo pode até ser feito diretamente com os ministérios públicos, mas ainda não há nada definido”, acrescenta, dando uma clara amostra de que o primeiro passo ainda está longe de ser dado.